Economia Avianca

Credores da Avianca Brasil aprovam plano de recuperação

Companhia aérea obtém aval para ser fatiada em sete unidades, a serem leiloadas até início do 2º semestre
An airplane of Avianca flies over the Guanabara Bay as it prepares to land at Santos Dumont airport in Rio de Janeiro, Brazil, April 3, 2019. REUTERS/Sergio Moraes Foto: SERGIO MORAES / REUTERS
An airplane of Avianca flies over the Guanabara Bay as it prepares to land at Santos Dumont airport in Rio de Janeiro, Brazil, April 3, 2019. REUTERS/Sergio Moraes Foto: SERGIO MORAES / REUTERS

SÃO PAULO — A Avianca Brasil conseguiu na sexta-feira sinal verde de seus credores para colocar em prática seu plano de recuperação. Pela proposta, aprovada por 77% das empresas e fornecedores que têm créditos a receber da companhia, até o início do segundo semestre, a empresa fará uma grande venda de ativos para dar início ao pagamento de parte de sua dívida, que já soma R$ 2,8 bilhões.

Em recuperação judicial desde dezembro, o comando da quarta maior companhia aérea do país vai dividir seus ativos em sete pequenas empresas, que serão leiloadas. Segundo Ivo Waisberg, advogado da Avianca, a expectativa é arrecadar US$ 210 milhões (cerca de R$ 813 milhões) com a venda de cinco das sete empresas, tecnicamente conhecidas como Unidades Produtivas Isoladas (UPIs).

Esta estimativa, porém, não incluiu as duas unidades mais valiosas: a que concentra os horários mais procurados de pousos e decolagens que a empresa detém no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e o programa de fidelidade Amigo, que tem mais de três milhões de membros ativos. Elas também deverão ser vendidas até o início do segundo semestre, mas a previsão é que haja forte disputa por estes ativos.

A proposta agora precisa ser homologada pelo juiz Tiago Limongi, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da capital paulista, responsável pelo processo.

Descontente com a proposta de fatiar a empresa em unidades, a Azul tentou, na Justiça, impedir a realização da assembleia de credores na sexta-feira. A empresa, que ofereceu no mês passado US$ 105 milhões para comprar parte substancial da Avianca, queria postegar o encontro para dar mais tempo aos credores para analisarem o novo plano.

Em uma semana, a Justiça paulista recebeu pedidos de confisco de aeronaves da Avianca de ao menos cinco arrendadoras . Na quinta-feira à noite, um avião da empresa que seguia de Brasília para São Paulo atrasou porque foi impedido de decolar por ter sido penhorado pela Justiça .

Expectativa de passageiros

O episódio deixou fãs do cantor Luan Santana preocupados com a possibilidade de não conseguirem ir ao show de gravação do novo DVD do artista, em maio, em Salvador. Eles compraram passagens da Avianca. Até agora, porém, os problemas apresentados pela companhia foram pontuais.

A divisão dos ativos da Avianca em sete unidades abriu espaço para a entrada de Gol e Latam na disputa, o que desagradou ao comando da Azul, terceira maior aérea do país. Gol e Latam, que lideram esse ranking, já anunciaram interesse em pagar ao menos US$ 70 milhões para cada uma das unidades que irão a leilão. O plano previa só uma UPI a ser vendida preferencialmente à Azul.

A entrada da Latam e da Gol na disputa por fatias da Avianca é vista com preocupação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) .

A assembleia durou cerca de sete horas. A reunião foi suspensa entre 16h30 e 18h30 para mudanças no texto do plano feitas por credores durante o encontro. A mais importante delas foi o fim da prioridade de pagamento que o fundo Elliott — maior credor da Avianca — tinha no texto original. Na proposta aprovada, o dinheiro arrecadado com a venda de ativos será dividido de forma proporcional entre os credores.

Durante a apresentação da versão reformada do plano, houve bate-boca entre advogados de Azul, Avianca, Latam e do fundo Elliott. Para a Azul, houve pouco tempo para discutir a proposta. A companhia levantou objeções sobre a excessiva concentração de mercado caso as UPIs da Avianca fiquem com Gol e Latam.