Rio

Comandante do Exército fala em evitar ‘nova Comissão da Verdade’

Em reunião com Temer, general defende ‘garantias’ para militares no Rio
Em reunião com Temer, general defende ‘garantias’ para militares no Rio. Arquivo 06/04/2017 Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo
Em reunião com Temer, general defende ‘garantias’ para militares no Rio. Arquivo 06/04/2017 Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo

BRASÍLIA - O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, afirmou nesta segunda-feira durante a reunião dos Conselhos da República e de Defesa Nacional que os militares que atuarão na intervenção da segurança do Rio precisam de “garantias” para que não enfrentem “uma nova Comissão da Verdade”. A comissão, que funcionou entre 2012 e 2014, apurou as violações de direitos humanos ocorridas durante a Ditadura de 1964, tendo como foco principal os desaparecidos políticos.

LEIA MAIS : Relatora Laura Carneiro atesta legalidade do decreto da intervenção

Ministro do STF nega pedido do PSOL contra decreto

Entenda como funciona a intervenção no estado

A pedido de Pezão, Temer vai decretar intervenção na segurança do Rio

Saiba quem é o general que comandará a intervenção federal no Rio

Relembre as operações militares já realizadas no Estado do Rio

— Os militares precisam ter garantia para não enfrentar daqui a 30 anos uma nova Comissão da Verdade pelo que vamos enfrentar no Rio durante a intervenção — disse, segundo dois dos presentes.

Segundo quem estava na reunião, Villas Bôas mencionou isso ao destacar o risco de enfrentamento das tropas com as quadrilhas armadas da cidade, que pode provocar mortes. O general também solicitou recursos financeiros, equipamentos e até mesmo que o Planalto faça uma campanha publicitária em defesa da ação. O general avaliou que as Forças precisarão do apoio da população em um momento em que as autoridades públicas estão desacreditadas.

Na reunião, os dois conselhos aprovaram, por maioria dos votos, o apoio à intervenção. Os dois conselhos funcionam como órgãos consultivos do presidente da República para o caso e, por isso, não possuíam poder de vetar a medida. Entre os membros do Conselho de Defesa Nacional, a aprovação foi por unanimidade.

PETISTA VÊ FALTA DE DADOS

Já no o Conselho da República dois membros se abstiveram: os líderes da minoria no Senado e na Câmara, senador Humberto Costa (PT-PE) e deputado José Guimarães (PT-CE), opositores ao governo. Eles criticaram a medida e disseram que o governo não apresentou dados sobre a segurança no Rio.

— A deliberação, por maioria, foi de aprovar a intervenção. No entanto, não nos foram dadas as informações necessárias. Por exemplo: não nos deram dados sobre o crescimento da criminalidade no Rio, como é alegado, nem sobre resultados de ações anteriores em que foram utilizadas as Forças Armadas. Não tivemos ainda previsão de gastos e muito menos uma análise de planejamento sobre que resultado se espera a curto e médio prazo — afirmou Humberto Costa.

Participaram da reunião na manhã desta segunda, além do presidente Temer, os presidentes da Câmara e do Senado; os líderes do governo, da maioria e da minoria na Câmara e no Senado; os ministros da Defesa, da Justiça, da Casa Civil, da Secretaria-Geral da Presidência, da Fazenda, do Planejamento, das Relações Exteriores, da Secretaria de Governo e do Gabinete de Segurança Institucional; os comandantes da Aeronáutica, do Exército e da Marinha; além de três representantes da sociedade civil indicados para compor o Conselho da República.