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Congado

O ataque a todas as religiões. Só que não.

Sra. Isabel Gasparino

Domingo passado, logo após a Missa, ao meio dia, 50 pessoas que saíam da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, foram alvejadas com ovos e objetos. 

Na noite seguinte, na Catedral da Fé, da Igreja Universal do Reino de Deus, um grupo que fugiu em dois carros acertou dezenas de pessoas que saiam do culto. 

Na quinta-feira, às 19h30, quando os fiéis começavam a chegar para o Culto de Louvor, Palavra e Oração na Primeira Igreja Batista, uma chuva de ovos vinda dos prédios ao redor acertou a multidão, ferindo algumas pessoas, além do pânico. 

Na sexta-feira à noite, mais ovos foram lançados no público que chegava no Centro Espírita Thiago Maior, na Praça Milton Campos. Os agressores, encapuzados, fugiram correndo.  

Sábado, 10h, um grupo de jovens e crianças com quipá e tranças chega à Sinagoga, no bairro Funcionários. Num relâmpago, um carro passa e atira uma chuva de ovos. Desesperados, os jovens saíram em disparada. 

No mesmo sábado, dia 15 de maio, o Reinado Treze de Maio, sediado no bairro Concórdia, em Belo Horizonte, há 74 anos, foi vítima de um ataque, com o arremesso de ovos em seus integrantes, durante um de seus tradicionais cortejos públicos. A senhora Isabel Casimira Gasparino, Rainha Conga do Estado de Minas Gerais e das Guardas de Moçambique e Congo Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário, foi atingida. Vários outros integrantes também foram feridos. 

Destes acontecimentos, somente o último, no Reinado Treze de Maio, aconteceu de verdade.  Os outros foram inventados. E inventados apenas para perguntar sobre o sagrado. Qual deles é mais sagrado? Qual merece mais respeito, reverência, cuidado e atenção? E quem pode lutar contra estes agressores? Quem são eles? Porque não atacaram as outras religiões? E mais: de onde vem tanta ignorância? A cultura do Congado está na raiz da nossa alma; na raiz da nossa música, da nossa fé, nosso nosso sentimento de mundo. 

E qual seria o castigo ideal para os agressores? E quem seria capaz de puni-los? E punição seria o caso? Talvez a saída fosse mesmo o amor e o conhecimento. Seria mostrar para estes agressores a importância da cultura negra no Brasil e no mundo. Seria fazê-los bailar, ao sons dos tambores, até que renascesse, no fundo das suas almas, a brasilidade e negritude ali contida. E que, assim, eles se descobrissem seres humanos, como são, em algum lugar de suas imensas ignorâncias. 

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