Política Brasília

Para Cármen Lúcia, legislação deve ser repressiva e dura contra corrupção

‘Não há política legítima na qual é oriunda com corrupção’, diz a presidente do STF
A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, durante evento sobre corrupção Foto: Carlos Moura/STF
A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, durante evento sobre corrupção Foto: Carlos Moura/STF

BRASÍLIA — A presidente do Supremo Tribunal Federal ( STF ), ministra Cármem Lúcia , defendeu na manhã desta terça-feira, em um seminário sobre ética e corrupção , uma legislação repressiva e dura para que "as pessoas tenham medo de praticar a corrupção".

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— O Estado precisa adotar formas de combate a corrupção permanentemente. Eu acho que a prevenção de corrupção é muito mais eficiente que a repressão a corrupção. A gestão da ética passa por uma legislação repressiva e dura contra a corrupção. É preciso que as pessoas tenham medo de praticar a corrupção, por que haverá a punição nos casos de apuração, de processamento do corrupto. Enquanto não tivermos isso, haverá a impunidade. Por que temos um exemplo de alguém que praticou a corrupção e se deu bem — disse a ministra no seminário organizado pelo Grupo dos Chefes de Missões Africanas no Brasil, na Universidade de Brasília.

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Para Cármem Lúcia, a ética no governo é essencial para o andamento das instituições, porém difícil de ser combatida.

— Não há política legítima na qual é oriunda com corrupção. Na política nós temos primeiro que combater a corrupção que ás vezes é sistêmica, em determinados sistemas. E que torna ilegítimo, que torna portanto antidemocrático, tanto a estrutura de poder quanto a dinâmica de poder. Essa corrupção sistêmica é muito mais difícil de combater por que ela já se entranhou nas estruturas do Estado. Ela tem que ser alvo o tempo todo de questionamento da sociedade.

A presidente do STF também citou avanços na luta contra a corrupção no Brasil.

— A tecnologia melhorou muito, e aprimorou-se o suficiente para que a gente tenha esse combate. Aprimorou-se o Ministério Público, que tem adotado mecanismos para que se possa ter o combate a corrupção e o poder judiciário tem dado prioridade a esses casos.

Para ela, o país precisa de ética em todas as práticas, tanto na vida particular quanto na vida pública.

– Precisamos da ética no Estado, por que o Estado só vive pela confiança do cidadão nas estruturas de poder. Mas, a sociedade precisa também ser ética, pois é da sociedade que saem os governantes.

A ministra do STF também criticou a burocracia e a falta de transparência no poder público, que pra ela são facilitadores da corrupção.

— Excesso de burocracia. Quanto mais burocracia no Estado, mais possibilidade nós temos de romper a ética. Haverá mais instâncias, haverá mais gavetas. Quanto mais transparência, menor a possibilidade de corrupção.

*Estagiário sob supervisão de Francisco Leali