SEU DINHEIRO VALE MAIS

Por Fabiano Moraes, Especial G1 SC


Educação Financeira é ensina em escolas de Florianópoli — Foto: Reprodução

No Centro Educacional Menino Jesus, localizado em Florianópolis, as crianças do Infantil e do Fundamental planejam a compra do lanche na cantina, conferem o troco recebido e guardam as moedas em cofrinhos. Na sala de aula, as professoras usam uma moeda fictícia para explicar a importância de gerir bem o dinheiro. A partir do Fundamental 2, os alunos já têm educação financeira nas aulas de matemática.

Quem detalha o projeto educacional é o professor Ângelo Ricardo Ferreira, 40 anos, de Florianópolis. Professor de matemática e pai de duas filhas, Alice, seis anos, e Arthur, dois, ele é uma espécie de divulgador e defensor da importância de ensinar o valor do dinheiro aos pequenos desde cedo.

"A educação financeira é essencial para se ter uma vida tranquila e segura. Hoje, educar financeiramente não é somente para investidores. Passou a ser vital para todas as famílias que procuram decidir como estabilizar seu orçamento, adquirir um carro ou imóvel próprio, pagar a escola dos filhos, viajar ou poupar para o futuro".

Professor Ângelo Ricardo Ferreira — Foto: Arquivo pessoal

"Para os mais jovens, desenvolve competências e habilidades necessárias para lidar com as decisões financeiras que eles tomarão ao longo da vida. Além de ter acesso a todo conhecimento cognitivo, devem estar preparados para enfrentar o mundo financeiro de uma forma racional. De nada adianta ser bem-sucedido profissionalmente e não ter uma vida financeira saudável e equilibrada" explica o professor.

A iniciativa da escola ainda é uma raridade entre as instituições de ensino fundamental no Brasil, e serve como uma antecipação ao processo de homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). De acordo com a nova norma, o ensino de educação financeira passará a ser obrigatório e as escolas terão até o ano de 2020 para a implementação.

Para o professor, a mudança é muito bem-vinda, pois falta no Brasil uma preocupação de preparar a nova geração para ter escolhas mais conscientes e sustentáveis do ponto de vista financeiro. Se em cultura como a norte-americana as crianças são orientadas e incentivadas a saber o valor do dinheiro - a “brincadeira” de vender limonada na porta de casa é um bom exemplo -, por aqui a nossa negligência em relação ao assunto tem, segundo ele, origem na história da formação econômica do nosso país.

"Acho que a resposta está na palavra inflação. Foram anos e anos de inflação alta, hiperinflação que o brasileiro acabou incorporando ao seu dia a dia. E a única forma de lidar com ela era gastar todo o dinheiro, o mais rápido possível, para evitar que ele perdesse valor. Poupar dinheiro, portanto, não é um hábito do povo brasileiro, nem mesmo daqueles com renda mais elevada" pondera Ângelo.

"Que cada vez mais escolas possam incluir a educação financeira na grade curricular de ensino sem precisar da obrigatoriedade da nova Base Curricular. A economia - e o bolso dos futuros adultos - do Brasil só tem a ganhar com isso", finaliza.

MEC entregou, na tarde de terça (3), a última versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do ensino médio ao Conselho Nacional de Educação (CNE) — Foto: Reprodução/Facebook

Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

A Base é um conjunto de normas que define o conjunto de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica no Brasil e deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino e também as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio do país.

De acordo com o estudo final, que contou com a participação do Banco Central (BC) na elaboração, o assunto será abordado como um tema transversal, principalmente nas disciplinas de Matemática e Ciências da Natureza, para crianças do ensino fundamental.

A Base Nacional cita as áreas de conhecimento obrigatórias, mas cada Estados e municípios decidirá como os temas entrarão na grade curricular.

A expectativa é que o tema seja implantando o quanto antes e no país todo. A Base Nacional Curricular (BNCC) do ensino médio foi entregue pelo MEC na terça-feira (3).

Segundo professores consultados, na disciplina de Língua Portuguesa, por exemplo, será incluída a interpretação de boletos e faturas. Assuntos como juros e financiamentos serão abordados na disciplina de Matemática.

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