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PSOL muda estratégia e lança Talíria Petrone à Câmara Federal

Cotada para chapa ao governo do estado, vereadora de Niterói anuncia sua candidatura a deputada federal
Marielle. Talíria diz que a morte da amiga foi uma convocação à ousadia Foto: Leo Martins / Leo Martins
Marielle. Talíria diz que a morte da amiga foi uma convocação à ousadia Foto: Leo Martins / Leo Martins

NITERÓI — Desde a morte da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL), executada a tiros com seu motorista Anderson Gomes, no dia 14 de março, a vereadora do partido em Niterói, Talíria Petrone, vem sendo apontada como sucessora natural do legado da amiga e companheira de legenda. Cotada para a chapa ao governo estadual como vice de Tarcísio Mota, a parlamentar anunciou, na quinta-feira, sua pré-candidatura à Câmara Federal, em Brasília. Em uma reviravolta estratégica, o partido aposta na herança eleitoral de Marielle e em uma votação expressiva de Marcelo Freixo à esfera federal para puxar o maior número de candidatos da sigla.

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De acordo com Talíria, apesar da tristeza, a morte de Marielle despertou um sentimento potente de urgência de ecoar sua voz.

— Desde a execução da Marielle há um sentimento de urgência de levar Brasil afora as pautas dela. Essa urgência faz com que precisemos ampliar a participação das mulheres negras na Câmara Federal e nos fez mudar de opinião com relação à minha candidatura. A partida da Mari, por um lado, nos deixa muita dor, uma dor que nunca vai terminar, mas, por outro lado, é uma convocação de ousadia — conclui Talíria.

Cláusula de barreira

Além de Talíria e Freixo, outros nomes já estão definidos pelo PSOL para concorrer à Câmara, entre eles o do vereador niteroiense Paulo Eduardo Gomes e da professora de Direito da UFRJ Luciana Boiteux, que foi candidata a vice-prefeita do Rio na chapa de Marcelo Freixo em 2016. A chapa completa do partido será consolidada numa conferencia eleitoral em junho.

Pesquisador e cientista político da UFRJ, Paulo Baía considera coerente a decisão do PSOL de rever sua estratégia e apostar todas as fichas na Câmara:

— O PSOL está se preparando para a cláusula de barreira e para isso precisa eleger um número maior de deputados federais. Essa eleição é fundamental para todos os partidos, sobretudo os menores. Garantindo isso, eles têm acesso ao fundo eleitoral e ao tempo de TV. Como candidata a vice, a Talíria só viria para demarcar território, já para a Câmara tem chances reais, não só por dar continuidade ao trabalho de Marielle como também pelo sucesso nas últimas eleições municipais, sendo a vereadora eleita com mais votos em Niterói — avalia o especialista.

Outros partidos

Além dos dois vereadores do PSOL, outros quatro de Niterói se lançaram como pré-candidatos à Câmara dos Deputados: Sandro Araújo (PPS), Carlos Jordy (PSL), Bira Marques (PSB) e Renato Cariello (PDT). Já na esfera estadual, a disputa por uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) contará com os nomes do tucano Bruno Lessa e de Paulo Bagueira (SD).

Continua na briga pelo governo do estado o vereador Leonardo Giordano, do PCdoB. E, além dos vereadores, os três deputados estaduais niteroienses Flávio Serafini (PSOL), Waldeck Carneiro (PT) e Comte Bittencourt (PPS) anunciaram que tentarão a reeleição na Alerj. O deputado federal Chico D’Angelo (PDT) também está em busca de um novo mandato na Câmara dos Deputados, assim como a secretária municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, Verônica Lima (PT), e o ex-vereador Daniel Marques (PV). Para o Senado, quem aparece como único postulante é o deputado federal Sérgio Zveiter (PODE).

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