Por André Rodrigues, G1 ES e TV Gazeta


Um casal que é dono de uma empresa de fotografia e filmagem em Laranjeiras, na Serra, na Grande Vitória, no Espírito Santo, é acusado de aplicar golpes em pelo menos 20 pessoas, entre elas noivos que contrataram os serviços para casamentos. Eles acreditam ser vítimas de estelionato e denunciaram o caso à polícia.

As vítimas disseram que contrataram a empresa para fotografar e filmar cerimônias de casamentos e festas, mas que, mesmo tendo pago pelo trabalho com antecedência, como exigiam os profissionais com o discurso de conceder descontos, mas não receberam as fotos e os vídeos.

Algumas pessoas alegam que esperam pelas fotografias desde 2015 e que chegaram a pagar até R$ 2,2 mil pelo serviço. Uma das vítimas relatou que o casal de fotógrafos deixou de responder mensagens e não atende mais ligações.

Pricila Freixo casou em agosto de 2018 e ainda não recebeu as fotos. As imagens que tem foram feitas por celular — Foto: Acervo Pessoal

"Ela me entregou apenas as fotos do ensaio de pré-casamento. No dia do casamento ela disse que não poderia ir e enviou um profissional freelancer, que nem recebeu pelo serviço prestado. Ela enganou até o freelancer que enviou. No fim, para não ficar sem as fotos, tive que pagar o freelancer e ele me entregou algumas, mas sem edição. Depois cheguei a mandar mensagem para ela e ligar, mas não tive nenhum retorno. Ela ficou com meu dinheiro e não recebi meu álbum", disse Pricila Freixo, de 31 anos, que se casou em agosto de 2018.

O casamento de outra vítima, que pediu para não ser identificada, foi em agosto do ano passado. Ela contou que pagou um pouco mais de R$ 1,7 mil pelas fotos e pela filmagem, mas até agora, quase dez meses depois, ainda não recebeu os arquivos prometidos em contrato.

"Conheci o trabalho deles através de uma rede social, um anúncio que apareceu para mim. Fui até ao local onde eles atendiam, fechei o contrato e deixamos acertados, apesar de eu ter efetuado o pagamento à vista apenas depois. No dia do evento ela mandou um freelancer e depois disse que não poderia entregar as fotos, pois havia tido uma briga com o marido e ele havia pegado os HDs onde estavam as fotos. Foi quando voltei no endereço e a mãe dela me recebeu. A mãe dela assumiu que a filha já cometia esse tipo de crime há pelo menos cinco anos", relatou a vítima.

A assistente administrativo Flávia Almeida fez uma foto do próprio aparelho celular no dia do casamento — Foto: Acervo Pessoal

A situação é a mesma para a assistente administrativo Flávia Almeida. Ela pagou para ter a cobertura fotográfica do casamento dela e até agora não recebeu as imagens. Flávia contou que casou em janeiro de 2019 e não teve mais retorno dos fotógrafos. Agora, não consegue mais nem entrar em contato com os responsáveis pela empresa.

"Eu só não fiquei sem nenhuma foto porque um rapaz que trabalhou no lugar dela no dia do meu casamento me entregou algumas fotos. E eu que tive que pagar para ele, pois ele mesmo havia dito que não tinha recebido pelo serviço que fez. Nesse caso, para evitar perder as fotos, paguei a ele e fiquei de resolver com a empresa depois. Procurei e não tive mais retorno deles", comentou.

Suposto golpista

O G1 tentou contato através de um número de telefone que o estúdio de fotografia disponibiliza em uma de suas redes sociais. Um homem, que não quis informar seu nome para a reportagem, atendeu a ligação e disse apenas que "o estúdio não tem nenhuma relação com os casos".

As vítimas informaram que o casal de fotógrafos, após aplicar uma grande quantidade de golpes, acaba mudando o nome da empresa nas redes sociais, mas mantêm os mesmos telefones. Segundo as pessoas lesadas, os suspeitos já trocaram o nome da empresa pelo menos quatro vezes.

Sobre a denúncia de que a empresa teria utilizado outros nomes para realizar golpes, o homem que atendeu a ligação respondeu apenas que não tinha conhecimento do assunto. Na sequência, a ligação telefônica foi interrompida e a reportagem não conseguiu mais fazer contato com o estúdio.

Polícia Civil

Procurada, a Polícia Civil informou que investiga o caso e que as vítimas precisam realizar denúncia em qualquer delegacia, munidas de todo material que comprove o crime e que auxilie na investigação.

A polícia disse ainda que conta com a colaboração da população para a identificação dos suspeitos. Queixas podem ser feitas por meio do Disque-Denúncia através do 181. O sigilo e anonimato são garantidos.

Dicas do especialista

O especialista em direito do consumidor Fábio Prest explica que é necessário pesquisar antes de contratar esse tipo de serviço.

"Além de verificar mensagens e participações de clientes nos sites e nas redes sociais, que é a interação comum em qualquer perfil, é importante também tentar procurar pessoas que já foram clientes. O relato delas é fundamental. É possível verificar até no Procon se existe alguma reclamação sobre a empresa", pontuou Fábio Prest.

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