O emprego está voltando, mostram os dados do mercado de trabalho. O Brasil chegou a contabilizar mais de 14 milhões de desempregados este ano. Agora são 12,7 milhões, segundo o IBGE. Há um novo dado sobre o mercado de trabalho no país que acende um alerta para um dos principais debates sobre o tema: a qualidade do emprego e da relação entre empregadores e empregados. 

 

Uma pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva revela que 56% dos trabalhadores com carteira assinada estão insatisfeitos com seu emprego. Isto significa que 18,7 milhões de pessoas trocariam de lugar na busca de mais alegria no trabalho. Apenas um terço dos entrevistados pela entidade se declarou satisfeito de modo geral. Numa economia que tem 33,3 milhões de trabalhadores formais, como fazer para trocar mais da metade de lugar sem tira-los do mercado? 

 

“Um dos grandes problemas das empresas, que nem no período da crise e do aumento do desemprego foi superado, é a troca de pessoal, o turnover. Qual prejuízo que isso tem para as empresas? Todo treinamento que a empresa investe nos funcionários deixa de existir quando ela perde este talento para alguma concorrência. Combater o turnover das empresas é um dos grandes desafios para construção da produtividade no Brasil”, disse ao Blog o economista Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva. 

 

A mesma estatística do IBGE que mostra que o desemprego diminuiu nos últimos seis meses revela que 74% das vagas criadas entre janeiro e outubro deste ano estão na informalidade. Com a legislação trabalhista que surge depois da reforma, espera-se que boa parte deste contingente seja formalizado sob novas condições que não necessariamente a carteira de trabalho. 

 

A pesquisa do Locomotiva mostrou que, dos 1019 entrevistados, 81% conhecem o tema da reforma trabalhista, mas não se consideram informados sobre as mudanças. A ameaça do desemprego pode ter se arrefecido com a melhora dos últimos meses, mas a preocupação com futuro, não, já que 87% disseram estar preocupados com os efeitos que a nova CLT vai causar no mercado. 

 

Mesmo que convivendo com a insegurança com a nova legislação, os trabalhadores sinalizam que o salário não é a única forma de motivação para gerar satisfação. Para 87% dos entrevistados pelo Locomotiva, as premiações em produtos e serviços são uma boa forma de as empresas valorizarem seus funcionários. Já 80% acreditam que programas de premiação podem estimular muito a sensação de reconhecimento, a produtividade e a melhora do ambiente de trabalho, além da satisfação geral.

 

“A pesquisa deixou claro que, infelizmente, não basta apenas um bom salário para manter os funcionários motivados. Quando mais da metade de trabalhadores formais querem mudar de emprego, alguma coisa precisa ser revista no jeito em que as empresas estão engajando a sua força de trabalho”, disse Renato Meirelles. 

 

Parece que está faltando também psicologia e noção de relações humanas dentro das empresas brasileiras. Numa escala de graus de satisfação dos trabalhadores, é como se salário fosse essencial, premiação fosse sensacional e o reconhecimento “imaterial”, fosse extraordinário. 

 

A pesquisa mostra que 96% das pessoas consideram importante que as empresas reconheçam seus funcionários por meio de recompensas materiais como dinheiro, viagens, vale-presente, etc. E 90% consideram que este reconhecimento pode vir sob outras formas, como elogios, homenagens até mesmo uma estrela no peito, desde que seja uma atitude que valorize a entrega do trabalhador.