Brasil

EUA investem US$ 421 milhões em vacina experimental, que será fabricada mesmo em fase de testes

Iniciativa da Johnson & Johnson usa tecnologia usada contra Ebola e contará com verba de US$ 1 bilhão ao todo
Pesquisador trabalha em vacina contra coronavírus na Universidade de Copenhaguem. Foto: Thibault Savary / AFP
Pesquisador trabalha em vacina contra coronavírus na Universidade de Copenhaguem. Foto: Thibault Savary / AFP

NOVA YORK e BENGAURU (ÍNDIA) — A Johnson & Johnson anunciou nesta segunda-feira que investirá, junto com o governo americano, US$ 1 bilhão para fabricar mais de um bilhão de doses de uma possível vacina para o coronavírus. Trata-se de uma vacina candidata que foi selecionada e está sendo testada pela própria Johnson & Johnson.

Como parte do acordo, o governo dos EUA dará US$ 421 milhões para ajudar a empresa a ampliar sua capacidade de fabricação. A Johnson & Johnson disse que iniciaria o teste em humanos em setembro, com o objetivo de ter a vacina pronta no início de 2021, sob uma autorização de uso emergencial. Esse período seria muito mais curto do que os habituais 18 meses necessários para o teste, a aprovação e fabricação de uma vacina.

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O diretor científico da Johnson & Johnson, Paul Stoffels, disse que a empresa precisa aumentar sua capacidade de produção agora, mesmo sem sinal de que seu experimento funciona. Embora ainda não saiba se a vacina será aprovada, a empresa vai arriscar.

— Essa é a única opção para chegarmos a tempo — disse Stoffels.

A Johnson & Johnson possui uma fábrica na Holanda que pode produzir até 300 milhões de doses da vacina, acrescentou o cientista. Isso não seria o suficiente para o mundo, alertou ainda.

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Stoffels disse que a companhia está começando a construir nos Estados Unidos uma fábrica que será reservada à produção de vacinas e deve ficar pronta até o fim do ano, quando os ensaios clínicos mostrarão se o experimento funciona.

Quase metade do US$ 1 bilhão virá da Autoridade Biomédica Avançada de Pesquisa e Desenvolvimento dos EUA (BARDA), que busca ampliar a colaboração antiga que já mantinha com a Johnson & Johnson.

Stoffels disse que a empresa também está procurando por fábricas em outras partes da Europa e Ásia capazes de produzir o tipo de vacina em que a empresa está trabalhando.

Tecnologia usada contra o Ebola

Até agora, a companhia não ministrou nenhuma dose de sua vacina aos seres humanos. Mas Stoffels disse que a vacina contra o coronavírus será baseada na mesma tecnologia usada para fabricar a vacina contra o Ebola, que tem sido amplamente usada em pessoas, e a empresa acredita que ela se mostrará segura.

Em testes de laboratório, o candidato da Johnson & Johnson produziu fortes anticorpos neutralizantes contra o vírus — o tipo necessário para obter uma vacina bem-sucedida.

A J&J continuará testando a vacina em estudos com animais nos próximos meses e planeja iniciar testes em humanos em setembro.

Os Estados Unidos, com mais de 143 mil casos confirmados de Covid-19, concentra a maioria dos episódios registrados no mundo todo — onde a doença já matou mais de 35 mil pessoas.

Este mês, a Moderna começou o teste inicial da vacina experimental contra o coronavírus em voluntários saudáveis, tomando a liderança na corrida dos laboratórios para desenvolver uma vacina viável.