15/09/2012 06h19 - Atualizado em 23/02/2013 06h37

Látex extraído das seringueiras serve para fabricar de pneu à luva cirúrgica

Entenda como é o processo de extração da seiva e a sua comercialização

Seringueira (Foto: Divulgação)Exemplo de corte realizado na seringueira para a
extração do látex (Foto: Divulgação)

Ela é fonte de matéria-prima para a fabricação vários produtos, desde pneus a utensílios de cozinha, incluindo brinquedos, luvas de borracha e preservativos. Trata-se da seringueira, árvore nativa da Amazônia, de onde é extraído o látex, seiva que quando coagulada dá origem à borracha natural. No Brasil, a extração do látex, outrora chamado de ouro branco devido à sua grande relevância econômica durante o ciclo da borracha, entre 1880 e 1910, supre somente um terço das necessidades do país, conforme explica Maria do Pilar das Neves, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa - Amazônia Oriental).

“O Brasil é carente de borracha, que está entre os itens mais importados. Para se ter uma ideia, são mais de 400 produtos que têm como base a borracha natural para a sua confecção, incluindo pneus de carro e de avião, que exigem na composição um determinado percentual de látex. O objetivo é garantir que haja elasticidade, o que não ocorre com a borracha originada do petróleo, por exemplo. Além disso, o látex serve de insumo para a fabricação de brinquedos para bebê e de produtos para pessoas alérgicas, apesar de que a borracha natural pode causar reações na pele de algumas pessoas”, ressalta a pesquisadora.

Maria do Pilar lembra que com o passar dos anos, a produção de látex descentralizou da Região Amazônica para outras localidades, abrangendo os estados de São Paulo, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, entre outros. “Por hectare, pode haver de 400 a 500 seringueiras, que devem ser plantadas com distância de 8 metros entre elas e em fileiras afastadas por 2,5 metros. Nesse espaço, após um período de oito anos do plantio das mudas, é possível produzir de 1,5 a duas toneladas de látex por ano”, explica Maria.

Mas como é feita a extração da seiva da seringueira? O látex, líquido esbranquiçado e de aspecto viscoso, composto basicamente por hidrocarbonetos, incluindo pequenas porcentagens de proteínas, carboidratos e lipídios, é extraído por meio de incisões na casca da seringueira, processo que é chamado de sangria.

Nesse método, é feita a remoção de um pequeno volume de casca da árvore, em um corte inclinado a 30º, permitindo o escoamento da seiva, que desemboca em pequenas canecas afixadas no tronco da árvore. “O látex coagula muito rápido, e para evitar isso, é preciso diluí-lo em uma solução de amônia. Como o Sol também afeta a propriedade da seiva, o trabalho de sangria começa ainda bem cedo para que não haja diminuição da produção. Uma seringueira pode produzir, em média, de 40 a 60 gramas de seiva por dia, chegando no máximo a 100 gramas, e sua extração pode ser feita por mais de 20 anos”, aponta a pesquisadora.

Depois de extraído, há algumas formas de armazenamento do látex para sua posterior comercialização. Antes disso, quando coagulado, ele é introduzido em máquinas específicas que o moem, denominadas de mastigadoras. Nesse momento, o material é misturado e empastado, separando as impurezas. São misturadas à borracha substâncias como o enxofre, que a torna mais dura, porém mantém sua elasticidade.

“Existem outras formas de comercialização do látex, que pode ser apresentado na forma coagulada, chamada também de sernambi, dentro de cumbucas. Há também a comercialização do látex em forma líquida, entregue em latas tampadas, geralmente combinado com amoníaco para que não coagule. Dependendo de qual produto será fabricado, é exigido o látex em estados físicos diferentes. Em fábricas de pneu, por exemplo, são demandados os sernambis. Para a fabricação de preservativos, ou luvas cirúrgicas, já é preciso do látex na forma líquida”, especifica a pesquisadora.
 

 

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