Por Bárbara Muniz, Beatriz Magalhães, Fabio Tito, Gabriela Gonçalves, Marina Pinhoni e Paula Paiva, G1 SP


Manifestantes tomam a Avenida Paulista, em São Paulo

Manifestantes tomam a Avenida Paulista, em São Paulo

Manifestantes protestaram na Avenida Paulista na tarde desta quarta-feira (15) contra o bloqueio de recursos para a educação anunciado pelo Ministério da Educação (MEC).

O ato se concentrou em frente ao vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e os dois sentidos da via foram interditados por volta das 14h. Uma hora depois, quatro quarteirões da avenida já estavam tomadas por uma multidão. O protesto terminou às 19h30 em frente à Assembleia Legislativa, na região do Parque Ibirapuera, Zona Sul da capital paulista. A manifestação foi pacífica do início ao fim.

Segundo a Central Única de Trabalhadores (CUT), 250 mil pessoas participaram do ato. A Polícia Militar afirmou que não divulgará estatísticas.

Estudantes, crianças, idosos e sindicatos relacionados à educação participaram do ato. Vários cartazes fizeram referência à fala do ministro da Educação, Abraham Weintraub sobre "balbúrdia" em universidades. Uma das faixas dizia que "balbúrdia é contra o dinheiro da educação". De forma reservada, auxiliares próximos do presidente Jair Bolsonaro (PSL) avaliam que o discurso mais incisivo de Weintraub acabou dando gás às manifestações desta quarta.

Alunos da Universidade de São Paulo, que realizaram protesto pela manhã na Cidade Universitária, Zona Oeste da capital, saíram em caminhada até a Avenida Paulista. Cerca de 2 mil estudantes, segundo a organização, somaram-se ao protesto por volta das 16h.

A professora de filosofia da USP Tessa Moura Lacerda, 44 anos, afirmou que ficou muito feliz com o ato. "Espero que essa resistência nacional mostre a força da educação nesse país".

A estudante Nathalia Santos, 22 anos, concordou: “Nessa manifestação eu sinto que não estou sozinha. A educação não está perdida”. Regina Mariano, 77 anos, também: “Nessa manifestação me sinto como se estivesse sempre começando. A luta nunca acaba”.

Manifestante protesta na Avenida Paulista — Foto: Fábio Tito/G1

Ingrid Bustamante, 25 anos, professora da educação básica levou a filha Olívia, de 14 meses. “Pai dela e eu somos professores e nós percebemos como esta precária a educação. Nós achamos importante ela entender que ela precisa batalhar por isso. A educação o que resta para gente.”

A estudante da Universidade Federal do Paraná Luciana Vargas, 24 anos, levou um cartaz com a fórmula da água escrita em referência à declaração do presidente Jair Bolsonaro (PSL) que disse nesta quarta-feira que os alunos "não sabem nem a fórmula da água".

"Achei a declaração infundada. Ele está acusando falta de pensamento crítico, e ele está cortando verbas da educação justamente onde se produz pensamento crítico".

Por volta das 16h, os estudantes da USP que saíram da Cidade Universitária chegaram à Avenida Paulista para reforçar o protesto.

À noite, os manifestantes seguiram em caminhada pela Avenida Brigadeiro Luis Antônio em direção à Assembleia Legislativa de São Paulo, na região do Ibirapuera.

Manifestantes fazem ato em frente à Assembleia Legislativa de São Paulo — Foto: Fabio Tito/G1

Manifestantes fazem ato na região do Ibirapuera — Foto: Fabio Tito/G1

Manifestação na Avenida Paulista contra contigenciamento de verbas para a educação — Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Estudantes protestam contra corte de verbas na educação na Avenida Paulista — Foto: Fábio Tito/G1

Estudantes protestam contra corte de verbas na educação — Foto: Fábio Tito/ G1 SP

Protesto na Avenida Paulista — Foto: Fábio Tito/ G1 SP

Estudantes protestam contra os cortes na educação — Foto: F[abio Tito/ G1 SP

Protesto na Avenida Paulista — Foto: Fábio Tito/ G1 SP

Manifestantes protestam contra os cortes na educação — Foto: Fábio Tito/ G1 SP

Criança participa de protesto na Avenida Paulista — Foto: Gabriela Gonçalves/G1

Manifestante na Paulista — Foto: Beatriz Magalhães/ G1 SP

A professora de português e literatura Amara Moira, 34 anos, diz que o espaço que os docentes trans conquistaram está ameaçado. “A educação nunca foi tão nossa como tem sido agora. Sou uma das poucas professoras trans que existem nesse país e sinto meu espaço um pouco ameaçado. A educação tem a nossa cara", diz.

Mais cedo, estudantes de universidades e colégios públicos e particulares fizeram atos em diferentes pontos da capital. O portão da Cidade Universitária ficou bloqueado entre 6h e 9h e as avenidas Higienópolis e Angélica foram fechadas por estudantes de escolas particulares do bairro.

Entidades ligadas a movimentos estudantis, sociais e a partidos políticos e sindicatos convocaram a população para uma greve de um dia contra as medidas anunciadas pelo governo federal na educação. Alunos e professores em outras cidades do país também aderiram à paralisação.

Manifestantes lotam a Avenida Paulista — Foto: Gabriela Gonçalves/G1

Protesto lota Avenida Paulista — Foto: Gabriela Gonçalves/G1

Criança participa de protesto na Avenida Paulista — Foto: Gabriela Gonçalves/G1

Manifestantes lotam vão do Masp para protesto — Foto: Gabriela Gonçalves/G1

Protesto na Avenida Paulista — Foto: Gabriela Gonçalves/G1

Faixa no protesto da Avenida Paulista — Foto: Gabriela Gonçalves/G1

Manifestantes se reúnem no vão do Masp — Foto: Paula Paiva Paulo/G1

Estudantes protestam contra corte de verbas na educação

Estudantes protestam contra corte de verbas na educação

Alunos e funcionários da USP marcham em protesto contra cortes na educação

Alunos e funcionários da USP marcham em protesto contra cortes na educação

Bloqueio de verba

Em abril, o Ministério da Educação divulgou que todas as universidades e institutos federais teriam bloqueio de 30% na verba. Em maio, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) informou sobre a suspensão da concessão de bolsas de mestrado e doutorado.

De acordo com o Ministério da Educação, o bloqueio é de 24,84% das chamadas despesas discricionárias — aquelas consideradas não obrigatórias, que incluem gastos como contas de água, luz, compra de material básico, contratação de terceirizados e realização de pesquisas. O valor total contingenciado, considerando todas as universidades, é de R$ 1,7 bilhão, ou 3,43% do orçamento completo — incluindo despesas obrigatórias.

Em 2019, as verbas discricionárias representam 13,83% do orçamento total das universidades. Os 86,17% restantes são as chamadas verbas obrigatórias, que não deverão ser afetadas. Elas correspondem, por exemplo, aos pagamentos de salários de professores, funcionários e das aposentadorias e pensões.

Segundo o governo federal, a queda na arrecadação obrigou a contenção de recursos. O bloqueio poderá ser reavaliado posteriormente caso a arrecadação volte a subir. O contingenciamento, apenas com despesas não obrigatórias, é um mecanismo para retardar ou deixar de executar parte da peça orçamentária devido à insuficiência de receitas e já ocorreu em outros governos.

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