Política

O cunhado: o discreto operador que pode atrapalhar os planos de Alckmin

O cunhado: o discreto operador que pode atrapalhar os planos de Alckmin

A trajetória controversa do empresário Adhemar Ribeiro, cunhado do governador de São Paulo, suspeito de intermediar caixa dois em campanhas tucanas

THIAGO HERDY
15/03/2018 - 17h44 - Atualizado 21/05/2018 15h58
O empresário Adhemar Ribeiro, cunhado de Geraldo Alckmin, no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo. Ele é suspeito de intermediar caixa dois em campanhas tucanas (Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo)

Há pouco mais de 20 anos, Fernando Henrique Cardoso esteve em Sumaré, no interior de São Paulo, para inaugurar a primeira fábrica de veículos da Honda no Brasil. Era outubro de 1997. O tucano presidia o país, conseguira aprovar recentemente a emenda que permitia sua reeleição e intensificava a agenda eleitoral. FHC dividiu as fotos e os discursos com o correligionário Mario Covas, governador de São Paulo. Tratava-se de um evento típico de pré-campanha. A presença da dupla conferia prestígio à montadora, mas também a ambos, que tirariam dividendos eleitorais de um ato que anunciaria grande geração de empregos.

Havia uma presença discreta no evento: o empresário paulistano Adhemar César Ribeiro, naquele momento com 56 anos, irmão da mulher de Geraldo Alckmin. O tucano casou-se em 1979 com Maria Lúcia Guimarães Ribeiro, conhecida por dona Lu. Em 1997, ele já era vice-governador de São Paulo, dando início a uma trajetória política que só viria aumentar sua projeção nacional.

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Dentro do partido e entre parte do empresariado nacional, Adhemar Ribeiro era mais conhecido como arrecadador informal de campanha de FHC. Ele não estava como espectador na inauguração em Sumaré. Estava a trabalho. Pouco antes, ele pedira à Honda dinheiro para a campanha de Fernando Henrique. Em contrapartida, a empresa pedira que FHC participasse da inauguração da fábrica. Ao lado de Ribeiro estava seu futuro sócio e amigo, Henrique Saraiva.

Era claramente uma relação de troca — um quid pro quo questionável moral e legalmente. “Adhemar era uma figuraça”, disse Saraiva por telefone a ÉPOCA, com a ternura das velhas amizades. Ele acompanhou o episódio Honda de perto. Apesar de confirmar os fatos, tentou minimizar a gravidade da situação. “Na época, ele (Ribeiro) deixou claro que aquilo não era negociação ou troca. Você quer isso, eu quero aquilo. Se você quer fazer, faz. Mas não era uma coisa vinculada com a outra”, disse Saraiva.

Ao fim da cerimônia de inauguração, um diretor da Honda, acompanhado por assistentes, abordou Saraiva e Ribeiro. Queria agradecer o encontro. Um assistente entregou um envelope parrudo a Saraiva. “Abri, vi que tinha R$ 50 mil lá dentro. Agradeci muito, ficamos com aquele dinheiro para a campanha. Peguei o envelope e entreguei para o Adhemar. Não sei como ele descascou esse abacaxi”, disse Saraiva, para quem a doação foi feita “na maior pureza”. “Era um pessoal muito simpático”, lembrou, sobre a equipe da Honda. Não há registro na Justiça Eleitoral sobre os R$ 50 mil da Honda à segunda campanha presidencial de fhc. Pela atualização monetária, os R$ 50 mil de 1997 equivalem a R$ 232 mil de hoje.

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Transações em dinheiro vivo, por definição, são difíceis de rastrear. Torna-se quase impossível saber a verdadeira origem dos recursos, assim como descobrir o beneficiário final, aquele que gastou o butim. Por isso envelopes parrudos são comuns em campanhas eleitorais. Protegem quem dá e protegem quem recebe, escondendo a relação de troca entre políticos e empresários. Mascaram também a origem do dinheiro; não se sabe se ele é legal ou ilegal. São operações que permanecem nas sombras. O termo “caixa dois” não expressa a verdadeira natureza criminosa dos financiamentos clandestinos de campanhas eleitorais. Muito menos o eufemismo “recursos não contabilizados”.

Nos 20 anos que se seguiram à segunda campanha presidencial de FHC, Ribeiro ficou na dele. A ascensão política de Alckmin — de vice a governador, de governador a candidato a presidente, de governador novamente a novamente pré-candidato a presidente — não alterou sua discrição. Nem, aparentemente, sua relação com envelopes pardos destinados ao PSDB. Há um ano, quando o nome de Ribeiro apareceu na delação da Odebrecht como o homem que intermediava dinheiro vivo entre a empreiteira e a campanha de Alckmin ao governo de São Paulo em 2010, poucos o conheciam. Poucos ainda o conhecem — e sabem o risco que ele representa às pretensões presidenciais de Alckmin. Há um inquérito aberto no Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra o governador de São Paulo e seu cunhado. Tramita em sigilo.

