Rio

Cultura vai ganhar cinco quadriláteros para eventos em locais públicos

Município não exigirá alvarás para quem se apresentar nos espaços
Agente da prefeitura impede a realização de ensaio programado do bloco Tambores de Olokun no Aterro do Flamengo em 22/10/2017 Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Agente da prefeitura impede a realização de ensaio programado do bloco Tambores de Olokun no Aterro do Flamengo em 22/10/2017 Foto: Leo Martins / Agência O Globo

RIO - O fim da exigência de alvarás para eventos culturais em locais públicos do Rio está próximo. Conforme noticiou nesta segunda-feira a coluna Gente Boa, do GLOBO, a secretária municipal de cultura, Nilcemar Nogueira, se reuniu com o secretário estadual da pasta, André Lazaroni, para propor a criação de quadriláteros culturais . Após a assinatura do decreto pelo prefeito Marcelo Crivella, o que acontecerá ainda esta semana, segundo Nilcemar, locais predeterminados da cidade poderão receber manifestações relacionadas à cultura sem a necessidade de autorização da prefeitura.

Os quadriláteros serão montados na Rua Álvaro Alvim (onde funciona o Rivalzinho, bar com música gratuita que foi recentemente interditado pela prefeitura), a Pedra do Sal (onde há uma roda de samba que também sofreu represália de agentes públicos), o Ponto Chic, em Padre Miguel, na Zona Oeste, e a Praça Tiradentes (que teve a sua roda de samba vetada pela Polícia Militar na última sexta-feira), além do Aterro do Flamengo, onde, no domingo, o bloco Tambores de Olokun teve seu ensaio atrasado em uma hora por conta de uma proibição de um agente da superintendência da Zona Sul.

- Até quinta-feira, eu e Lazaroni teremos uma reunião no Centro de Operações da prefeitura com representantes do comando da Polícia Militar, da Secretaria estadual de Segurança, da Secretaria municipal de Ordem Pública e da Guarda Municipal para que a gente tenha um reposicionamento de postura imediato. O Rio é rua, é importante promover a cultura urbana da cidade - afirma Nilcemar.

O músico e historiador pernambucano Alexandre Garnizé, organizador do Tambores de Olokun, disse ter recebido manifestações de solidariedade de várias partes do mundo após seu bloco ter sido proibido de ensaiar no mesmo local onde toca há 6 anos - próximo à unidade de tratamento de resíduos (URT) do Flamengo, no Aterro.

- Está na hora de acordamos e puxarmos uma pauta para discussão. É essa cidade conservadora e incoerente que queremos? - questiona Garnizé.

Em nota, a Superintendência da Zona Sul disse que o bloco não foi proibido de se apresentar no Aterro do Flamengo. E que o órgão solicitou apenas a mudança do local do ensaio para 100 metros adiante, dentro do próprio parque, para atender ao pedido do Grupo de Protetoras dos Gatos do Parque do Flamengo. Segundo os protetores, o som dos tambores pode causar estresse aos animais.

- Nos reuniremos na tarde desta terça-feira com as partes envolvidas para tentarmos chegar a um consenso - afirma Marcelo Mayald, superintendente da Zona Sul.