Política Sergio Moro

Moro diz que não impôs indicação ao STF ao ser convidado para o Ministério da Justiça

Ministro diz que ficou 'honrado' com o convite, mas que só vai pensar nele se acontecer
BSB - Brasília - Brasil - 08/05/2019 - Ministro da Justiça, Sérgio Moro na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado.
Foto: Jorge William / Agência O Globo Foto: Jorge William / Agência O Globo
BSB - Brasília - Brasil - 08/05/2019 - Ministro da Justiça, Sérgio Moro na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. Foto: Jorge William / Agência O Globo Foto: Jorge William / Agência O Globo

CURITIBA - O ministro da Justiça, Sergio Moro , disse nesta segunda-feira que não impôs a indicação ao Supremo Tribunal Federal ( STF ) como condição para assumir o Ministério da Justiça. Em Curitiba, onde participou de uma palestra sobre Direito Empresarial, ele declarou que ficou "honrado" com a promessa feita no fim de semana pelo presidente Jair Bolsonaro , de que vai levá-lo ao STF quando uma vaga abrir.

— Quando fui convidado, em novembro, o que aconteceu? Cheguei ao presidente e falei: "Olha, presidente, minha ideia é juntar os dois ministérios, Justiça e Segurança Pública, e ser firme em relação à corrupção, crime organizado e crime violento". E aquela ideia de preservar o legado da Lava-Jato. Havia e há muitos inimigos desses avanços anti-corrupção — declarou Moro.

LEIA : Bolsonaro coloca Moro em 'sabatina permanente' , dizem cientistas políticos

Ao ser questionado sobre o que achou do convite de Bolsonaro, Moro afirmou que vai pensar nisso "quando surgir a vaga":

— Fico honrado com o que o presidente falou. Mas, assim, não tem a vaga no momento. Quando surgir a vaga, vai se avaliar. O presidente vai avaliar se vai manter o convite, eu vou avaliar se vou aceitar, se for feito. Não é uma coisa que hoje se encontra na minha mente.

O ex-juiz da Lava-Jato declarou que, neste momento, seu trabalho e "fazer um bom trabalho" dentro do ministério.

Mudança no Coaf

Moro minimizou a ida do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Justiça para o Ministério da Economia. Segundo ele, sua preocupação é que temas complexos da Economia, como a definição da taxa de juros, por exemplo, tomem a energia do ministério a ponto de deixar o Coaf sem atenção:

— Mas, se quiserem tirar o Coaf, que tirem —, disse.

Na semana passada, a comissão especial da Câmara que analisa a reforma administrativa do governo Bolsonaro autorizou a transferência do Coaf. A votação foi vista por analistas políticos como uma derrota para Moro, que defendia que o órgão ficasse dentro da estrutura de combate à corrupção do ministério.

Ao longo da palestra, Moro falou sobre a importância de se criar um banco de DNA de criminosos perigosos.  Segundo ele, houve uma "resistência" de governos anteriores de adotarem a tecnologia.

— O banco de perfis genéticos é uma moderna impressão digital. Ele serviria para elucidar crimes violentos ou sexuais, a partir de dados cruzados. A lei que criou esse banco existe no Brasil há anos e temos 30 mil registros de DNA, enquanto os Estados Unidos têm 12 milhões e o Reino Unido tem 6 milhões.