Rio Intervenção no Rio

Crivella diz que é ‘impossível’ entrar em comunidade carente sem violência

Prefeito do Rio participa de reunião com Temer para discutir segurança pública
O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, participa de reunião no Planalto sobre segurança pública Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo
O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, participa de reunião no Planalto sobre segurança pública Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo

BRASÍLIA - O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella , disse, nesta quarta-feira, que o Exército tem competência para reduzir os possíveis danos decorrente de ações da intervenção federal na segurança, mas que é "impossível fazer uma incursão na comunidade carente sem que haja uma certa ação de violência".

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Crivella comentou o pronunciamento do alto-comissário das Nações Unidas, Zeid Ra’ad Al Hussein, que manifestou preocupação com a intervenção federal no Rio de Janeiro. Em um pronunciamento no Conselho de Direitos Humanos da ONU, nesta quarta-feira, Zeid disse que "as forças armadas não são especializadas em segurança pública ou investigação” e cobrou ações do governo brasileiro para evitar violações de direitos.

—  Tudo na vida pode ser perigoso. Agora o Exército tem competência, tecnologia, para reduzir os danos. É impossível também você fazer uma incursão na comunidade carente sem que haja uma certa ação de violência porque a criminalidade ali é muito grande, é muito forte. Agora, para que isso não tenha danos colaterais na população, o uso de drones e outras tecnologias de inteligência, de plantar pessoas antes para verificar exatamente onde é a ação dos traficantes, onde estão as armas, isso tudo o Exército sabe fazer e com certeza fará  — disse Crivella.

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O prefeito participou nesta manhã de uma reunião em Brasília com o presidente Michel Temer e prefeitos de outras capitais para discutir segurança pública. Durante a reunião, Temer informou que o BNDES vai oferecer uma linha de financiamento de R$ 10 bilhões aos municípios para investimento em projetos de segurança pública. O dinheiro faz parte dos R$ 42 bilhões que o banco irá repasses para os governos estaduais, como anunciado na semana passada.

Crivella disse que o dinheiro oferecido pelo governo federal não era suficiente, mas já era um bom começo:

— Olha, suficiente nunca é, mas é um bom começo. E a gente está colocando a questão da segurança na prioridade das discussões públicas. O Rio é o epicentro de uma crise que se alastra pelo Brasil inteiro. Em quase três horas de reunião eu anotei aqui as experiências e sugestões de todos os prefeitos das capitais. Agora vai ter uma nova reunião no dia 21 com o ministro da Segurança Pública, ele vai ouvir nossos secretários e propor um plano. Eu acho que o Brasil está caminhando para dar um basta nessa insegurança crescente que agonia a população — disse o prefeito.

O prefeito defendeu ainda a importância da linha de financiamento para investimentos em segurança:

— É muito importante que uma cidade como a nossa, com índices de violência aumentando, que a gente tenha nesse momento de intervenção o entendimento das autoridades federais para que nos ajude com investimentos — concluiu Crivella.