Por G1 Rio, TV Globo e GloboNews


Estragos causados pela chuva no bairro de Higienópolis, na Zona Norte — Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

As autoridades seguem contabilizando os estragos causados pela mais forte chuva já registrada pelo Centro de Operações da Prefeitura do Rio, que causou quatro mortes na madrugada desta quinta-feira (15). De acordo com a Secretaria de Assistência Social, mais de 350 famílias tiveram que deixar suas casas, o que, segundo a pasta, representa um total de mais de 2 mil pessoas.

A maior parte delas está em Campo Grande, onde bairros inteiros foram alagados, e no Complexo do Alemão. Veja a relação divulgada pela secretaria:

  • Jardim Maravilha/Margaça – 120 famílias atendidas até o momento (sete pediram acolhimento)
  • Parque Everest: 250 famílias atendidas. Destas, 41 tiveram as casas interditadas, mas não quiseram acolhimento.
  • Morro dos Macacos: 4 famílias desalojadas
  • Quintino: 1 família desalojada e dois óbitos
  • Martin Luther King: 4 famílias desalojadas (sem demandas)
  • Cascadura: 1 família desalojada (1 óbito - adolescente de 15 anos)
  • Jacarezinho: 16 famílias atendidas, mas sem demandas
  • Ouro Preto: 4 famílias desalojadas (sete casas interditadas e três famílias não estavam no local)
  • Serrinha: 25 famílias desalojadas, que vão receber cesta básica
  • Morrinho: 10 famílias desalojadas, que vão receber cesta básica
  • Cordovil: 4 famílias desalojadas

Temporal no Rio mata quatro pessoas e deixa mais de dois mil desalojados

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O secretário de Assistência Social, Pedro Fernandes, explicou que os números devem variar nas próximas 24 horas. Após esse período, será possível determinar quantas pessoas estarão de fato sem um teto. Dos mais de 2 mil desalojados, 26 já são considerados desabrigados.

Além disso, o representante disse que já serão distribuídos 560 colchonetes e 560 cestas básicas para as famílias vítimas do temporal. Também há uma verba emergencial prevista para comprar mais 500 cestas, cada uma custa em média R$ 54. A prefeitura, então, iria desembolsar R$ 27 mil para comprar as centenas de cestas. O secretário também afirmou que 150 famílias já pediram para serem incluídas no aluguel social.

Em nota, a Subsecretaria de Defesa Civil informou que recebeu, das 22h de quarta (14) às 16h50 de quinta, 631 chamados para realização de vistorias em edificações. Até o fim da tarde, 182 ocorrências emergenciais haviam sido atendidas. Após análises, os técnicos interditaram 51 imóveis, sendo 41 no Complexo do Alemão e 10 em Cascadura.

Temporal deixa quatro mortos no Rio

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Resumo dos danos causados pela chuva:

  • 4 pessoas morreram
  • 350 famílias desalojadas (mais de 2 mil pessoas)
  • 51 imóveis interditados (muitos ainda não foram vistoriados)
  • falta de luz em vários bairros (algumas regiões estão sem energia desde a noite de quinta)
  • queda de trecho da ciclovia Tim Maia (vice-prefeito atribuiu a erro de projeto)
  • da Europa, prefeito Marcelo Crivella disse estar 'atento'
  • Rio ficou 5 horas em 'estágio de crise'
  • Choveu em 1 hora (de 0h a 1h) o máximo registrado em 21 anos
  • 77 sirenes foram acionadas em 44 comunidades
  • 7 mil raios foram registados
  • 35 árvores ou postes desabaram
  • queda de dirigível e alagamentos interromperam trens
  • Cinco prédios da Justiça foram interditados por alagamentos
  • Seis hospitais sofreram estragos e prejuízo no atendimento
  • Polícia Federal suspendeu emissão de passaportes no Galeão

Dezenas de casas estão ilhadas no Magarça, Campo Grande — Foto: Reprodução / Tv Globo

Mortes

Dois moradores de Quintino, na Zona Norte do Rio, morreram. Segundo vizinhos, a água invadiu as casas como "um tsunami". Os moradores que dividiam o terreno com Marcos Garcia, de 59 anos, e Jupira Magalhães, de 62, ficaram chocados com o que ocorreu. A força da água derrubou um muro em cima de uma das vítimas.

