• 10/01/2018
  • Por Giovanna Maradei | Fotos: Divulgação
Atualizado em
Ray Kaiser Eames (Foto: Divulgação)

Ray Kaiser Eames (Foto: Divulgação)

São muitas as reivindicações dos movimentos feministas atuais.  O pagamento de salários iguais é um deles, o direito sobre o próprio corpo é outro, e por aí vai. Uma reivindicação, no entanto, parece estar no fundo de todas as outras. É a busca pelo reconhecimento da história, vivida e escrita pelas mulheres. Uma dívida que a cada dia fica mais cara, mas que começa a ser revertida por iniciativas como a Pioneering Women of American Architecture, tema da primeira reportagens da coluna Feito por Elas de 2018!

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Criado pela Beverly Willis Architecture Foundation, o site lançado em dezembro de 2017, elege as 50 mulheres pioneiras na arquitetura norte-americana. A plataforma reúne informações sobre a carreira e o trabalho de profissionais de peso, todas nascidas antes dos anos 1940 e com duas características em comum: um trabalho de extrema relevância para a história da arquitetura nos EUA e um assustador anonimato.

Site reúne perfis das 50 mulheres pioneiras na arquitetura americana (Foto: Divulgação)

O grupo de pesquisa, definido pelo próprio site como “um dos maiores a se dedicar exclusivamente às contribuições das mulheres para os EUA”, incluiu um júri de historiadores da arquitetura, que se responsabilizou pela escolha dos nomes, além de autores selecionados a dedo para mergulhar na história de cada uma dessas mulheres e traçar seus perfis independentes.

Para além da relevância histórica, o projeto se destaca por, indiretamente, deixar evidente duras consequências do machismo na sociedade, como a profunda ausência de nomes femininos nos registros históricos e a subvalorização do trabalho feminino, uma vez que profissionais com muitos louros e perfis bastante diversos, quando conhecidas pelo público, costumam ter sua obra reduzida a pequenas colaborações ao trabalho de seus renomados maridos (ou outros grandes profissionais homens).

Marion Mahony Griffin (Foto: Divulgação)

Marion Mahony Griffin (Foto: Divulgação)

É o caso, por exemplo, de Ray Eames, artista e designer que fez carreira ao lado do marido, Charles Eames e hoje divide até mesmo a página da Wikipedia como ele. E Marion Mahony Griffin; que fez inúmeros trabalhos ao lado de Frank Lloyd Wright, mas também foi eleita pelo crítico Reyner Banham "a primeira mulher arquiteta dos EUA (e talvez do mundo) que não precisa dar satisfações em um mundo de homens”.

“Mais para frente, esperamos que este projeto possa mover a arquitetura criada pelas mulheres para o centro da história arquitetônica e convidar mais mulheres jovens para estudar e praticar a arquitetura”, contam Mary McLeod e Victoria Rosner, codiretoras do projeto.

As pesquisadoras também fazem questão de ressaltar que, além dos marcantes trabalhos no desenvolvimento de projetos de urbanismo, arquitetura e design, as mulheres perfiladas “quebraram muitas barreiras, tanto sexuais quanto raciais, desafiando as instituições da própria arquitetura, bem como muitas das convenções sociais e estereótipos de gênero de seu tempo”. Apenas mais um grande motivo para celebrar suas trajetórias hoje e sempre.

Giovanna Maradei é repórter online da Casa Vogue, feminista e fundadora da Iniciativa “Todas as Mulheres do Mundo”. Autora da coluna Feito por elas, a jornalista acredita que é compartilhando o trabalho e as histórias de mulheres criadoras que ficamos mais próximos de um mundo mais justo e igual para todos.