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Brasil

Artigo: Novo ministro da Educação não tem espaço para errar

Após cem dias de inércia do MEC, cabe a Abraham Weintraub adotar um projeto que abandone a cruzada ideológica em nome da melhoria da aprendizagem
O novo ministro da Educação Abraham Weintraub Foto: Divulgação / .
O novo ministro da Educação Abraham Weintraub Foto: Divulgação / .

Nenhum país com projeto sério de desenvolvimento social e econômico trata a Educação como cruzada ideológica. Ao contrário, dá prioridade, formula e segue um plano pragmático orientado pela busca de resultados, em especial a melhoria da aprendizagem dos alunos.

No Brasil, onde apenas 9% dos alunos que concluem o ensino médio têm aprendizagem mínima adequada em matemática, não deveria haver espaço para pautas diversionistas. Já há amplo consenso em torno das evidências e casos de sucesso no próprio país que precisam ganhar escala pela ação do Ministério da Educação.

No entanto, nesses primeiros cem dias, o MEC avançou quase nada. A falta de gestão e de clareza de projeto para a Educação enfraqueceu o ex-ministro Vélez, que acabou sendo substituído.

Dado o rumo que a pasta tomou nesses cem primeiros dias, havia a expectativa que o próximo ministro seria alguém com experiência em gestão pública, de preferência educacional, para reagir eficaz e rapidamente frente ao cenário de inoperância. Alguém com projeto pragmático na direção de melhorar os indicadores educacionais, que são indecentes e injustos.

O anúncio de ontem do presidente Bolsonaro não foi nessa direção. Mas esperamos que Abraham Weintraub entenda a gravidade da situação. A crise que precisa ser superada com vigor é a da aprendizagem. Que ele não se perca combatendo inimigos, verdadeiros ou fabricados.

Logo o novo ministro deverá sinalizar quais as diretrizes que nortearão seu trabalho no MEC, suas prioridades, seu projeto para a Educação brasileira. Importante também observar como será sua relação com os entes da federação, com o Conselho Nacional de Educação, com o Congresso Nacional, com a sociedade. E devemos dar muita atenção à nova equipe que será formada, uma vez que essa será a concretização mais visível nos próximos dias de seu direcionamento.

Em 2022, final desse governo, teremos resultados das avaliações de aprendizagem. Melhorá-los deve ser a meta.

*Priscila Cruz é presidente-executiva do Todos pela Educação