Por Guilherme Peixoto, RJ1


Estado do Rio regista mais do que o dobro de casos de Chikungunya em relação ao ultimo mês

Estado do Rio regista mais do que o dobro de casos de Chikungunya em relação ao ultimo mês

O número de casos de chikungunya no estado do Rio de Janeiro dobrou em um mês e passou de seis mil para mais de 13 mil.

Há cinco dias a dona de casa Meire Barreto não consegue nem levantar da cama. "Encostar a mão na minha perna é insuportável. É uma dor insuportável. Não consigo dormir de dor, não consigo ficar parada numa posição só, não consigo me mexer, não consigo nada", desabafa a moradora.

E a prima dela anda o tempo todo mancando. A vigilante Angélica Oliveira também está doente. Há 15 dias não consegue trabalhar.

“E o médico falou que vai demorar, que eu só vou poder voltar a trabalhar quando estiver 100%. Falou que eu peguei a pior chikungunya”, disse Angélica.

Outros dez vizinhos, em Curicica, na Zona Oeste, pegaram chikungunya. Mas nem todos se preocupam com a prevenção. Nos arredores há uma casa abandonada e a piscina está com água parada há muito tempo. O transmissor da doença é o mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite a dengue e a zika.

"Muita gente está reclamando. Com ânsia de vômito, até criança vomitando no chão. Está complicada a nossa saúde”, disse o motorista Carlos Anderson.

A Secretaria Municipal de Saúde diz que o número de casos notificados de chikungunya tem aumentado no Rio. Em janeiro foram 1.681, em fevereiro, caiu para 826. Em março, voltou a subir: foram 1.784 notificações. E em abril, só nas primeiras semanas, 382 casos.

Se se comparar com o mesmo período ano passado, dá para ver que a diferença é bem grande. Só nos três primeiros meses de 2019, foram 2.521 casos a mais. Mas, na prática, esse número pode ser ainda maior.

Na Rua Silva Cardoso, em Bangu, a chikungunya também é o assunto da vez entre os moradores. Em um mês os casos se multiplicaram. Numa casa, são três pessoas doentes. Ao lado, mais duas. Do outro lado da rua, mais três moradores. Na esquina, uma família inteira ficou de cama. E quase ninguém conseguiu fazer o exame para confirmar a doença.

A aposentada Lia Maria Almeida e o marido Gilmar de Almeida desistiram de esperar atendimento. “A gente chegou a ir à clínica, mas não teve atendimento porque não tinha luz. E ficou duas semanas sem luz. E até agora não sabemos o diagnóstico”, disse a moradora.

Somente a dona de casa Fabíola Araújo teve certeza do diagnóstico. E reclama que há muito tempo os agentes da prefeitura não aparecem no bairro.

"Do carnaval para cá, nós contamos aqui ao redor mais ou menos umas 25, 30 pessoas com chikungunya. A gente aqui está largado. A gente precisa saber onde tem o foco para poder combater. O pessoal da prefeitura não passa aqui. Desde o final do ano passado já não tinha visto mais ninguém, não tinha mais ninguém passando por aqui. E até a presente data ninguém bateu na minha porta para ver como está a situação", disse a dona de casa.

A Subsecretaria de Vigilância em Saúde disse que as Clínicas da Família e os Centros Municipais têm médicos para o atendimento aos pacientes e que as ações de prevenção são feitas o ano inteiro. Quem tiver alguma denúncia sobre focos de mosquito pode ligar para o telefone de atendimento do município: 1746.

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