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Nas últimas seis semanas, ÉPOCA investigou as incursões de Ribeiro no submundo da arrecadação de campanhas. Levantou, por meio de documentos e testemunhas, seu patrimônio, processos antigos, os negócios de suas empresas e episódios controversos de sua vida. Ao todo, 78 pessoas foram entrevistadas. As evidências obtidas pela reportagem corroboram a suspeita de que Ribeiro atuou como arrecadador informal de campanhas do PSDB. Revelam que, apesar de ter feito fortuna como banqueiro e empresário, ele mantém, por meio de sua família, negócios sob influência direta da gestão Alckmin no estado de São Paulo, como a concessão para a exploração de cinco aeroportos regionais — contratos assinados mediante uma licitação com indícios consistentes de favorecimento ilegal ao filho do cunhado. Ou seja, ao sobrinho do governador. A investigação aponta também que, mesmo contando com um patrimônio que inclui salas comerciais, uma mansão situada em área de 2.300 metros quadrados no Morumbi, uma fazenda centenária com centenas de cabeças de gado em Santa Rita do Passa Quatro, São Paulo, um casa em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, e um barco avaliado em US$ 400 mil, Ribeiro deve à cidade de São Paulo R$ 1,15 milhão em IPTUs atrasados.

Pai de três filhos (a caçula morreu num acidente automobilístico), o cunhado de Alckmin formou-se em jornalismo e em economia. Nunca exerceu o jornalismo, mas prosperou no setor bancário. Fez carreira no Banco das Nações, fundado por seu sogro, o ex-senador da Arena Paulo Abreu (1912-1991). A relação familiar foi capital para sua ascensão no banco. Transferiu-se para o Bamerindus quando este comprou parte do banco do sogro, nos anos 1980. Àquela altura, sua irmã já estava casada com Geraldo Alckmin. Começava ali a relação de profunda confiança entre os dois. Foi Ribeiro quem apresentou Alckmin à elite paulistana. No fim dos anos 1990, a família vendeu os ativos restantes do Nações ao Bradesco. De lá para cá, Ribeiro, a mulher e os filhos se alternaram no quadro societário de quase três dezenas de empresas de áreas diversas, que agora passam sob o escrutínio da Lava Jato. Há firmas agropecuárias, de investimentos, de reciclagem de material metálico, de estacionamentos, de gestão de imóveis e de assessoria. A última iniciativa aberta pela família é uma organizadora de espaço de escritórios de trabalho colaborativo em prédio da Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, o mesmo onde ele recebeu pagamentos em dinheiro vivo para a campanha de Alckmin em 2010, segundo os delatores da Odebrecht.

Em 1998, na primeira campanha em que há registro da participação de Ribeiro como arrecadador, a atuação dele não se resumiu à captação dos R$ 50 mil da Honda. O nome do cunhado de Alckmin está em planilhas que tratavam da contabilidade — oficial e clandestina — da campanha de fhc em 1998. O documento é conhecido; a presença de Ribeiro nele, não. A planilha foi obtida pelo Ministério Público dois anos depois da eleição. Em 1998, Alckmin também disputava a reeleição, mas como candidato a vice-governador de São Paulo em chapa liderada por Mario Covas. O documento lista quase cinco centenas de empresas que foram procuradas por uma restrita rede de colaboradores de fhc, rede que incluía o cunhado de Alckmin. Nele, lê-se que 162 empresas doaram R$ 53,1 milhões à campanha, o que equivale hoje a R$ 238 milhões. Em 2000, a Folha de S.Paulo constatou que R$ 10,2 milhões (ou cerca de R$ 45 milhões corrigidos) não foram declarados. Eram caixa dois.

A planilha identificava os arrecadadores de fhc por meio de siglas. A atribuída ao cunhado de Alckmin: aa. O documento conferiu ao executivo uma atuação que resultou em 13% do que foi levantado no pleito, o índice mais alto entre os colaboradores. Estão incluídos nessa conta R$ 600 mil obtidos por ele via caixa dois: R$ 300 mil pagos pela Constran — uma das maiores construtoras paulistanas — e outros R$ 300 mil atribuídos à Sadia — naquele momento o segundo maior grupo produtor de alimentos do país.
 

