RIO - Casebres e vielas vão dando lugar a um novo cenário na favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, ocupado por militares da Força de Paz desde novembro do ano passado. O último grande empreendimento numa área de dez mil metros quadrados — que já abriga o cinema 3D e uma quadra — será inaugurado na sexta-feira: a Praça do Conhecimento. Fazem parte dela lojas, uma área de lazer e, principalmente, um prédio de cinco mil metros quadrados que funcionará como um centro de tecnologia e cultura.
Em apenas três dias, o centro já recebeu 120 inscrições e a associação de moradores, outras 60 de interessados em participar dos cursos profissionalizantes e das oficinas. Os treinamentos já começaram antes mesmo da inauguração. Na quarta-feira, uma oficina ensinava conceitos básicos de fotografia a cerca de 20 alunos, moradores do complexo, com idades e níveis de instrução diferentes. Aos 21 anos, Vicente Barros, do Morro da Baiana, está desempregado, e vê no curso uma nova perspectiva.
— Não tenho máquina, estou só começando, mas aprendi que o mais importante na fotografia é o olhar — disse Vicente.
Estão previstos cursos de tecnologia da informação e comunicação, como design gráfico, vídeo e fotografia, computação e informática. Além disso, há salas com computadores para uso livre, miniarena para espetáculos, videoteca e cyber café.
— Além dos cursos, os moradores também vão poder frequentar o prédio para acessar à internet, assistirem a mostras e shows. Tablets e notebooks também estarão disponíveis para empréstimo — explicou o secretário municipal de Habitação, Jorge Bittar.
As obras do programa Morar Carioca, que começaram há dois anos, receberam R$ 87 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 1.
A expectativa é formar, anualmente, cerca de 400 pessoas nos cursos e promover workshops para 240. Professores da Oi Kabum! Escolas de Arte e Tecnologia e Cisco Networking Academy vão ministrar as aulas. Uma das alunas do Oi Kabum estreou ontem como monitora na oficina de fotografia.
— Estou um pouco nervosa e até emocionada. Sempre via crianças nas bocas e fumo e tinha este desejo de trazer o que aprendi para a minha comunidade — disse.