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Por G1


Com a carteira de trabalho na mão, jovem aguarda por atendimento em processo seletivo voltado para pessoas trans em São Paulo — Foto: Celso Tavares/G1

Estudo anual da empresa global em serviços profissionais Accenture sobre diversidade mostra que 55% dos profissionais LGBTQIA+ entrevistados no Brasil acreditam que expressar sua identidade de gênero ou orientação sexual no trabalho impacta suas carreiras negativamente.

Isso ocorre em um cenário em que apenas 36% dos entrevistados se dizem “muito abertos” em relação à sua identidade, expressão de gênero ou orientação sexual no ambiente de trabalho. Outros 23% dizem que não falaram sobre o assunto para ninguém no trabalho. Veja abaixo:

  • 36% dizem que todos sabem no trabalho
  • 24% dizem que colegas mais chegados sabem
  • 23% dizem que não contaram para ninguém no trabalho
  • 9% dizem que o chefe direto sabe
  • 6% dizem que o RH sabe
  • 5% dizem que preferem não falar a respeito

Já em nível global, a média dos profissionais que responderam ser “muito abertos” é de 31%.

O estudo foi realizado a partir de questionários online com diferentes mercados ao redor do mundo. Foi aplicado um modelo de questionário a mais de 1.700 gestores, e outro para mais de 30 mil funcionários. No Brasil, 1.001 funcionários e 55 líderes responderam a essa pesquisa, dos quais 15% e 9% de cada grupo, respectivamente, se identificaram (autodeclararam) como LGBTQIA+.

Na fila por trabalho, pessoas trans relatam preconceitos e revelam seus empregos dos sonho

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Promoção mais difícil

O levantamento mostra ainda que a maioria das empresas não garante um ambiente acolhedor ou seguro o suficiente para que esses funcionários prosperem. Metade dos colaboradores LGBTQIA+ entrevistados no Brasil aspiram se tornar gestores sêniores, enquanto globalmente o índice ficou em 27%.

Ainda assim, esses anseios se chocam com a falta de respaldo das lideranças. Apenas 14% dos funcionários LGBTQIA+ em todo o mundo se sentem completamente apoiados por seus chefes nas discussões sobre melhorias das condições de igualdade e da receptividade a profissionais LGBTQIA+ na organização. Do outro lado, 68% dos líderes globais acreditam criar ambientes inclusivos.

“Essas divergências explicam por que sentimentos de desamparo e receio entre funcionários LGBTQIA+ no trabalho permanecem altos, apesar de termos visto avanços sobre o tema no mundo corporativo”, avalia Rafael Bonini, diretor de Estratégia e Consultoria na Accenture e líder do grupo de discussão LGBTQIA+ na empresa.

Globalmente, 71% dos colaboradores LGBTQIA+ dizem ser importante haver líderes abertamente LGBTQIA+ para a evolução do cenário dentro das empresas, de modo que eles mesmos possam prosperar. No entanto, apenas 21% dos líderes LGBTQIA+ em posições gerenciais ou acima costumam assumir abertamente sua identidade, expressão de gênero ou orientação sexual.

“Precisamos ultrapassar a ideia de trazer essas discussões de causa só dentro de uma agenda específica ou apenas no mês de conscientização da diversidade. Essa questão permeia a inovação no mundo corporativo. Colocar a equidade como prioridade da cultura da empresa durante todo o ano aumenta o engajamento das pessoas com a organização e, dessa forma, contribui para o crescimento e o desenvolvimento de adaptação das empresas, fator que vem se mostrando essencial para os negócios”, completa Bonini.

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