Uma planilha da campanha de FHC em 1998 identificava o cunhado de Alckmin como o principal arrecadador informal dos tucanos naquele ano
FHC e o então governador de São Paulo, Mario Covas, inauguraram  em 1997 uma fábrica da Honda em Sumaré,  no interior do estado. O cunhado recebeu R$ 50 mil em espécie após o evento (Foto: Luiz Carlos Santos/Agência O Globo)

Ao cunhado foi atribuída a missão de procurar especialmente representantes de bancos, daí o peso de sua colaboração no resultado final. Ao lado da sigla aa estão os nomes de bancos como Itaú, Bradesco, Real (que seria vendido ao Santander), bba e Fator, entre outros. Há ainda menções pontuais a empresas de outras áreas, como eletrodomésticos (Brasmotor, que controlava Brastemp e Consul), siderurgia (Gerdau) e entidades representativas, como a Fenabrave, que reúne distribuidores de veículos do Brasil. Cada linha trazia o nome de um executivo que foi procurado por Ribeiro.

Na última semana, Luiz Fernando Furlan, que era dirigente da Sadia em 1998, disse a época ter conhecido Ribeiro no fim dos anos 1970, quando militavam na Associação dos Empresários da Amazônia, entidade que reunia boa parte do pib paulistano com investimentos na Região Norte. “Ele estava na Associação, eu também. Foi aí que conheci o Adhemarzinho. Faz muitos anos que não o vejo”, disse Furlan, alegando não saber se foi ele mesmo o intermediário da doação para a campanha. “Você está voltando no tempo. Tenho, por hábito, contribuir politicamente. Com muita franqueza, não me lembro de detalhes. Uma vez fiz contribuição ajudando com carro e motorista. Antigamente era diferente. Depois veio uma legislação mais restrita.” O contato de Ribeiro na Constran, mencionado no documento, é Olacyr de Moraes, que morreu em 2015.

Quando as planilhas vieram a público, o coordenador financeiro das campanhas de fhc em 1994 e 1998, Luiz Carlos Bresser-Pereira, então sem o hífen que adotou entre os sobrenomes, assumiu a responsabilidade pelas contas. Negou ter deixado de declarar valores, apesar de alguns empresários terem confirmado pagamentos por fora. Na ocasião, deu a entender que algumas de suas anotações sobre a campanha poderiam ter sido apropriadas por terceiros — e disse não ser o autor da planilha.

No fim de fevereiro, a época, Bresser-Pereira manteve a negativa sobre a autoria do documento. No entanto, confirmou a participação de Ribeiro na arrecadação, “um pequeno banqueiro, pessoa de boa qualidade”. “Ele ajudou em alguma coisa, a fazer contato com uma ou outra pessoa. É uma pessoa muito simpática, muito amável (risos). É isso o que posso dizer.” O ex-ministro da Fazenda informou não saber especificar o que motivou a participação do cunhado. Afirmou ignorar o parentesco com Alckmin. “Ele era um homem interessado em política, percebi isso claramente. Estava muito interessado em eleger Fernando Henrique, como eu estava, então ele achou que podia ajudar.”

A maior parte dos 12 executivos contatados pela reportagem preferiu não se manifestar sobre o caso ou disse não se lembrar da doação, nem da participação do cunhado. Alguns dos citados já faleceram. “O Itaú deve ter feito contribuição, mas não lembro como se deu”, disse o presidente do Conselho de Administração do banco, Roberto Setubal, mencionado no documento. Fernão Bracher, naquele período executivo do bba, não sabe se Ribeiro o procurou; Jorge Gerdau diz não conhecê-lo. Lázaro Brandão, do Bradesco, não quis se manifestar.

Há uma exceção. Sérgio Antonio Reze, que era presidente da Fenabrave, disse não ter ciência das contribuições feitas pela entidade naquela campanha. Mas confirmou conhecer Ribeiro. “Me relacionei com ele, mas não tenho lembrança de ter tratado de assunto de campanha. É uma pessoa pública, do meio empresarial. Conheço-o como uma pessoa de bem, há muitos anos”, disse.

Colega de Ribeiro na função de arrecadar recursos para fhc, o advogado Ary Oswaldo Mattos Filho contou como funcionava o trabalho. “Contatavam as pessoas que gostariam de dar contribuição. Uma vez manifestado o interesse mínimo, qualquer arrecadador dava o nome ao professor Luiz Carlos (Bresser-Pereira)”, disse. Segundo ele, cabia ao coordenador verificar se a vontade de colaborar se mantinha. “A gente não sabia quanto o cara, de fato, doava. Nossa função era de coroinha na missa; a gente não tomava o vinho nem comia a hóstia.”

Em registro de novembro de 2000 em seus Diários da Presidência, fhc anotou confiar na negativa de Bresser-Pereira a respeito da autoria da planilha. Mas admitiu ser possível tratar-se de “anotações de campanha” e que “algum empresário” não quisesse ter declarado contribuições, o que para ele seria minoria. Nesta quarta-feira, fhc disse a época se lembrar de Ribeiro como “pessoa de posses e considerada correta”, que “trabalhou em um banco”. “Nunca tomei conhecimento de que houvesse arrecadado para campanha minha, até porque jamais cuidei de finanças”, afirmou. A Honda informou desconhecer o pagamento à campanha do tucano.

