Por G1


O anúncio feito pelo presidente Jair Bolsonaro de que a nova gestão do Ministério da Educação estudava "descentralizar" investimentos aos cursos de filosofia e sociologia mobilizou a comunidade acadêmica internacional. Um manifesto contrário à proposta já recebeu o apoio de mais de mil pesquisadores e acadêmicos de universidades de todo o mundo.

O documento foi organizado pela Gender International, uma aliança mundial de pesquisadores dos estudos de gênero e sexualidade, e divulgado pelo jornal francês "Le Monde" no fim de semana.

Segundo o "Le Monde", o manifesto foi uma reação dos pensadores de todo o mundo "contra as graves consequências de tais medidas".

MEC estuda corte de investimentos nas faculdades de ciências humanas

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O texto lembra ainda que anunciar o corte de verbas para os cursos de humanidades já foi tentado antes e não deu certo. O exemplo foi o Japão, mesmo país citado pelo atual ministro da Educação, Abraham Weintraub, para justificar adotar medidas parecidas no Brasil.

Segundo Weintraub, o governo japonês "está tirando dinheiro público do pagamento de imposto" para as faculdades de filosofia, e que "ele [Japão] coloca em faculdades que geram retornos de fato, enfermagem, veterinária, engenharia, medicina".

O texto do manifesto divulgado nesta semana, porém, lembra que medidas como essa já obrigaram o governo japonês a recuar, "depois de protestos nacionais e internacionais".

Mais de mil assinaturas

Até a noite desta segunda-feira (6), 1.098 nomes constavam na lista. Pesquisadores brasileiros e estrangeiros, vinculados a centenas de universidades e instituições, assinaram o manifesto.

Há representantes de universidades com prestígio mundial, como Harvard, Yale, MIT, Oxford, Cambridge, Sorbonne, Columbia e Berkeley.

Professores e pesquisadores de universidades menos conhecidas e de países mais distantes também assinaram o documento. Além de Estados Unidos, Reino Unido e França estão Austrália, Hong Kong, Croácia, Argentina, Espanha, Alemanha, Dinamarca, Chile, Áustria, Finlândia, México, Itália e Canadá, entre outros.

Assinaram ainda pesquisadores mundialmente famosos, como a filósofa Judith Butler, uma das principais referências em questão de gênero e teoria "queer", que já esteve no Brasil e comentou o ensino das questões de gênero nas escolas brasileiras:

Judith Butler fala sobre a questão de gênero nas escolas brasileiras

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