Por Matheus Rodrigues e Patrícia Teixeira, G1 Rio


Violência contra mulher: identifique atitudes abusivas em 5 pontos

Violência contra mulher: identifique atitudes abusivas em 5 pontos

Identificar um agressor de mulher não é tarefa simples. Em geral, este criminoso não tem características aparentes como a arma em punho de um assaltante. Em muitos casos, sequer possui antecedentes criminais. Então, como se prevenir?

O G1 ouviu especialistas e pessoas que lidam com o tema diariamente para traçar um perfil destes homens. Além disso, o modo como os agressores se comportam é parte fundamental para a identificação. Muitas vezes são os chamados "cidadãos comuns".

Série do G1: feminicídio e violência contra a mulher no RJ:

De acordo com delegada Fernanda Fernandes, que atua diariamente no combate a este tipo de crime na Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense "até as pessoas que convivem com o agressor não acreditam que ele tenha praticado esse tipo de delito”.

”A gente tem como padrão de agressor de violência doméstica uma pessoa que trabalha, tem uma vida social, é primário e de bons antecedentes. Na maioria dos casos, a gente tem esse padrão de agressor de uma ‘pessoa normal’.

Em 2018, mais de 31 mil casos foram registrados nas Delegacias de Atendimento à Mulher em todo o estado.

Paulo Cesar Conceição, de 46 anos, coordena um centro de recuperação de homens condenados pela Justiça por violência doméstica. Ao G1, ele afirmou que a violência doméstica está impregnada na sociedade e quase não é percebida.

“Ele [o agressor] é o ‘cidadão comum’, é o motorista de ônibus, o empresário, o lojista, o religioso. A violência doméstica está impregnada na nossa sociedade de tal forma que ela está invisível”, disse.

O psicólogo Paulo Patrocínio ressaltou que a violência se apresenta de formas diferentes e não apenas através da forma física, que é de conhecimento mais comum. São elas:

  • Violência física
  • Violência psicológica
  • Violência patrimonial
  • Violência moral
  • Violência sexual

Ciclo da violência

Patrocínio explicou ainda que a violência contra a mulher acontece através de um ciclo vicioso, normalmente. Segundo ele, os relacionamentos passam por três etapas que se repetem constantemente. E a violência pode ser interrompida de duas maneiras: com a interrupção da relação ou com o feminicídio.

“O ciclo da violência começa na ‘tensão’. Quando um casal perde o diálogo, começam as humilhações, provocações e ofensas. Em determinado momento, essa tensão perde o controle e acontece a explosão, que acaba gerando a violência. Nesse segundo estágio, acontecem sexo forçado, tapas, socos. Logo depois, há um rompimento em alguns casos. A mulher vai buscar os direitos dela garantidos por lei”, explicou o psicólogo.

“No terceiro estágio, é o intervalo chamado ‘lua de mel’. O homem entende que perdeu a mulher e tenta reconquistá-la. Pede desculpa, faz juras de amor, dá presentes, faz promessas, em uma intensidade muito grande. Ele não quer dar tempo para que ela possa refletir sobre o assunto. Depois de juntos novamente, ele não se vê correspondido e volta a entrar no estágio da tensão”, completou.

Ciclo da violência contra a mulher — Foto: Fernanda Garrafiel/ Arte G1

De acordo com os especialistas, casais que passaram por episódios de violência compartilharam de um relacionamento abusivo. A vítima, na maioria dos casos, só identificou as “irregularidades” do relacionamento depois em que as agressões aconteceram.

Para evitar episódios de desgaste emocional e até mesmo de violência física, o especialista Paulo Cesar Conceição listou cinco pontos de atitudes abusivas nos relacionamentos (veja lista abaixo). Caso a mulher identifique a presença de um ou mais fatores, deve ficar alerta.

Cinco comportamentos que identificam um possível agressor

  1. Interferir no modo de vestir da companheira;
  2. Hábito de controlar as redes sociais dela;
  3. Humilha e tem costume de xingar a companheira;
  4. Possessividade, ele determina sempre o que o casal vai fazer;
  5. Interfere nas relações sociais.

Serviço:

Para denunciar abusos e agressões contra mulheres, qualquer cidadão pode entrar em contato com a Central de Atendimento ao Cidadão pelos telefones 2334-8823/ 2234-8835, ou pelo Disque Denúncia pelo telefone 2253-1177.

A pessoa também pode procurar a Delegacia de Atendimento à Mulher mais próxima e também pode pedir ajuda na Defensoria Pública ou pelo site do Ministério Público do Rio de Janeiro.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!