Rio

Geo-Rio mapeia 9 favelas inteiras em áreas de alto risco

RIO - O Rio tem hoje nove favelas com 100% das moradias construídas em encostas com alto risco de deslizamento. Estas comunidades, totalizando 1.345 casas em morros como Sítio do Pai João (Itanhangá), Chacrinha (Tijuca) e Matinha (Rocinha), ocupam juntas 28,39 hectares de encostas (283.900 metros quadrados ou 34 campos do Maracanã) do Maciço da Tijuca e da Serra da Misericórdia. E fazem parte de uma lista de 117 favelas com pelo menos 17.244 moradias em situação de alta vulnerabilidade, conforme mapeamento feito pela Geo-Rio após as chuvas de abril passado. Segundo o estudo, outras nove mil casas estão em áreas de médio risco.

No total, os imóveis suscetíveis a alta e média probabilidades de deslizamentos chegam a ocupar 5,05 quilômetros quadrados de encostas ou 612 campos de futebol. O estudo, antecipado por Ancelmo Gois em sua coluna no GLOBO no dia 1º, será levado pelo prefeito Eduardo Paes à presidente Dilma Rousseff, num encontro que ainda será agendado. Segundo Paes, o governo federal já teria aprovado a aplicação de R$ 170 milhões em obras de contenção de encostas na cidade, dentro da segunda fase do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC 2). O dinheiro, contudo, ainda não foi repassado e o encontro servirá para pedir celeridade nos repasses.

( Rio tem pelo menos 18 mil imóveis em áreas de alto risco de deslizamentos de terra ) Das áreas visitadas, 30% de alto risco

O mapeamento da Geo-Rio rastreou 1.255 quilômetros quadrados de encostas de toda a cidade, para indicar as áreas de maior vulnerabilidade geológica. Considerados mais críticos, por conta da topografia e do histórico de ocupações irregulares, cerca de 280 quilômetros quadrados do Maciço da Tijuca e da Serra da Misericórdia - abrangendo 52 bairros - receberam atenção especial. Um total de 13 quilômetros quadrados em 196 favelas foi visitado pelos técnicos da Geo-Rio.

Os pontos de alto risco representam 30% das áreas visitadas. Nesta região considerada mais crítica, o estudo chegou a mapear 20.194 casas muito suscetíveis a desabamentos, mas, segundo a prefeitura, 2.980 imóveis em 47 comunidades já foram beneficiados por ações públicas nos últimos nove meses: 1.650 com obras de contenção de encostas e 1.330, com realocação por aluguel social ou através dos programas Minha Casa Minha Vida (federal) e Morar Carioca (municipal).

De acordo com o levantamento, as dez comunidades com o maior número de imóveis em áreas de alto risco são: Rocinha (1.655 moradias); Morro do Alemão (1.025); Borel (990); Morro do Barão, na Praça Seca (740); Urubu, em Pilares (545); Bispo, no Rio Comprido (480); Joaquim de Queiroz, no Complexo do Alemão (460); Macacos, em Vila Isabel (380); Vidigal e Formiga (Tijuca), ambas com 370. Encostas nobres na mira da prefeitura

Já as nove comunidades com 100% de sua área em zona de alto risco são: Sítio do Pai João, no Itanhangá, onde existem 340 casas em situação de perigo; Morro da Chacrinha, na Tijuca (310); Morro da Cotia, no Lins (210); Travessa Antonina, na Praça Seca (175); Morro da Bacia, no Engenho Novo (120); Morro do Rato, no Estácio (65); Rua Mira, em Olaria (75); Morro do Bananal, na Tijuca (30); e a localidade da Matinha, na Rocinha (20 casas).

O mapeamento ainda será esmiuçado no restante da cidade, sobretudo no entorno do Maciço da Pedra Branca, na Zona Oeste. Por conta disso, o número de imóveis identificados como de alto risco poderá crescer. A estatística poderá mudar também porque os técnicos da Geo-Rio ainda fazem a identificação de imóveis formais suscetíveis a deslizamentos de terra, em bairros como Cosme Velho, Laranjeiras, Humaitá, Jardim Botânico, Santa Teresa, São Conrado, Alto da Boa Vista e Barra da Tijuca. Os proprietários serão notificados a realizarem as obras de contenção em áreas que forem de propriedade particular. Já as áreas públicas, segundo Paes, serão atendidas pela prefeitura.

- O mapeamento, de início, teve um olhar prioritário para as áreas mais pobres - explicou o prefeito.

A solução do problema , contudo, não será imediata. A prefeitura anunciou que levará ainda um ano para projetar todas as obras e intervenções necessárias para as comunidades. A prioridade, disse Paes, será dada a soluções que permitam que os moradores continuem vivendo nas comunidades, reduzindo ao máximo a necessidade de remoções.

- Não quer dizer que todas essas famílias (em áreas de alto risco) serão reassentadas. Isto somente acontecerá onde não tivermos outro recurso - ressaltou o prefeito.