Política

Braço da OMS sobre exame de Bolsonaro: 'Vírus não respeita raça, cor ou pessoas poderosas'

Diretor de entidade desejou recuperação rápida ao presidente
Desde o início da pandemia, Bolsonaro tem ignorado as recomendações de isolamento e distanciamento social Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Desde o início da pandemia, Bolsonaro tem ignorado as recomendações de isolamento e distanciamento social Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

SÃO PAULO — A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) desejou ao presidente Jair Bolsonaro uma rápida recuperação após o presidente ter afirmado que testou positivo para o vírus nesta terça-feira. Para Marcos Espinal, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis e Análise de Saúde da entidade, entretanto, o contágio do presidente só reforça a imprevisibilidade do vírus e a necessidade de reforçar as medidas de mitigação de sua transmissão, como o distanciamento social e o uso de máscaras.

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— Acabamos de saber que o presidente teve resultado positivo. Se isso for confirmado, a OPAS deseja uma rápida recuperação ao presidente Bolsonaro. É importante que todos se recuperem rapidamente. Mas a mensagem que isso envia é que esse vírus é imprevisível, não respeita raça, cor, pessoas poderosas, não importa a segurança que rodeia qualquer presidente — disse Espinal.

O diretor da OPAS lembrou que outros chefes de governo, como o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, já foram infectados pelo novo coronavírus.

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Bolsonaro disse em entrevista coletiva no Palácio da Alvorada na manhã desta terça-feira que realizou o teste na segunda-feira após apresentar febre e mal-estar. De acordo com o presidente, ele irá continuar despachando por videoconferência. Bolsonaro também cancelou agendas externas para evitar o contágio.

— Todo mundo sabia que mais cedo ou mais tarde ia atingir uma parte considerável da população. Eu, por exemplo, se não tivesse feito o exame, não saberia do resultado. E ele acabou de dar positivo — disse.

O presidente afirmou estar tomando hidroxicloroquina, o polêmico medicamento usado no país para o tratamento da doença, embora não exista confirmação de sua eficácia.

Para o diretor da OPAS, Marcos Espinal, entretanto, o mais importante para o Brasil neste momento é que as recomendações de segurança feita pelos órgãos de saúde continuem a ser implantadas e fortalecidas.

— Distanciamento social funciona, o uso de máscaras, lavar as mãos, todo o pacote de medidas de mitigação funcionam — afirmou Espinal, que completou: —  Independentemente do presidente ser afetado, que o país continue a fortalecer as medidas. Esse é um exemplo de que não estamos controlando o vírus completamente. E desejamos, de novo, uma rápida recuperação ao presidente.

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