Adhemar Ribeiro não foi investigado no episódio das planilhas de fhc. Em pouco tempo, o então procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, nomeado pelo tucano, aprovou parecer que pediu o arquivamento do caso.

Nos primeiros meses de 2010, num escritório de propriedade de seu cunhado, na Avenida Nove de Julho, em São Paulo, Alckmin recebeu o engenheiro Carlos Alberto Paschoal. O tucano tinha acabado de deixar a Secretaria de Desenvolvimento Econômico da gestão Serra para se candidatar ao governo de São Paulo. À frente da regional paulista da Odebrecht entre 2008 e 2011, é de Paschoal — mais conhecido como cap — o relato que colocou Alckmin na lista de investigados pelo STJ.

O executivo contou aos procuradores da Lava Jato ter sido convidado por um conselheiro da Odebrecht, Aloísio Araújo, a acompanhá-lo numa visita ao tucano. Ao chegar, Araújo pediu a Paschoal que esperasse um pouco na antessala de Alckmin. O conselheiro tinha um assunto particular para tratar com o candidato. “Passou uns 15 minutos, fui convidado a entrar. Doutor Alckmin gosta de contar piada, histórias. Percebi que os dois eram muito próximos mesmo”, afirmou Paschoal em vídeo gravado pelos procuradores.

Executivo antigo da empreiteira baiana, Araújo tratou, então, de falar sobre a necessidade de a Odebrecht apoiar um candidato como Alckmin, “sujeito muito interessante, com muitos valores”. Foi a deixa para o tucano pedir à secretária um cartão com os contatos da pessoa com quem deveriam ser tratados os assuntos discutidos naquela reunião: Adhemar César Ribeiro, o irmão de Maria Lúcia Ribeiro e seu homem de confiança, com quem convivia havia pelo menos 30 anos, desde quando se conheceram em Pindamonhangaba, cidade onde Alckmin nasceu e iniciou a vida pública.

No caminho de volta à sede da Odebrecht, Paschoal ouviu a recomendação de Araújo: sugeria que fosse feita uma contribuição de R$ 2 milhões a Alckmin, o dobro do que estava planejado para seu concorrente direto, Aloizio Mercadante, do pt. “Embora ele fosse conselheiro, a palavra final era do Benedicto Júnior”, contou Paschoal, numa referência ao diretor da área de investimentos em infraestrutura da Odebrecht. Em depoimento, Benedicto confirmou o relato de seu subordinado. Aprovada a contribuição, aquele seria o maior pagamento ilegal de campanha que Paschoal coordenaria nas eleições de 2010.

O funcionamento do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht — o famoso departamento de propinas — seguia um rito ao qual todos na empresa estavam acostumados: líderes empresariais procuravam um funcionário do setor e definiam um codinome para identificar determinado pagamento ilegal. Tudo era registrado nos sistemas de informática da empresa. Agora obtidos pelo Ministério Público, são dados a corroborar o que dizem os executivos. Alçam a delação da Odebrecht a um novo patamar: ninguém poderá reclamar por estar sendo processado apenas com base na palavra de delator.
 

Alckmin e a mulher, Maria Lúcia, uma união de 39 anos. O governador e o cunhado mantêm relação de confiança há décadas (Foto: Maria Lúcia)

O codinome escolhido para a operação envolvendo Alckmin foi “Belém”. Paschoal contou a amigos ter sido uma escolha aleatória. Não se sentia à vontade para repetir o comportamento de colegas de repartição, que levaram a brincadeira ao limite (alguns dos apelidos escolhidos para políticos: Todo Feio, Boca Mole, Decrépito). Nos dias seguintes, o executivo contatou Ribeiro em seu escritório na Avenida Faria Lima. “O Adhemar não gostava de telefone. Era uma pessoa desconfiada”, lembrou Paschoal. “Desconfiada, não, vamos dizer cuidadosa. Tinha de ir lá para conversar. Pessoalmente. Era chegar e, mal terminava o café, você já estava saindo. Era só para combinar a senha e o dia (do pagamento de cada parcela)”, completou. De fato, até os dias de hoje Ribeiro não só evita o telefone, como utiliza um aparelho antigo, sem as conveniências (e inconveniências) dos modelos digitais atuais.

Segundo o relato de Paschoal, de maio a outubro daquele ano, R$ 2 milhões foram pagos em parcelas de R$ 100 mil ou R$ 200 mil. A cada pagamento, o Setor de Operações Estruturadas definia uma senha para a entrega. Em cada episódio, o executivo visitava o cunhado de Alckmin e lhe informava a senha do próximo pagamento. “O dinheiro foi entregue diretamente ao Adhemar. O que era no escritório dele, ele recebia. Em envelope”, contou. A maioria das entregas de dinheiro, segundo os delatores da Odebrecht, aconteceu no escritório de Ribeiro.

