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Por Thereza Chammas


Celular (Foto: Imax Tree) — Foto: Vogue

Se você faz parte dessa nova geração de construir relacionamentos através de apps de paquera, não faz ideia do quão difícil era dar um match num período em que a tecnologia e a internet ainda engatinhavam.

Se hoje existem formas mais engenhosas de encontrar um date, vivi numa era digitalmente primitiva para se relacionar. Já imaginou ir pra uma matinée, ver um paquera na outra mesa e ter que... interfornar para ele? Pois bem, parte da minha geração carioca dos saudosos anos 90, frequentava uma boite que tinha telefones nas mesas e, com um match à vista, você ligava para a mesa ao lado e, se ele não atendesse, era dismatch na certa - e na cara!

Esses tempos eram emocionalmente cruéis, assim como ter que depender das 14h de sábado pra ter a internet liberada para falar com o paquera. E foi mais ou menos nessa geração que desabrochou o grande relacionamento da minha vida. Eu conheci meu amor na balada, mas se não fosse a Internet, eu nem sei se estaria aqui contando essa história em pleno dia dos namorados.

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O ano era 2003, a noite estava um pouco desanimada para um sábado, então eis que no lounge da tal balada, com todos os sofás ocupados, um deles tinha um cara sozinho, meio diferente, cabeludo, ruivo. Eu queria apenas um lugar para sentar. Eis que me direcionei ao tal sofá e falei pro cara, "fale-me um pouco sobre sua vida". Quais são as chances de uma fala dessa no meio de uma boite lotada dar certo?

Foram 3 horas de papo analógico. Falamos de tudo, de Guns N' Roses a Patricinhas de Beverly Hills e depois ficamos (ainda se fala isso hoje em dia?). Ao final da noite, nada de trocar telefones, mas sim... Fotolog e ICQ. Os mais novos certamente não lembram, mas esses eram o Instagram e Whatsapp do início do milênio. Depois disso, tratei de levar meu contatinho para o mundo digital, a fim de evoluir a relação.

Agora se você acha que seu 4G não é suficientemente rápido para ver se a mensagem no Whatsapp acendeu os dois tiques azuis, já imaginou esperar meia-noite (ou às 14h de sábado) para ter a internet - então discada - gratuita? Pois bem, nosso relacionamento começou assim, ainda muito mais fácil do que nos tempos de nossos pais e avós, mas vivenciar a evolução da internet e seus relacionamentos digitais, é no mínimo curioso, pra não dizer disruptivo.

Chegando aos dias atuais, o ponto de vista da tecnologia a favor dos relacionamento é o mesmo, mas se na minha geração, os tempos eram um pouco mais difíceis, hoje em dia a gente não só pode, como deve, fazer bom uso da tecnologia. Eu conheci meu amor numa balada, na época isso era corriqueiro, mas hoje, se você acha estranho conhecer alguém através de um aplicativo, saiba que numa próxima geração, olharemos pra trás e veremos que isso é comum e faz parte da sociedade moderna, mas sempre tradicionalmente em busca de amor.

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Felizmente somos prova viva que é possível conhecer um amor na balada, e seja o saudoso icq ou qualquer app ainda não inventado por algum gênio do Silício, não importa a plataforma, desde que nesse palco tenha amor (ou ao menos um crush qualquer).

Quando despretensiosamente - e analogicamente - pedi pra ele me falar um pouco de sua vida, mal sabia que o destino faria com que eu testemunhasse toda sua nova vida à partir daquele momento, afinal, 16 anos depois, Rodrigo e eu estamos juntos, casados e, mais do que nunca, conectados.

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