Mundo

Ofensiva de Trump contra imigrantes: adolescentes protestam em gaiola em frente a sede da ONU

Manifestantes em Genebra exigem que crianças migrantes sob custódia dos Estados Unidos sejam reintegradas às famílias
Teenagers are seen in a cage during a protest of international labor groups, civil society and students against the policy of migrant family separation along the US-Mexico border on June 17, 2019 in front of the United Nations offices in Geneva. (Photo by FABRICE COFFRINI / AFP) Foto: FABRICE COFFRINI / AFP
Teenagers are seen in a cage during a protest of international labor groups, civil society and students against the policy of migrant family separation along the US-Mexico border on June 17, 2019 in front of the United Nations offices in Geneva. (Photo by FABRICE COFFRINI / AFP) Foto: FABRICE COFFRINI / AFP

GENEBRA — Adolescentes protestaram trancados em uma jaula de metal em frente à sede da ONU em Genebra, na Suíça, nesta segunda-feira. O ato é uma expressão de apoio a ativistas americanos e mexicanos que exigem que crianças imigrantes sob a custódia dos Estados Unidos sejam mantidas juntas aos pais.

Os jovens manifestantes usavam camisetas com os dizeres "#ClassroomsNotCages" (em português, "Salas de aula, não gaiolas"). Outros carregavam cartazes que diziam "As crianças não devem ser trancadas. Ponto final".

No ano passado, a Federação Americana de Professores (AFT) apresentou uma queixa ao Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre o que chama de "política desumana dos EUA de tirar crianças imigrantes de suas famílias, que vêm para as nossas fronteiras em busca de asilo e proteção".

— Nos últimos cinco meses, 2.500 crianças foram separadas de seus pais na fronteira dos EUA com o México. Isso ocorre apesar da ordem judicial que determina que as crianças sejam reunidas às suas famílias — disse Randi Weingarten, presidente da AFT, entidade que representa 1,7 milhão de professores, enfermeiros e funcionários do serviço público.

Segundo Weingarten, um painel do Conselho de Direitos Humanos está revisando a queixa nesta semana. Procurado pela agência de notícias Reuters, um porta-voz do Conselho disse que o procedimento de denúncia é confidencial e demorado. Uma porta-voz da missão americana em Genebra se recusou a comentar o assunto.

O Sindicato Nacional de Trabalhadores da Educação, do México, também manifestou apoio ao protesto dos adolescentes:

— Estamos aqui para expressar nossa profunda indignação com a política de separar as crianças de suas famílias. Basta, sem gaiolas para essas crianças! — disse o presidente da entidade, Alfonso Cepeda.

Em meio a uma onda de imigrantes que tentam entrar no país pela fronteira com o México, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem cobrado da nação vizinha mais apoio no combate à imigração irregular. Na semana passada, após ser ameaçado por Washington com tarifas punitivas sobre suas exportações, o México fechou um acordo de cooperação, que força os requerentes de asilo a aguardarem no país o resultado de seus pedidos.

Na sexta-feira, o governo Trump anunciou que está mudando a forma como analisa as pessoas que querem patrocinar menores que cruzaram a fronteira sozinhos, num esforço para acelerar a liberação de milhares de crianças imigrantes. Segundo uma porta-voz, cerca de 13.200 crianças estão sob custódia. A maioria dos que são apanhados tentando entrar nos Estados Unidos pela fronteira do México é de pessoas que fogem da pobreza e da violência na Guatemala, Honduras e El Salvador.

Grupos de ajuda como o Families Belong Together ("Famílias devem permanecer juntas") têm tentado ajudar crianças sob custódia a voltarem à companhia dos pais. Recentemente, menores de 29 famílias obtiveram o direito graças à ajuda da entidade, segundo Sandra Cordero, diretora do grupo.

— Esta é apenas a ponta do iceberg. Ainda há centenas e talvez milhares de famílias por aí — disse Sandra.