Rio

Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?, escreveu Marielle um dia antes de ser morta

Vereadora postou no Twitter protesto contra o assassinato de mais um jovem no Rio
A vereadora Marielle Franco Foto: Pablo Jacob em 01/01/2017 / Agência O Globo
A vereadora Marielle Franco Foto: Pablo Jacob em 01/01/2017 / Agência O Globo

RIO - Um dia antes de ser morta, a vereadora Marielle Franco (PSOL), de 38 anos, postou em seu perfil do Twitter um protesto contra o assassinato de mais um jovem no Rio de Janeiro.

Marielle se referia a Matheus Melo de Castro, de 23 anos, baleado a caminho de casa, em Manguinhos , na Zona Norte do Rio. A família acusa policiais militares de terem feito os disparos.

A vereadora foi morta a tiros por volta das 21h30 na Rua Joaquim Palhares , no Estácio. O motorista que estava com ela também foi morto na ação. Ela também estava acompanhada de uma assessora, que sobreviveu. Marielle tinha acabado de sair de um evento chamado "Jovens Negras Movendo as Estruturas", na Rua dos Inválidos, na Lapa, e seguia para casa na Tijuca quando foi morta.

Quinta vereadora mais votada no Rio em 2016, Marielle tinha como bandeiras a defesa dos moradores de favelas e a luta pelos direitos da mulher. E costumava usar as redes sociais para protestar contra a violência na cidade.

No sábado, ela postou no Facebook uma imagem com a frase "somos todos Acari" em que  denunciou abusos do 41° Batalhão da Polícia Militar. A vereadora contou que a polícia anda nas ruas ameaçando moradores, o que "acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior".

Antes, ela compartilhou a notícia do coletivo Fala Akari que noticiava que policiais do 41º BPM entraram na favela atirando com três caveirões, por volta das 6 da manhã de sábado. E protestou: "CHEGA de esculachar a população. CHEGA de matar nossos jovens".

Na Câmara, Marielle era presidente da comissão de Defesa da Mulher e havia sido nomeada relatora da comissão que acompanhará a intervenção federal na segurança pública no Rio.

Durante seu curto mandato, a vereadora estreante apresentou 16 projetos de lei, entre eles uma proposta de criar o programa de sesenvolvimento cultural do funk tradicional carioca e outra para a criação de campanha permanente de conscientização e enfrentamento ao assédio e violência sexual, além da instituição do dia de luta contra o encarceramento da juventude negra no calendário oficial da cidade e do programa espaço infantil noturno para atendimento à primeira infância.

Entre as leis aprovadas, estão a que regulamentou o serviço de transporte de oassageiros por motocicleta e a que restringe o objeto de contratos de gestão celebrados entre o município e Organizações Sociais.