Na última terça-feira, época perguntou a Alckmin se o relato de Paschoal era verdadeiro. “Nunca tive cartão nenhum, de cunhado nenhum. É um conjunto, aí, de aleivosias”, disse, negando que o encontro relatado em seu escritório tenha acontecido. “Eu recebo muita gente, aliás, permanentemente. Não me lembro de nenhum encontro”, completou. Perguntado se Ribeiro foi um arrecadador para suas campanhas, respondeu secamente: “Não”.

As revelações da delação da Odebrecht não impediram a família de Ribeiro de buscar — e conseguir — negócios com o governo de São Paulo. O filho do meio, Othon Ribeiro, de 50 anos, é o representante legal do Voa São Paulo, consórcio vencedor no ano passado da concessão de cinco aeroportos no interior do estado. 

O governo construiu um pacote atraente. Incluiu o direito de explorar por 30 anos áreas que, somadas, equivalem a 340 campos de futebol, com autonomia para exploração de serviços como hotéis, estacionamentos, restaurantes, bancos e lojas. O pacote também permite lucrar com o aluguel de hangares, cursos de piloto, fornecimento de combustível e manutenção de aeronaves, além de recolhimento de tarifas pagas por 70 mil passageiros e donos de aeronaves.

Um estudo da agência que regula os serviços de transporte no estado estimava, em 2015, uma receita de R$ 720 milhões nos 30 anos de concessão, num cenário em que 40% desse valor (R$ 288 milhões) seriam gastos com manutenção e outros 13% (R$ 96 milhões) em investimentos acordados com o governo. As duas joias da concessão são os aeroportos Comandante Rolim Adolfo Amaro, em Jundiaí, e Campo dos Amarais, em Campinas, localizados em regiões ricas. Os outros três aeroportos são menores. O movimento no de Itanhaém, por exemplo, é atribuído ao dolce far niente das horas vagas do jogador Neymar, que tem casa na região.

A licitação só se encerrou no segundo semestre do ano passado. O consórcio que venceu a disputa é formado por cinco empresas, entre as quais a mpe Engenharia, acusada na Lava Jato de participar do cartel que controlava licitações na Petrobras e obras do metrô de São Paulo. Dono de hangares no aeroporto de Jundiaí desde 2013, o filho de Ribeiro sempre demonstrou interesse em cuidar dos aeroportos, conforme registros de consultas públicas feitas no início do processo. Mas, segundo ele, teria ficado por aí. Em um primeiro e-mail enviado à reportagem, buscou se distanciar, dizendo ter sido convidado pelo consórcio depois da formação do grupo e de sua vitória na licitação, por ser “piloto com mais de 30 anos de experiência na aviação”.

Othon Ribeiro contou uma história pela metade. época buscou na agência reguladora dos transportes no estado — a Artesp — as gravações das reuniões para abertura de envelopes. As imagens mostram o filho de Ribeiro presente nos encontros, sempre na companhia de integrantes do consórcio vencedor. O sobrinho de Alckmin toma o cuidado de não assinar a obrigatória lista de presença como representante do consórcio Voa São Paulo, mas, sim, como Grupo Nações, da família César Ribeiro. 

Há ainda mais controvérsias em torno da licitação. Uma primeira tentativa de concessão das unidades foi abortada em 2016, graças à inesperada intervenção de uma jovem auxiliar administrativa de 32 anos. Ela trabalha em uma corretora de seguros sem qualquer relação com aeroportos. Trata-se de Camila Rodrigues Guimarães, que vive com o pai em uma casa de três cômodos e tijolo aparente em Vila Nivi, na Zona Norte de São Paulo. 

Quando foi lançado o primeiro edital, duas empresas entregaram envelopes: a gwi Real Estate, ligada a investidores sul-coreanos, e a paulistana Gran Petro, especializada na comercialização de combustível para aviação executiva. A gwi apresentou documentos incompletos e foi inabilitada. Parecia certo que a Gran Petro ganharia a licitação — foi a única a entregar os papéis para seguir na disputa. O resultado só não foi sacramentado na sessão de abertura de envelopes, em 26 de julho daquele ano, porque a comissão pediu alguns dias para buscar informações complementares sobre a garantia apresentada pela Gran Petro. É uma situação comum em licitações do tipo. 

