Por Daniel Médici e Gabriela Sarmento*, G1 SP


Lista que circula na internet ataca calouros da Faculdade de Direito da USP

Lista que circula na internet ataca calouros da Faculdade de Direito da USP

Alunos da Faculdade de Direito da USP denunciaram, em redes sociais, uma planilha feita por integrantes do Centro Acadêmico da instituição que catalogava os calouros de acordo com suas posições políticas e ideológicas.

O coletivo apontado como responsável pelo documento pediu desculpas em mensagem também divulgada no Facebook.

A planilha divulgada contém os perfis de cada calouro no Facebook e um “mapeamento” com base em suas postagens, curtidas e páginas que a pessoa segue. Algumas das entradas têm também comentários como “liberal de merda” e “maconheiro de esquerda”, além da religião de alguns, como “judeu”.

A maioria dos comentários registram páginas de políticos seguidas pelos estudantes, como as de Fernando Haddad e João Doria, além de páginas políticas com viés satírico.

Os comentários também apontam posições apolíticas dos perfis. Em um deles, aparece o comentário “só curte página de programa de TV”, e, em outro, “futebol europeu”.

Planilha atribuída a coletivo da Faculdade de Direito da USP cataloga perfil político de calouros com base em perfil do Facebook — Foto: Reprodução/Twitter

Pedido de desculpas

Em uma mensagem no Facebook, um estudante que se diz integrante do Coletivo Contraponto assumiu que a planilha foi montada pelo grupo. No texto, o coletivo afirma que o monitoramento é feito para pensar “em formas de diálogo com cada estudante para agregar cada vez mais gente para o nosso projeto político, sendo os pontos que por vezes destacamos relevantes para nosso contato”.

A nota também pede desculpas pelos comentários “despolitizados e de cunho jocoso” contidos no documento. Os integrantes do grupo se dizem “envergonhados, arrependidos e profundamente desconfortáveis”, segundo o comunicado.

O Contraponto é um dos coletivos que participam da atual gestão do Centro Acadêmico XI de Agosto, a entidade que representa institucionalmente os estudantes da faculdade. A nota ressalta que o Levante, outro integrante da chapa, não teve participação na planilha.

“Os comentários (...) são de extrema gravidade por reforçar estereótipos e preconceitos”, diz a nota, na qual o coletivo se compromete “a não repetir tal postura”.

Resposta da faculdade

Em nota, a Faculdade de Direito da USP afirma que, apesar de que “tais fatos não estariam a ocorrer no ambiente físico da faculdade, mas nas redes sociais”, a instituição repudia o ocorrido. Apesar disso, a São Francisco diz “não caber às instâncias de direção da Faculdade coibir a atuação dos seus alunos, professores ou colaboradores no âmbito privado”.

“A Faculdade de Direito rejeita veementemente qualquer tipo de preconceitos, segregações, intolerâncias ou classificações desabonadoras, a membros da comunidade ou em detrimento de quem for”, diz o comunicado.

“A disputa política, o debate e o processo de convencimento acadêmico são práticas saudáveis e incentivadas”, afirma a nota, “mas devem ser baseadas na tolerância, na universalidade e não na construção de guetos e estigmas”.

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