Abaixo-assinado pede que MEC suspenda clássicos infantis com histórias modificadas

Adaptações alteram elementos-chave de livros famosos, como ‘João e Maria’. Educadores e escritores afirmam que é um retrocesso.

Por G1


MEC lança livros para apoiar alfabetização; manifesto pede suspensão da coleção

Um abaixo-assinado organizado por cerca de 3 mil educadores, escritores e ilustradores pede que o Ministério da Educação (MEC) suspenda a adoção de livros infantis adaptados. No programa “Conta para Mim”, voltado a famílias vulneráveis, foram disponibilizadas versões modificadas de clássicos infantis, como “João e Maria”.

As histórias alteradas estão no site do programa e serão impressas e distribuídas, segundo o MEC, no ano que vem. O objetivo é oferecer apoio para a alfabetização das crianças.

Segundo Pedro Bandeira, um dos maiores autores da literatura infantil do país, alguns elementos de clássicos não podem ser modificados. “Em ‘João e Maria’, por exemplo, é importante que os personagens sejam abandonados pelos pais na floresta. A criança, ouvindo a história no colo, treme de medo. Mas, se está no colinho, está vendo que não é de verdade”, diz.

Na nova versão, João e Maria apenas saem para passear na floresta, e a mãe dá a eles pedrinhas coloridas, para que possam retornar à casa. “Já não é mais João e Maria, ponham outro nome”, protesta Bandeira.

Em nota, o MEC defende a “livre adaptação das obras” e diz que pretende imprimir os livros também para o programa "Criança Feliz", do Ministério da Cidadania.

Cristiane Tavares, mestre em crítica literária e uma das signatárias do documento contra as adaptações, diz que “pesquisadores, bibliotecários, pesquisadores de universidades públicas, escritores e ilustradores de livros infantis, pessoas do Brasil e de fora, estão muito insatisfeitas com essa coleção e com todo o retrocesso que ela representa”.

Para a Fundação Abrinq, "é importante preservar a essência dos contos para que as crianças desenvolvam habilidades emocionais, que poderão ser vivenciadas no decorrer da vida, na resolução de problemas, tornando-se adultos mais seguros e críticos".

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