Por Cristina Boeckel e Henrique Coelho, G1 Rio


Neguinho inconsolável no enterro do neto na tarde desta segunda-feira (19) — Foto: Reprodução/ TV Globo

A família de Neguinho da Beija-Flor, avô de Gabriel Marcondes, de 20 anos, que morreu baleado em um baile funk em Nova Iguaçu, está pensando em deixar o Brasil.

Ao G1, a esposa de Neguinho da Beija-Flor, Elaine Reis Marcondes, afirmou que o motivo é a violência no país. Nesta quarta-feira (21), o pai de Gabriel prestou depoimento na delegacia.

"Estamos, sim, querendo partir. Está muito difícil criar nossos filhos aqui no Brasil com toda essa violência, ainda mais quando são negros, pois já são vistos com um olhar meio torto e suspeito! Realmente a política pública social tem muito que mudar, e isso ainda vai levar muito tempo, se mudar. 'O indivíduo é inocente, até que se prove o contrário'. Já o negro é culpado, até que se prove o contrário!'", disse Elaine.

Elaine contou ainda que outros parentes já foram para Portugal, possível destino da família.

"Há cerca de três anos, eu e meus irmãos juntamos os documentos a fim de dar entrada no pedido de cidadania portuguesa. Desde então, estamos só aguardando esse processo para ir embora", explicou ela.

Neguinho da Beija-Flor desabafa no enterro do neto: 'Ele era um menino bom'

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As investigações sobre o caso continuam. A polícia quer ouvir um suspeito, preso por tentativa de homicídio e associação para o tráfico de drogas, que está internado em um hospital.

O enterro de Gabriel foi marcado por comoção na tarde desta segunda-feira (19), no Cemitério de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Gabriel foi morto a tiros na madrugada de domingo (18), durante um confronto de traficantes e policiais que, segundo a Polícia Militar, foram checar a denúncia de um baile funk no Morro da Bacia, também em Nova Iguaçu.

Segundo a família, Gabriel Marcondes estava no local para montar uma tenda para o evento. As circunstâncias da morte dele são investigadas.

O avô estava inconsolável e foi amparado por amigos.

"Ele [Gabriel] era um menino bom, garoto bom. Estava nessa de armar a tenda e, segundo informações, esse lugar é perigoso. E ele foi lá botar a tenda e aconteceu na hora da operação, parece que houve troca de tiros lá por parte do pessoal e é isso. Meu filho também, eu tenho filho que também montava tenda, monta, mas a partir de agora essa atividade não vai exercer mais. É perigoso — disse Neguinho da Beija-Flor.

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