Política Obituário

Obituário: Ramiro Alves (1958-2018), jornalista

Com longa trajetória em redações, chefiou equipes em rádio, TV, jornal e internet
Ramiro Alves Foto: Acervo pessoal
Ramiro Alves Foto: Acervo pessoal

RIO — Em 37 anos de jornalismo, Ramiro Alves chefiou redações de jornal, rádio, TV e internet. Em todas as plataformas, foi reconhecido como um editor rigoroso com a notícia e generoso com os colegas .

O jornalista começou a carreira em 1981, na Rádio Jornal do Brasil. Entrou na emissora como repórter e foi promovido rapidamente a chefe de reportagem e editor. Em 1986, atuou na antiga TVE, atual TV Brasil. De lá seguiu para a "Tribuna da Imprensa", onde iniciou a trajetória como editor de política.

Ramiro chegou ao GLOBO em 1989, como editor de País. Em oito anos, circulou pelas principais redações do jornal. Foi chefe da sucursal de São Paulo e coordenador de Política em Brasília.

Em 1996, coordenou a equipe de reportagem que venceu o Prêmio Esso de Jornalismo com revelações sobre os arquivos da Guerrilha do Araguaia. "Apesar da insistência da equipe, ele se recusou a receber parte do prêmio como editor. Fazia questão de valorizar o trabalho dos repórteres", lembra o jornalista Aziz Filho.

No fim do ano seguinte, transferiu-se para a TV Bandeirantes. Em seguida, passou oito anos como editor de Política da revista "Istoé".

Depois de uma temporada no Ministério da Fazenda, nos governos Lula e Dilma, Ramiro voltou ao jornalismo para dirigir as redações do "Brasil Econômico" e dos jornais "O Dia" e "Meia Hora". Tornou-se publisher do Grupo Ejesa, que editava os três veículos. Em 2016, voltou à Fazenda por um curto período de quatro meses.

Sua última atuação foi como sócio da Avenida Comunicação, especializada em consultoria e assessoria política. Era um dos editores do site "Diário do Porto", lançado em março.

O diretor geral de Jornalismo da TV Globo, Ali Kamel, afirma que nunca viu o amigo irritado ou de mau humor, mesmo quando estava tenso com os horários de fechamento. "Ele sempre foi um jornalista de competência ímpar, talentoso, criativo, honesto, correto. Brilhou por onde passou, sempre adorável", conta.

O economista e ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa também lamentou a morte do jornalista: "Tive a sorte de trabalhar com o Ramiro no governo. Grande profissional, conselheiro e amigo. Fará muita falta", disse.

O jornalista Alceste Pinheiro lembra que Ramiro também era um defensor apaixonado do Rio e do Carnaval. "Ele era um amigo festeiro e um jornalista cuidadoso. Tinha uma visão muito clara dos compromissos da profissão", afirma.

Ramiro era carioca, torcedor do Flamengo e diretor do bloco Imprensa Que Eu Gamo. Morreu nesta quinta-feira aos 59 anos, de câncer. Deixa os filhos Raoni e Tainá, e a companheira, Ines.

O corpo de jornalista será velado nesta sexta-feira, a partir das 10h, na capela 3 do cemitério vertical Memorial do Carmo, no Caju.