Por G1


Antunes Filho, em foto de 2008 — Foto: Patrícia Santos/ Estadão Conteúdo

Morreu na noite desta quinta-feira (2) o diretor de teatro José Alves Antunes Filho, mais conhecido como Antunes Filho, considerado pela crítica especializada um dos principais nomes do teatro brasileiro.

Leia algumas frases em entrevistas:

"O ator é uno. E é um estrangeiro também, está sempre trabalhando nos seus limites. Tudo o que se faz no CPT [Centro de Pesquisa Teatral]com os exercícios e as técnicas busca a totalidade da relação fisiológica, imagética e, lá na frente, espiritual do ator" (Rede Globo, 2013)

"Macunaíma inaugurou um modo de ver teatro no Brasil, uma perspectiva, uma linha de fuga do teatro que se fazia, que eu fazia. Sua importância vai desde a construção do espetáculo, colaborativa já naquela época, até o revolver do mito do herói sem caráter brasileiro" (Rede Globo, 2013)

"Cheguei à conclusão de que não tem imaginação sem técnica, não tem o verdadeiro sentimento sem técnica, não tem instinto. Quando se usa a projeção de voz, você se usa o sentimento, mas a ansiedade. A projeção leva o ator a ser estereotipado. Estou querendo dar essa contribuição para a cultura teatral brasileira e acho que estou conseguindo. É uma maneira de falar aqui que não se fala lugar em nenhum." (Revista "Época")

"Porque eu vejo a tragédia, eu vejo o desperdício que está havendo nesse país, eu vejo tanto talento em desperdício, as pessoas levam às vezes... Uma pessoa começa a fazer teatro, é até interessante, nós temos que apoiar essa pessoa... A melhor maneira de você apoiar a pessoa é você dizer a verdade, então isso provoca desafeto. Eu quando vejo, por exemplo, grandes diretores que estavam surgindo aqui, muitos estão se perdendo e muitos se perderam, por quê? Porque a crítica, desculpe, badalou demais indevidamente." (Programa "Roda Viva", da TV Cultura, em 1999)

"Então o que eu acho importante é o ator, eu acho que ele tem que ser jogador sempre, ele nunca fica tomado pelo papel, não é macumba, não é nada para ele ficar tomado. Mas o que ele tem que saber, então, primeiro? Ele tem que ter uma ética extraordinária, ele não faz a obra para ele, ele faz a obra para comunidade, é uma coisa de confraternização, ele tem que fazer vendo a programação da personagem e passar a emoção da personagem e não a emoção dele sufocada ali como ator que está querendo fazer à força as coisas, nada é feito... Quando eu quero usar a força no teatro, é construção, eu não vou usar a força burra, é uma força... É feito um “Hulk” mesmo, e é isso que dá esse tom de bestialidade ao teatro, é isso que dá, e é por isso que eu não gosto de ir ao teatro, e é por isso que eu não gosto, ou, senão, ou senão vai para o designer..." (Programa "Roda Viva", da TV Cultura, em 1999)

"Eu odeio a ideia de envelhecer. Porque a missão do teatro não é só formar o público. É formar consciência também. Consciência de que este país anda em direções contrárias nas suas ambições culturais: financiando iniciativas culturais ao mesmo tempo em que despreza a educação de sua população. O ator e o diretor estão no palco para doar, e esse é o manto sagrado da criatividade. É preciso mostrar para essa gente quem é Lima Barreto porque a dramaturgia da TV é imediatista, busca audiência e presta um desserviço à cultura" (Jornal "O Globo", 2010)

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