Por Leslie Leitão, Guilherme Santos e Henrique Coelho, TV Globo e G1 Rio


Imagens mostram PMs correndo atrás de carro de turista espanhola na Rocinha, no Rio

Imagens mostram PMs correndo atrás de carro de turista espanhola na Rocinha, no Rio

A turista espanhola Maria Esperanza Ruiz Jimenez, de 67 anos, morreu após ser baleada na Favela da Rocinha, nesta segunda-feira (23), em mais uma manhã de tiroteios na comunidade. Por meio de nota, a Polícia Militar informou que o carro no qual ela estava furou um bloqueio feito pelos policiais e, por isso, os PMs fizeram disparos contra o veículo.

Tiro que atingiu carro onde estava a turista espanhola. — Foto: Reprodução/ TV Globo

Imagens de câmera de segurança, obtidas pelo jornal O Globo, mostram pelos menos três policiais correndo atrás. Nas mesmas imagens é possível ver um furgão branco passando pelo bloqueio, como mostrou a GloboNews.

Em depoimento, o motorista, um italiano e vive há quatro anos no Brasil, negou ter recebido qualquer ordem para parar e que tenha furado a blitz. Ele disse que não notou a barreira policial ou qualquer tiroteio. A PM informou que só constatou se tratar de uma turista após abordar o carro. Segundo testemunhas, nove tiros foram ouvidos.

Turista espanhola foi morta na Rocinha, na Zona Sul do Rio — Foto: Reprodução

PM que atirou é identificado

A Corregedoria da Polícia Militar informou na tarde desta segunda que identificou o policial autor do disparo que matou a turista. Segundo a PM, as armas já foram recolhidas para perícia e o caso está sendo investigado.

A Secretaria de Estado e Segurança diz que lamenta a morte que acompanha a apuração dos fatos junto à Corregedoria da Polícia Militar e à Divisão de Homicídios da Polícia Civil, que investiga o caso.

Maria Esperanza foi atingida no pescoço e chegou a ser socorrida, mas morreu antes de chegar ao Hospital Miguel Couto, na Gávea, também na Zona Sul. Cinco pessoas estavam no carro sendo três espanhóis, uma guia brasileira e o motorista italiano.

No hospital, a polícia ouviu dois acompanhantes da turista. Eles disseram que não foram avisados da situação de risco da Rocinha nas últimas semanas (entenda abaixo). A polícia investiga se a empresa de turismo tem responsabilidade.

Após deixarem o hospital, os espanhóis, acompanhados do vice-cônsul da Espanha no Rio, José Luiz Garcia Mira, seguiram para a Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat), no Leblon, onde estavam sendo ouvidos na tarde desta segunda. O cônsul do país europeu, Manuel Salazar, também está na delegacia.

O cônsul da Espanha, Manuel Salazar, chega à delegacia que investiga morte de espanhola na Rocinha — Foto: Henrique Coelho/G1

Mais três baleados

Além da espanhola, dois policiais militares e um criminoso foram baleados em uma troca de tiros na área chamada de 199.

Um dos PMs foi ferido na cabeça de raspão e outro no tórax. Um criminoso baleado também foi encontrado por agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade. Ele acabou reconhecido por agentes do Batalhão de Choque como um dos envolvidos na troca de tiros.

Os policiais apreenderam uma pistola, uma submetralhadora e outros armamentos.

Rocinha, na Zona Sul do Rio. — Foto: Henrique Coelho/ G1

Há mais de um mês, a Rocinha vive uma rotina confrontos. Os tiroteios se intensificaram com a disputa entre traficantes. O bando de Rogério Avelino, o Rogério 157, e o do seu antigo chefe, Antônio Bonfim, o Nem, disputam o controle do tráfico de drogas.

Depois de dias de intensa troca de tiros, as Forças Armadas foram chamadas para cercar a comunidade, junto com tropas policiais. Rogério 157 e a maior parte de seus comparsas fugiram, utilizando a mata atrás da Rocinha. Segundo investigadores, o chefe do tráfico deixou o esconderijo na garupa da moto do funkeiro MC Tikão, preso no domingo.

Desde então, tiroteios são rotina na comunidade e também em outras favelas do Rio – locais para onde pode ter fugido Rogério 157 e outros traficantes. Nesta segunda, o prefeito Marcelo Crivella pediu a volta das Forças Armadas à Rocinha.

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