• Thiago Baltazar
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Claudia Raia (Foto: Adriano Damas (Styling: Juliano e Zuel. Beleza: Ale de Souza))

Claudia Raia (Foto: Adriano Damas (Styling: Juliano e Zuel. Beleza: Ale de Souza))

Há mais de três décadas desfilando pela Beija-Flor, Claudia Raia terá um desafio especial em 2019. Ela representará a sedução no aniversário de 70 anos da escola, cujo tema será a própria tragetória da agremiação. "Sedução tem a ver com um olho no olho, com envolver a pessoa numa ideia que você acredita. Não é algo apenas no campo sexual, sabe?", diz a atriz à Marie Claire nos momentos finais antes do Carnaval. "Acho que tem muito a ver com inteligência emocional".

Claudia cruzará a Sapucaí ao lado do marido, Jarbas Homem de Mello, no carro "Ratos e urubus, larguem minha fantasia", relembrando  o enredo de Joãozinho Trinta que causou polêmica em 1989 com o Cristo Mendigo. Nesta entrevista, ela fala sobre sua fantasia, a relação com a escola e conta como se prepara antes do desfile. "Eu me alimento bem, me hidrato. Tento não exagerar durante o dia para deixar minha energia canalizada ali para aquela entrega do desfile. Tem uma concentração".

Marie Claire: Você irá representar a sedução no desfile deste ano enquanto o Jarbas irá representar o poder. O que a sedução significa para você?
Claudia Raia:
Sedução é um momento, e, talvez, por isso, é que ela é tão instigante. Ninguém é sedutor 100% do tempo, graças a Deus (risos). Até porque fica fake. O mais gostoso da sedução é quando ela vem naturalmente, sem ser forçada. Seduzir é você destacar o que você tem de melhor, é querer mostrar isso para o outro. E, assim, não adianta seduzir, conquistar e deixar de lado. Esse jogo da sedução tem seguir na vida, na criação de momentos especiais, na quebra da rotina da vida a dois. Sedução é a cereja do bolo.

MC: Você acha que sedução é uma espécie de poder? Se sim, você considera ter esse poder?
CR:
Ah, não deixa de ser, né? Você usa sua sedução quando quer algo, fato! Pensando assim, é quase como se você ativasse um superpoder (risos). Sim, eu tenho. Mas acho importante dizer que sedução não é só aquela imagem de morder lábios e olhar fatal. Não mesmo. Aliás, essa eu acho até boba. Sedução tem a ver com uma boa comunicação, com um olho no olho, com envolver a pessoa numa ideia que você acredita. Não é algo apenas no campo sexual, sabe? Não, mesmo! Como produtora, eu jogo uma ideia para os patrocinadores e quero seduzi-los para entrar nos projetos comigo. Acho que a sedução tem muito a ver com inteligência emocional. E eu tenho sim.

MC: Sua fantasia de sedução será sexy? Pode adiantar algum detalhe sobre seu look?
CR:
Não tenho como adiantar, mas ela está uma loucura essa fantasia (risos). Foi pensada nos mínimos detalhes, e eu fiquei bem entusiasmada com o resultado final. Não vejo a hora de desfilar com ela na avenida.

Claudia Raia (Foto: Adriano Damas (Styling: Juliano e Zuel. Beleza: Ale de Souza))

Claudia Raia (Foto: Adriano Damas (Styling: Juliano e Zuel. Beleza: Ale de Souza))


MC: Há mais de 30 anos desfilando no Carnaval você ainda se surpreende quando entra na Avenida? Sente aquele friozinho na barriga?
CR:
Sempre! É uma energia que é difícil explicar. É muito emocionante. E cada ano é um frio diferente na barriga. Nunca é a mesma coisa. É uma mistura de adrenalina com emoção, com encantamento. Difícil colocar em palavras. Eu acompanho a luta da comunidade para fazer o desfile acontecer, com comprometimento deles, é muito suor até chegar ali. E, quando entra na Avenida, estão todos defendendo com unhas e dentes a escola. É lindo de ver. Impossível não ter frio na barriga.

MC: Você tem algum ritual de concentração ou meditação antes de entrar na avenida?
CR:
Eu me alimento bem, me hidrato no dia. Tento não exagerar durante o dia para deixar minha energia canalizada ali para aquela entrega do desfile. Tem uma concentração. Acredito muito em energia e a Sapucaí é uma explosão de energia. Fico focada, conectada com a comunidade, com nosso samba-enredo e com a história que vamos contar na Avenida.

MC: Já chegou a pensar em usar o período de Carnaval para descansar longe da folia?
CR:
Tenho uma relação de amor com a escola. Eles são praticamente uma extensão da família. Me sinto muito amada e acolhida por toda a comunidade. A Beija-Flor não é uma escola de famosos, ela é uma escola de quem veste a camisa dela, sabe?! É da comunidade, das pessoas que batalham para fazer o desfile mais lindo. E ser acolhida por eles, isso é muito maravilhoso. Me sinto honrada. Desfilo na Beija-Flor desde 1985. É minha escola do coração e, se depender de mim, chego aos 100 na avenida com eles (risos). Posso descansar em outro momento.

MC: Há algo a mais que você gostaria de acrescentar?
CR:
Quero agradecer a vocês por esse espaço. Eu estou num momento muito feliz da minha vida. Muito realizada com o meu trabalho em Verão 90, trabalhando com uma equipe maravilhosa, produzindo três espetáculos. Um deles, eu vou atuar também ao lado do meu marido (Jarbas Homem de Mello). É um projeto que se chama Conserto para Dois (com S mesmo), escrito pela Ana Toledo. É uma comédia musical e nossa ideia é viajar pelo Brasil inteiro e para fora também, em todos os lugares que existem colônias brasileiras. É muito trabalho, mas muito prazeroso.