Por G1


Os efeitos da pandemia do coronavírus sobre a confiança do setor de serviços do país se aprofundaram em abril, segundo dados divulgados nesta terça-feira (28) pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Depois de uma queda de 11,6 pontos em março, o Índice de Confiança de Serviços caiu outros 31,7 pontos em abril, para 51,1 pontos.

Com a queda, o indicador atinge o menor nível de sua série história, iniciada em junho de 2008, e acumula perda de 45,1 pontos no ano.

Confiança dos serviços - abril 2020 — Foto: Economia G1

“Os efeitos da pandemia se tornam cada vez mais claros no setor de serviços. Depois de registrar os primeiros sinais em março, a queda da confiança foi aprofundada em abril", apontou em nota Rodolpho Tobler, economista da FGV. "O cenário para o curto prazo é de elevada incerteza e ainda sem perspectivas de recuperação, dado a fraca demanda e a provável deterioração do mercado de trabalho”.

Houve deterioração tanto na percepção sobre a situação atual quanto nas expectativas. No primeiro caso, o indicador recuou pelo quarto mês seguido, para 55,5 pontos - o menor nível da série. Já as expectativas despencaram 33,5 pontos, para 47,3, também o menor nível da história.

Coronavírus limita melhora dos negócios

Segundo os empresários ouvidos pelo levantamento, o principal fator limitativo para a melhora dos negócios foi o item apontado como "outros fatores", com 60,8% das menções. Desses, cerca de 80% especificaram esse 'outro fator' como sendo o coronavírus.

Em seguida, as maiores parcelas são da demanda insuficiente, que aumentou para 34,3%, e competição, que decresceu de 40,5% para 20,9% no período.

Confiança da indústria da construção também desaba

O pessimismo também se generaliza entre os empresários da indústria da construção, segundo a FGV. O índice de confiança do setor recuou 25,8 pontos no mês, na maior queda mensal desde o início da série histórica. Com a queda, o indicador ficou em 65 pontos - também o menor ponto da série.

Confiança da construção - abril 2-2- — Foto: Economia G1

“Em abril, houve uma piora abrupta e sem precedentes no ambiente de negócios da construção: os empresários apontaram redução em suas carteiras de contrato, mais dificuldade no acesso ao crédito e queda da atividade. As perspectivas de queda na demanda nos próximos meses derrubaram o otimismo empresarial dos primeiros meses do ano", aponta em nota Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção da FGV.

"Vale notar que nem no pior momento da crise de 2014-2018 que reduziu em 30% o PIB setorial, os empresários se mostraram tão pessimistas. Essa percepção negativa dos empresários não poupou nenhum segmento da construção”, completou.

O principal motor da queda foi a piora da percepção dos empresários em relação às expectativas para os próximos três e seis meses. O Índice de Expectativas (IE-CST) apresentou retração de 35,6 pontos, enquanto o indicador de demanda prevista apresentou queda de 37,6 pontos. Ambos os indicadores atingiram o seu mínimo histórico.

Já em relação ao momento presente, o Índice de Situação Atual (ISA-CST) cedeu 15,4 pontos, alcançando 70,9 pontos, o menor valor desde junho de 2018 (70,8 pontos).

Emprego

Com o aumento do pessimismo relativo à demanda futura, a intenção de contratar dos empresários da construção também foi bastante afetada. O Indicador de Emprego Previsto (EP) caiu 33 pontos na comparação com março com ajuste sazonal.

“Em grande parte dos estados, a construção foi considerada atividade essencial e por isso não sofreu paralização, assim a forte queda do Indicador de EP parece mais relacionada ao adiamento de projetos”, avaliou Ana Castelo.

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