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Por Guilherme Renke — Rio de Janeiro

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A árvore da oliveira (Olea europaea) é nativa da região do Mediterrâneo e é cultivada ao redor do mundo. Os frutos da oliveira fornecem o óleo de oliva, componente essencial da dieta do Mediterrâneo, conhecido por estar associado com resultados positivos na saúde cardiovascular e na saúde geral do organismo. Tradicionalmente, as folhas de oliva eram utilizadas na medicina popular para melhorar as condições de saúde intestinal, cardiovascular e da pele.

Estudos recentes têm demonstrado os efeitos benéficos do óleo de oliva na saúde geral são advindos de dois principais componentes fenólicos, conhecidos como oleuropeína e hidroxitirosol. A oleuropeína é um dos principais constituintes das folhas da oliveira, com grande potencial antioxidante, apresentando diversas propriedades benéficas para a saúde.

Metabolismo ósseo relacionado com exercício físico

A perda óssea pode estar relacionada também com a prática esportiva. A tríade da mulher atleta, é uma síndrome que reúne distúrbios alimentares, disfunções menstruais e osteoporose. Essa tríade está relacionada a altas taxas de lesões, principalmente fraturas, em função da perda de massa óssea bem como osteoporose a longo prazo. A maior suscetibilidade à osteoporose acontece, principalmente, quando a mulher atleta gasta mais energia do que consome e não tem acompanhamento médico e nutricional adequado. Esta condição pode fazer com que o organismo reduza drasticamente a produção do estrogênio responsável pelo fortalecimento dos ossos, o estrogênio aumenta a atividade de osteoblastos, células responsáveis por aumentar a produção de ossos. Desta forma, a falta do hormônio pode levar à osteoporose.

Fratura por estresse no esporte, como ocorre a reparação?

O processo de reparação de fraturas envolve fatores locais e sistêmicos. O primeiro fator local presente no momento da fratura é o sangramento das extremidades ósseas fraturadas. O sangue que acumula e preenche todo o espaço ao redor das superfícies fraturadas formando um coágulo. Com a ativação da cascata de coagulação, desencadeia-se o início da resposta inflamatória sistêmica aguda, com a invasão de células inflamatórias em todas as partes moles vizinhas. Inicia-se, então, a formação do tecido de granulação no coágulo, que logo é preenchido por células mesenquimais. Assim que tem início a formação de cartilagem no local do hematoma, ocorre a proliferação das células periosteais na região das extremidades fraturadas. As células mesenquimais da região central, então, começam a se diferenciar em matriz cartilaginosa extracelular, formando o calo cartilaginoso, que é gradativamente trocado por tecido ósseo por via endocondral.

Oleuropeína ajuda na recuperação óssea — Foto: iStock

Como a oleuropeína poderia ajudar no recuperação óssea?

Estudos recentes demonstraram que oleuropeína e o hidroxitirosol foram capazes de aumentar a deposição de íons cálcio em células MC3T3-E1 osteoblásticas e inibir a formação de osteoclastos. Além disso, estudos realizados onde o efeito da oleuropeína foi investigado na diferenciação de células-tronco mesenquimais isoladas da medula óssea humana, que são as células progenitoras para osteoblastos e adipócitos. Nestes estudos, foi demonstrado que a oleuropeína foi capaz de inibir a diferenciação destas celulas em adipócitos e contribuiu para o aumento do processo de diferenciação em osteoblastos.

Como avaliar a qualidade óssea em atletas?

Uns dos métodos de escolha na avaliação óssea em atletas é a ultrassonografia de falanges pode avaliar a qualidade óssea de atletas e ajudar no diagnóstico precoce de deficiências nutricionais e hormonais. Dentre todos os tecidos do corpo humano o osso é o único que é formado por uma matriz mesenquimal proteica de colágeno, denominada verdadeira, que sofre a impregnação dos nutrientes, formando a matriz inorgânica, denominada secudária.

A matriz mesenquimal proteica é formada por 90% de colágeno tipo I que, até os 20 anos de idade, incorpora 70-80% do teor proteico. Por sua vez, a matriz inorganica, matriz secundaria, completa o pico de massa ossea mais tardiamente, em torno dos 40 anos. O osso possui um metabolismo intenso e mostra as nossas carências se avaliado pelo médico do esporte.

Diante de uma formação estrutural adequada, os sinais iniciais de deteriorização, perda de colágeno ósseo, nas metáfises das falanges (nos dedos das mãos) são detectadas por volta de 25-30 anos, precedendo em três a quatro décadas as perdas que acometem a coluna e o quadril. Variações na densidade mineral e no grau de ligação cruzada entre fibras do colágeno afetam a função dos ossos. Se o osso for muito rígido, será incapaz de deformar e a energia imposta pela carga será liberada na forma de falha estrutural, inicialmente sob a forma de microfraturas e posteriormente soba de fraturas completas, algo por sinal muito comum em atletas com overtraining por exemplo. A força tensil ou resistência à fratura é resultado da disposição espacial da tripla-hélice do colágeno tipo I. As ligações cruzadas mantêm as hélices unidas; ao diminuir o número das ligações, a habilidade de absorver um choque físico fica reduzida.

Por isso, recomenda-se sempre que atletas amadores ou profisisonais tenham o acompanhamento do médico do esporte para o diagnostico precoce, prevenir eventuais deficiencias e potencializar o rendimento nos treinamentos.

Referências:
1) García-Villalba R, Larrosa M, Possemiers S, Tomás-Barberán FA, Espín JC. Bioavailability of phenolics from an oleuropein-rich olive (Olea europaea) leaf extract and its acute effect on plasma antioxidant status: comparison between pre- and postmenopausal women. Eur J Nutr. 2014 Jun;53(4):1015-27. doi: 10.1007/s00394-013-0604-9. Epub 2013 Oct 26.
2) Clewell AE, Béres E, Vértesi A, Glávits R, Hirka G, Endres JR, Murbach TS and Szakonyiné IP, 2016. A comprehensive toxicological safety assessment of an extract of Olea Europaea L. leaves (BonoliveTM). International Journal of Toxicology, 35, 208-221.
3) Covas M, Ruiz-Gutierrez V, De La Torre R, Kafatos A, Lamuela-Ravento ́s RM,Osada J, Owen RW, Visioli F. Minor Components of Olive Oil: Evidence to Date of Health Benefits in HumansOctober 2006: (II)S20 –S30.
4) Buckland G, Gonzalez CA. The role of olive oil in disease prevention: a focus on the recent epidemiological evidence from cohort studies and dietary intervention trials. Br J Nutr. 2015 Apr;113 Suppl 2:S94-101. doi: 10.1017/S0007114514003936.

*As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com.

Médico pela Universidade Estácio de Sá, com pós-graduação em Cardiologia pelo Instituto Nacional de Cardiologia INCL RJ e Endocrinologia pela IPEMED. Membro da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, Membro do American College of Sports Medicine, Membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Membro do Departamento de Ergometria e Reabilitação da SBC.