Por TV Globo, G1 Rio e GloboNews


Justiça Militar ouve testemunhas da ação do Exército que fuzilou carro no Rio

Justiça Militar ouve testemunhas da ação do Exército que fuzilou carro no Rio

Começou por volta das 14h desta terça-feira (21) a audiência com testemunhas da ação de militares do Exército, que dispararam mais de 200 tiros contra o carro do músico Evaldo Dos Santos, deixando ele e o catador Luciano Macedo mortos. Oito pessoas foram ouvidas nesse primeiro dia de prestado depoimento.

Nove militares estão presos pelo crime, em Guadalupe, Zona Norte do Rio. A juíza federal Mariana Aquino de Campos que conduziu os depoimentos das testemunhas arroladas pelo Ministério Público.

A primeira testemunha foi o contador Marcelo Monte Bartoly, que teve seu carro assaltado minutos antes por bandidos, na mesma região em que aconteceu o crime, em Guadalupe.

Marcelo disse que três homens desceram de um Ford Ka Sedan branco. Dois deles, armados, entraram em seu carro e levaram o veículo. Marcelo disse que conseguiu correr e que, quando estava afastado, chegou um blindado com vários militares. Logo depois, disse que ouviu um barulho alto de tiros de fuzil.

Em depoimento, logo após a prisão dos militares, eles contaram que participavam de uma perseguição a assaltantes, que estariam num carro do mesmo modelo e cor ao usado pelas vítimas.

Marcelo, durante a audiência desta terça-feira, disse que encontrou os militares mais à frente no lugar onde estava parado o carro do musico Evaldo dos Santos, que era igual ao dos assaltantes. Disse que os militares pediram que ele tentasse reconhecer as pessoas baleadas para ver se eram os criminosos, mas Marcelo disse que não reconheceu ninguém.

Evaldo era músico — Foto: Reprodução/Facebook

Viúva se emociona

O segundo depoimento foi de Luciana Santos, viúva de Evaldo dos Santos. Muito emocionada, ela pediu que os militares acusados fossem retirados da sala.

Ela disse que os militares chegaram atirando e que pediu calma ao marido quando ele perdeu o controle do carro, mas Evaldo não respondeu mais. Luciana contou que saiu do carro correndo para proteger o filho de sete anos e que apareceu muita gente para tentar ajudar.

Luciana disse que pediu ajuda para os militares, mas eles se recusaram a socorrer o marido, que já estava morto quando os bombeiros chegaram. A mulher disse ainda que um dos militares debochou dela rindo com a arma em punho.

Mulher do catador grávida

A terceira a depor foi Dayane Ohara, mulher do catador Luciano Macedo. Ela contou que o marido passava pelo local quando ouviram os tiros e que Luciano decidiu deixar o carrinho para socorrer a Luciana e o filho, que pediam ajuda.

Dayane contou que, logo depois, o catador correu para prestar socorro a Evaldo, mas que não viu o momento quando ele foi atingido.

Também foram ouvidos a amiga que estava no carro na hora dos tiros e não foi atingida, três moradores da região e o sogro de Evaldo que foi ferido e ficou internado por vários dias.

O Superior Tribunal Militar deve se reunir na próxima quinta-feira (23) para retomar o julgamento do pedido de liberdade aos militares presos. A audiência foi interrompida após o voto de quatro ministros. Três votos foram favoráveis ao pedido de liberdade e um voto foi contrário.

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