Três dias depois, chegou à comissão um pedido de “suspensão urgente” da concorrência, endereçado originalmente ao diretor-geral da Artesp, Giovanni Pengue Filho. Redigido em vocabulário técnico, o documento de 14 páginas questionava a licitação. Era assinado pela jovem Camila Rodrigues. Nos dias seguintes, a comissão desconsideraria a maior parte dos argumentos propostos pela auxiliar administrativa. Menos um. O edital previa a entrega de três envelopes. O representante da Gran Petro entregou cada um dos três arquivos distintos, em formato pdf, como previsto. Mas gravados em um só pen drive. O documento assinado por Rodrigues reclamava da “entrega irregular de envelopes”. Cada arquivo precisava ser apresentado num dispositivo separado. A comissão concordou. Representantes da Gran Petro se indignaram. Lembraram, em recurso, que o próprio edital previa a possibilidade de sanar “eventuais falhas na entrega”. E que não havia qualquer exigência impondo a individualização de pen drives ou cds, e sim dos arquivos. Não adiantou. A licitação foi cancelada. Quando o governo paulista reabriu o processo, havia um novo concorrente na praça: o consórcio representado por Othon, filho de Ribeiro — consórcio que levaria o contrato.

O que executivos da Gran Petro não sabiam é que Rodrigues, responsável pelo pedido de suspensão da licitação, não era apenas uma “cidadã” motivada pelo “interesse público e a eficiência”, como registrado no documento levado à Artesp. Ela é irmã de Alexandre Rodrigues, há 18 anos funcionário de confiança da família de Ribeiro. A jovem disse a época não saber do que tratavam os papéis que assinou. “Quem pediu foi meu irmão, mas não lembro o motivo, nem que papel era direito”, contou. “Acho que tem alguma coisa a ver com o Othon. Liga para meu irmão que ele te explica direitinho.”

Depois da conversa de época com Rodrigues, a assessoria de Othon Ribeiro entrou em contato para apresentar novos esclarecimentos sobre sua participação no contrato. De acordo com eles, o sobrinho de Alckmin “foi contratado como consultor para orientar o projeto”. E por isso “acompanhou e participou na defesa de questões junto a Artesp”. Othon admitiu ter pedido à irmã de seu funcionário que apresentasse a contestação.
 

O presidente da Agência de Transportes do Estado de São Paulo, Giovanni Pengue, supervisionou a licitação que acabou vencida pelo sobrinho do governador (Foto: Newton Menezes/Futura Press)

“Tínhamos interesse em participar, não havia tempo hábil para o consórcio entrar. (Usar terceiros para contestar a licitação) foi uma estratégia de confidencialidade”, declarou. Othon afirmou nunca ter utilizado da “proximidade familiar com o governador para obter vantagens” e alegou respeitar todos os trâmites exigidos pelo poder público. Ele disse apostar no projeto porque acredita no Brasil. “Eu sou empresário, não posso trabalhar? Não posso ser executivo porque sou parente do governador?”, questionou.

O presidente da agência paulista de transportes, Giovanni Pengue, disse que o cancelamento da primeira licitação não se deu por um “detalhe irrelevante” e teve “o objetivo de garantir a transparência e a igualdade de condições entre os concorrentes”. Afirmou que a Procuradoria-Geral do Estado também opinou pela inabilitação da Gran Petro e lembrou que, na segunda licitação, o consórcio vencedor apresentou uma proposta melhor. Pengue é político do grupo de Saulo de Castro, secretário de governo de Alckmin e considerado o quadro mais influente e próximo do governador. Castro é um dos principais articuladores da campanha do tucano ao Planalto.

Época perguntou a Alckmin, por meio de sua assessoria, se o sobrinho não deveria ter se mantido distante de contratos sob influência de seu governo. O governador não respondeu. Em nota, disse que a licitação foi conduzida “dentro do que determina a lei, com garantia de equidade e transparência”, sendo declarado vencedor “o concorrente que apresentou a melhor proposta”.

Apesar do bom contrato com o governo de São Paulo, os últimos anos foram difíceis para Ribeiro. Apareceu na delação da Odebrecht; teve prejuízos nos negócios, especialmente no aluguel de imóveis, principal fonte de renda da família; e sofreu um terrível assalto em sua mansão no Morumbi, na capital paulista. Desde então, busca tranquilidade. Está ainda mais recluso. Divide-se entre temporadas com a família na fazenda em Santa Rita do Passa Quatro e na casa de Angra dos Reis, comprada há pouco mais de oito anos. Para se capitalizar, tenta vender a fazenda por R$ 12 milhões. Quer se distanciar de memórias difíceis e se desfazer da mansão no Morumbi. Pede R$ 17 milhões.

Ribeiro e a mulher planejam viver em um apartamento menor e conseguir “voltar a dormir à noite”. A insônia deve-se ao trauma vivido na madrugada de 15 de novembro de 2016. Ele estava sozinho quando a casa foi invadida por sete assaltantes encapuzados, vestindo jaquetas, calças jeans e tênis. Em depoimento à polícia, contou ter sido “brutalmente acordado” com o barulho de chutes na porta de seu quarto, que acabou sendo aberta com o impacto das batidas. O assaltante deu-lhe um soco no peito antes que Ribeiro se levantasse. Ao tentar se soerguer, levou outra pancada no estômago. “Tem mais alguém na casa?”, perguntou o bandido, segundo o relato de Ribeiro. Ele respondeu haver uma funcionária dormindo na construção anexa, nos fundos da casa. O assaltante mandou que fosse acordá-la. Com uma arma apontada para sua cabeça, contou tê-la chamado para fora do quarto. Ao abrir a porta, foi rendida pelo criminoso.

