Por Matheus Garrôcho e Fernanda Vieira, G1 Centro-Oeste de Minas e MG2


Análise apontou morte do Rio Paraopeba, que foi afetado pelos rejeitos do rompimento da barragem em Brumadinho — Foto: Gaspar Nobrega/SOS Mata Atlântica

Uma análise feita por uma equipe da Fundação "SOS Mata Atlântica" nesta segunda-feira (4) confirmou que o Rio Paraopeba está morto em Pará de Minas. No sábado (2), a Fundação constatou a morte do rio a 40 km de distância do ponto de rompimento da Barragem 1 da Mina Córrego do Feijão.

De acordo com a especialista em águas e coordenadora do programa Rede das Águas da Fundação, Malu Ribeiro, dejetos decorrentes do rompimento da barragem foram encontrados a cerca de meio metro de profundidade.

Conforme o Corpo de Bombeiros em Pará de Minas, o Rio Paraopeba percorre cerca de 90 km de Brumadinho até o município.

Após tragédia de Brumadinho, Fundação decreta morte do Rio Paraopeba em Pará de Minas

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Em nota, a concessionária Águas de Pará de Minas, afirmou que continua monitorando os padrões de qualidade da água na captação do Rio Paraopeba e afirmou que não houve alteração nos parâmetros avaliados pela empresa. A concessionária afirmou, ainda, que não utilizará a água do rio até que haja uma recomendação oficial dos órgãos de controle competentes.

O G1 e o MG2 também entraram em contato com a Vale, mas não obtiveram retorno.

Além de Pará de Minas, outros municípios vão receber a visita da Fundação. A intenção é percorrer cerca de 300 km pelo Rio Paraopeba, desde Brumadinho, ao Reservatório de Três Marias.

Análises

As análises apontaram que o rio tem, atualmente, 1,9 de índice de oxigenação. Segundo o Índice de Qualidade das Águas (IQA), o mínimo para existir qualidade de vida em um ambiente aquático é 5 e o índice aceitável é 8.

A turbidez, que é o grau de atenuação que um feixe de luz sofre ao atravessar a água, também está maior do que o normal: 6,5 vezes maior, conforme Malu. A média histórica de turbidez no Rio Paraopeba varia entre 56 e 66, o encontrado nesta segunda-feira foi de 366.

O alto índice de turbidez, segundo a especialista em água, foi o motivo para o abastecimento de água de Pará de Minas, que capta água do Paraopeba, ser interrompido – o aceitável para a captação é que o índice de turbidez seja, no máximo, de 100.

“Apesar da turbidez mais elevada, o Rio tem mais correnteza e isso aumenta a oxigenação. Mas [o nível de oxigênio] ainda é insuficiente para vida aquática e [deixa a água] imprópria para uso”, afirmou ao G1.

Barreiras de Contenção

Duas das três estruturas de contenção de rejeitos anunciadas pela Vale começaram a operar na manhã desta segunda-feira. A previsão inicial dada pela Vale apontava que todas as três barreiras fossem finalizadas neste domingo (3), mas devido ao mau tempo, a montagem foi interrompida.

O G1 questionou para a especialista da "SOS Mata Atlântica" se, com a água já poluída, as barreiras de contenção cumprem seu objetivo e aguarda retorno.

Devido ao rompimento da barragem, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) expediu duas recomendações que proíbem a pesca e orientam que o Rio Paraopeba seja monitorado por órgãos ambientais no Estado, além do fornecimento de água para os animais atingidos pela lama.

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