Política Marcelo Crivella

Slogan de Crivella surgiu como contraponto à gestão de Paes

Pesquisa interna mostrou que cariocas achavam que ex-prefeito priorizou obras

Marcelo Crivella agradece a eleitora, que tira selfie com prefeito eleito
Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo
Marcelo Crivella agradece a eleitora, que tira selfie com prefeito eleito Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo

RIO — Antes de a campanha pela prefeitura do Rio começar, a equipe responsável por construir a estratégia de comunicação de Marcelo Crivella (PRB) teve como primeiro desafio desconstruir a imagem de bispo evangélico e agregar eleitores de outras religiões. Do trabalho conjunto do economista Marcello Faulhaber, ex-aliado de Eduardo Paes; do diretor de criação Marcos Pedrosa e dos publicitários José Guilherme Vereza e Reuber Marchezini surgiu o slogan "chegou a hora de cuidar das pessoas", aprovado de imediato por Crivella e que passou a ser repetido como um mantra em todas as suas agendas pelo Rio.

— Preferimos usar pessoas a povo. Pessoas são seres individuais, povo tem uma certa abstração. O "chegou a hora" vem da prefeitura do Eduardo Paes, que fez obras e preparou a cidade para as Olimpíadas, mas abandonou serviços públicos essenciais. O importante é investir na saúde, não construir novos hospitais; investir sempre em gente, em quem vai receber e executar o serviço — conta Pedrosa.

A equipe de Crivella partiu de uma pesquisa interna, que identificou que 96% dos cariocas entrevistados acreditavam que a atual gestão priorizou obras e esqueceu da qualidade dos serviços públicos. Faulhaber diz que o slogan não funcionaria para outros candidatos, porque está ancorado à trajetória pública e pessoal de Crivella.

— Ele tinha um eleitorado cativo, de nicho, porque havia grande preconceito com a sua história de vida. A campanha foi bem-sucedida ao mostrar que Crivella é mais que um ex-bispo da Igreja Universal e que, inclusive, dedicou mais tempo a outras coisas — diz o economista, um dos responsáveis pela formulação do plano de governo do senador.

Pedrosa discorda da tese de que houve tentativa de mudar a imagem de Crivella, associado ao extremismo religioso pelo adversário, Marcelo Freixo (PSOL).

— Diria que houve uma adequação ao Crivella real. Nisso a gente foi bem sucedido. A campanha mostrou que ele não é um radical fundamentalista, mas uma pessoa aberta e capaz de pedir perdão por seus equívocos — argumenta o diretor de criação.