Os dois foram levados de volta para a casa principal. No caminho, observou que havia mais três assaltantes encapuzados e armados em seu jardim, onde um vigia também fora rendido. Já no quarto, teve as mãos amarradas para trás com lacres de plástico. Os criminosos só perguntavam “onde estava o cofre”. Ribeiro respondeu que havia um no armário, onde a mulher guardava as joias, mas que não sabia o segredo, porque era dela. Com um pé de cabra, os criminosos arrombaram o cofre em 15 minutos. Na fronha de um dos travesseiros do quarto, guardaram joias e relógios das marcas Rollex, Bvlgari, Chopard e Dior, além de uma coleção com 12 relógios da marca Swatch.

Enquanto isso, os demais assaltantes vasculhavam os outros cômodos da casa. Consideraram o cofre pequeno e perguntaram onde estavam os “cofres de verdade”. Ribeiro disse que havia mais um na casa, aberto mediante uma ficha codificada que ficava em sua carteira. Com a casa de cabeça para baixo, o cunhado não encontrou o documento. O segundo cofre foi arrombado. Lá recolheram, segundo ele, poucas centenas de reais, dois passaportes com alguns dólares no interior e um revólver calibre .38.

“Ameaçado a todo momento de ser morto ali mesmo”, Ribeiro foi levado do quarto para a sala, na companhia da funcionária. Perguntaram por garrafas de uísque. Ele apontou um armário onde estavam algumas. Levaram o que havia. “Eles não conheciam a rotina da casa nem sabiam com objetividade o que iriam subtrair”, registrou Ribeiro em seu depoimento, prestado no dia seguinte ao assalto.

Depois de mais de uma hora de terror, ele foi levado para a copa da casa. Os criminosos foram em direção à porta, onde os aguardava um utilitário Mercedes-Benz glk 300. Um vigia da rua anotou a placa: eqn-5445. Antes de sair, os bandidos pegaram um conjunto de bandeja com bules de prata de lei. Fugiram sem que fossem incomodados. Pelo balanço informado à polícia, levaram ainda 24 bolsas da marca Chanel, duas malas Louis Vuitton, alianças de brilhante, joias com pedras de rubi, vermelhas, e esmeralda, verdes, brincos de brilhante e ouro, colares de pérolas e um de brilhante. O registro da placa do Mercedes era a única pista dos criminosos.

Para aqueles que conheciam o papel desempenhado por Ribeiro nas campanhas de fhc e de Alckmin, a primeira impressão ao saber do assalto à mansão do Morumbi foi de que se tratava de um crime encomendado, com conotação política. Alguns supunham que Ribeiro guardava muito dinheiro em casa, em razão de suas atividades paralelas na política.

A polícia de São Paulo agiu rápido. A primeira providência foi intimar para depor o dono do carro com a placa registrada. Ele provou que havia comprado o veículo em uma concessionária e que não o havia retirado da garagem na noite do crime. Investigadores concluíram que sua placa havia sido clonada. Em seguida, os policiais conseguiram localizar, por meio da rede de radares de São Paulo, o Mercedes do assalto a Ribeiro. Rodava pela cidade sempre na companhia de mais dois veículos. Todos com placas clonadas. E tinham sido roubados nos meses anteriores, no mesmo bairro.

Ao identificar a área de circulação, a polícia localizou os veículos. Condutores e passageiros conseguiram fugir. No interior do carro, investigadores encontraram utensílios prateados e um cabo de madeira de bule. E o celular de Marcos Vinicius Marchetti, que morava a 5 metros de caminhada dali. Jovem de classe média, morador de uma confortável casa com a família no Butantã e ex-estudante de Direito, ele se tornava o principal suspeito do assalto.

O cunhado não precisou ir à delegacia reconhecer os objetos. O delegado enviou a ele imagens por e-mail. “Prezado dr. Ronaldo. Estou aqui com minha mulher, Maria Paula, que informa que as tampas são iguais às do jogo de bules. São três bules e um açucareiro de prata de lei portuguesa”, escreveu Ribeiro. “Aquele bule sem tampa com certeza é idêntico àquele que foi levado, porém, pertence ao jogo de uso diário cuja tampinha ao lado direito pertence ao potinho onde se guardam os envelopes de adoçante.”