Em entrevista à GloboNews, o vizinho de Marcos e Jupira contou que a chuva invadiu sua casa por volta das 1h15. Segundo ele, a água demorou 40 minutos para baixar.

'Só achamos a senhora já sem vida quando a água abaixou', diz vizinho de mulher morta

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"Foi horrível, foi horrível. A água subiu mais de dois metros do outro lado, arrebentou o meu quarto, e saiu como um tsunami de dentro dali", afirmou o rodoviário Edmar da Silva.

O temporal também matou outras duas pessoas: um adolescente de 15 anos em Cascadura, e um sargento da PM que teve o carro atingido por uma árvore em Realengo.

Estágio de crise e chuva recorde

A chuva causou interdições, falta de energia, alagamentos e derrubou um trecho da ciclovia Tim Maia. A prefeitura recomendou à população que evitasse circular na cidade pela manhã.

Nos primeiros minutos da quinta-feira, o município entrou em estágio de crise, o mais grave em uma escala de três níveis. Após cerca de cinco horas, às 5h30 a cidade retornou ao estágio de atenção, mas várias vias seguiram interditadas e serviços ficaram suspensos, como trens e o BRT.

Segundo dados do Alerta Rio, em uma hora (de 0h à 1h), foram registrados 123,6 mm de chuva na estação Barra/Riocentro. Este é o maior volume de chuva registrado, no período de uma hora, na série histórica. O órgão armazena os dados de chuva do município desde 1997. Antes, o recorde de chuva em uma hora havia sido de 116,2 mm, em Campo Grande, em 19 de março de 2000.

Prefeito no exterior

Prefeito do Rio segue em viagem internacional mesmo após temporal

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O prefeito Marcelo Crivella não está no Rio. Desde o início do carnaval, ele está na Europa. A previsão é que ele volte na sexta-feira (16) ao Rio. Nesta quinta, ele postou uma mensagem em que diz estar 'acompanhando a situação' e 'atento' a emergências.

O vice-prefeito, Fernando Mac Dowell, esteve à tarde em São Conrado, onde um trecho da Ciclovia Tim Maia desabou – um outro trecho desabou em abril de 2016, causando duas mortes.

"O projeto está errado. Tem que fazer todo o dimensionamento outra vez. A ciclovia caiu porque não foi dimensionado adequadamente", opinou.

O consórcio Odebrecht, responsável pela construção da ciclovia no trecho Barra/São Conrado, informou que o afundamento do solo ocorreu em função do mal funcionamento da rede de drenagem do local, que não pertence ao escopo da obra do consórcio.

Segundo informações da GloboNews, o Ministério Público Federal já havia conseguido na Justiça a interdição da Ciclovia Tim Maia, mas a Prefeitura do Rio recorreu e conseguiu a reabertura.

Ciclovia desabou em São Conrado após terra ceder — Foto: Marcos Serra Lima/G1

Vice-prefeito, Fernando Mac Dowell acompanha vistoria na Ciclovia Tim Maia — Foto: Marcos Serra Lima/G1

Na Barra, em apenas uma hora, a estação do Alerta Rio registrou 119% da chuva esperada para todo o mês de fevereiro — entre 23h45 e 0h45, foram 123,2mm. Em uma casa de shows do bairro, que tinha Thiaguinho como uma das atrações, o toldo da festa caiu e pessoas ficaram feridas.

PF suspende emissão de passaporte no Galeão

Por causa da chuva, a Polícia Federal (PF) suspendeu a emissão de passaporte agendada para esta quinta-feira no posto do Galeão. Os registros de estrangeiros também não serão feitos.

A PF pede que as pessoas que tinham agendamento marcado nesta quinta não se desloquem até o aeroporto e afirma que o serviço já está sendo automaticamente reagendado – o atendimento será feito assim que o serviço seja restabelecido no local.

A nova data marcada estará disponível para o usuário no site www.dpf.gov.br. O atendimento nos demais postos ocorre normalmente.

Mapa mostra principais estragos causados pela chuva no Rio nesta quinta-feira (15) — Foto: Claudia Peixoto/Editoria de Arte G1

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