Ao interrogar os donos dos carros roubados, uma das vítimas reconheceu Marchetti, por foto, como o homem armado que a abordou quando saía de um hospital com a mãe, no Morumbi, e, apontando-lhes uma arma, determinou que entregassem a chave do carro — semanas antes ao assalto à casa do cunhado do governador. Em 22 de novembro, apenas uma semana depois do assalto, a polícia pedia a prisão preventiva de Marchetti.

Em endereços ligados a ele, a polícia apreendeu 13 bolsas de marcas como Louis Vuitton, Victor Hugo, Gucci e Salvatore Ferragamo, além de coleções de relógios, joias e abotoaduras. Joias também foram localizadas no endereço de um vendedor de ouro, indicado por um conhecido do alvo. A polícia constatou que boa parte do material havia sido roubada em outras ações.

Nove dias depois do assalto, um exame pericial no Mercedes usado no assalto a Ribeiro identificou a impressão digital de Marchetti no veículo. Com digital identificada em outro carro, um amigo do principal suspeito do crime, Rafael dos Santos, de 29 anos, também foi localizado pela polícia. Ele negou ter participado do assalto à casa do cunhado do governador. E contou que o amigo, antes de fugir, teria lhe confessado a participação no crime. “Ele me disse que o caso era um b.o.”, disse em depoimento, mencionando a gíria que vem da sigla “boletim de ocorrência”, que significa algo que deu errado. Para a polícia, era a confirmação de que não se tratava de um crime com fundo político. 

Santos lembrou no depoimento que o caso passou na tv. E que, quando a polícia quase prendeu Marchetti, ele sabia que era por conta do assalto ao cunhado do governador. Em ação paralela que investigava um assalto à casa do cônsul de Angola, dez dias antes, a polícia chegou à casa de Wellington Aparecido Pascoal, de 59 anos, que em depoimento confessou ter participado do assalto com Marchetti. Com ele, foram encontrados mais objetos roubados na casa de Ribeiro, segundo investigadores.
 

Imagens internas da Agência de Transportes do Estado de São Paulo revelam que Othon Ribeiro, sobrinho de Alckmin (em pé, à esquerda), representou a empresa vencedora na licitação para os aeroportos do estado (Foto: Reprodução)

Em 28 de novembro, a mulher do empresário, Maria Paula, foi à delegacia para verificar os itens apreendidos durante as ações policiais daqueles dias. Reconheceu uma bolsa da marca Louis Vuitton e outra da marca Victor Hugo como suas. Levou-as para casa. O relatório final da Polícia Civil com a conclusão da investigação foi entregue à Justiça em 2 de dezembro, bem antes dos 30 dias previstos para inquérito policial. Além de Marchetti, a polícia indiciou Santos, um receptador de ouro e um quarto suspeito de também receptar material roubado, identificado no celular de Marchetti.

Foragido, ele só seria preso em abril de 2017. O Ministério Público declinou da acusação contra outros investigados e citados pela Polícia Civil como envolvidos no crime por considerar que os “elementos de prova” se apresentavam “insuficientes para embasar solução condenatória”. Em outras palavras, foi possível identificar a relação deles com os veículos, mas não com o assalto à casa de Ribeiro. Marchetti era o único processado pelo assalto dos cofres do cunhado do governador. Pelo fato de o Ministério Público ter apresentado denúncia com conduta única para os três acusados, o juiz Helio Narvaez, da Oitava Vara Criminal da Barra Funda, entendeu no último mês que Marchetti também deveria ser absolvido. Ele continua preso, em razão de outros processos a que responde.

Há poucas semanas, em 28 de fevereiro, Ribeiro, hoje um senhor de 77 anos, dirigiu-se para o Complexo Judiciário da Barra Funda. Usava gel no cabelo, vestia mocassins com detalhes em prata e camisa social para dentro da calça. No bolso, uma clássica caneta executiva. Ele chegou no limite do horário marcado para a audiência que julgaria os acusados de participar do assalto no Morumbi. Passou pela fila expressa do aparelho de raios x.

Dentro do prédio, recebeu a informação de que a audiência fora cancelada. Não perguntou o motivo e caminhou em direção à saída. Estava ali apenas para atender à intimação que recebera em casa, informando que deveria testemunhar mais uma vez. época o abordou. Com voz grave, ele avisou: “Não quero falar com você. Me desculpe, mas agradeço”. Lembrado de que seria uma oportunidade para se manifestar pela primeira vez sobre a acusação de ser operador financeiro do psdb, ele não se alterou: “Não vou falar, me desculpe”. Permaneceu em silêncio quando questionado sobre o patrimônio que construiu no mesmo período em que atuava para levantar recursos em campanhas. E também quando questionado se essa posição poderia ser interpretada como sinal de que os delatores não mentem. “Você, me desculpe. Respeito muito a sua profissão, eu também sou jornalista. Mas não quero falar.”

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