Por Gabriela Bazzo, G1

20 anos sem Diana: G1 relembra a vida e o acidente que matou a princesa

20 anos sem Diana: G1 relembra a vida e o acidente que matou a princesa

Nesta quinta-feira (31), faz 20 anos que Princesa Diana morreu em um desastre de carro. No Reino Unido e ao redor do mundo, admiradores de Lady Di devem organizar cerimônias em homenagem à "princesa do povo", uma das mais populares da história recente.

Desde o começo da semana, flores e cartões se acumulam em frente ao palácio de Kensington, onde Diana vivia em Londres. O palácio de Kensington, no entanto, não confirmou nenhum ato oficial previsto para marcar os 20 anos da morte, segundo a agência AFP.

Herdeiros da princesa, os príncipes William e Harry visitaram na quarta-feira (30) um jardim criado em sua homenagem no palácio de Kensington e participaram de um encontro com representantes de organizações beneficentes que ela apoiava.

Príncipe William e príncipe Harry observam homenagens à princesa Diana em frente ao Palácio de Kensington — Foto: REUTERS/Hannah McKay

Acidente

Diana morreu em 31 de agosto de 1997, quando o carro onde estava com seu namorado, o milionário egípcio Dodi al-Fayed se chocou contra o pilar do Túnel Alma em Paris.

O acidente, segundo investigações da polícia britânica, foi causado por excesso de velocidade e pela embriaguez do motorista, Henri Paul. O único sobrevivente da tragédia foi o guarda-costas da princesa Trevor Rees-Jones, que estava no banco do carona. Paul e Dodi morreram na hora.

Diana e seu guarda-costas foram socorridos e levados para um hospital. Ela morreu poucas horas após dar entrada no Hospital Pitie-Salpetriere, em decorrência de uma hemorragia interna, severos ferimentos no tórax e na cabeça, e lesões pulmonares.

Como foi o acidente que matou a princesa Diana em Paris, no dia 31 de agosto de 1997 — Foto: Arte/G1

Mesmo em uma época sem smartphones, o luto pela princesa foi quase instantâneo. No dia seguinte à sua morte, milhares de ingleses foram às ruas homenagear a “princesa do povo”.

A reação da coroa britânica, no entanto, demorou um pouco mais e foi motivo de severas críticas à Rainha Elizabeth, que estava com os netos na Escócia, e levou dias até voltar para Londres.

Apesar da onda de indignação que crescia em todo o país, a rainha esperou até a véspera do funeral para quebrar o silêncio, durante um discurso excepcional televisionado e que marcou o antes e depois na comunicação da monarquia britânica.

“Ninguém que conhecia Diana irá esquecê-la. Milhões de outras pessoas que não a conheceram, mas que sentiam como se a conhecessem, se lembrarão dela. Eu acredito que há lições para serem extraídas de sua vida e da reação extraordinária e emocionante diante de sua morte. Eu compartilho sua determinação em prezar por sua memória”, disse a rainha, em um discurso televisionado no dia 5 de setembro.

Diana foi enterrada em uma propriedade privada de sua família, no dia seguinte.

Foto aérea mostra flores em homenagem à princesa Diana depositadas em frente ao palácio onde ela vivia, em Londres, dias após sua morte — Foto: AP Photo/Adrian Dennis, File

Michael White, jornalista e ex-editor do “Guardian”, define a morte da princesa como “a mais grave crise da monarquia desde a abdicação do tio da rainha, Edward VIII, em dezembro de 1936. Sua resposta à morte de Diana foi inadequada e aparentemente cruel”.

Quando Diana morreu, estava separada do príncipe Charles há um ano. O casamento dos dois, em 29 de julho de 1981, atraiu uma audiência global de 750 milhões de pessoas, fazendo da cerimônia o programa mais popular transmitido pela BBC até então, segundo dados da emissora.

No momento em que o carro bateu no 13º pilar do Alma Túnel, no coração da capital francesa, Diana, uma das mulheres mais fotografadas do mundo, fugia dos paparazzi.

“Acho que uma das coisas mais difíceis de elaborar é o fato de que as pessoas que a perseguiram naquele túnel foram as mesmas que ficaram batendo fotos dela, enquando ela morria no banco de trás do carro”, disse o príncipe Harry em entrevista à BBC.

O depoimento do príncipe é corroborado por quem estava lá. Em entrevista à Associated Press, o médico francês Frederic Mailliez, o primeiro a atender a princesa na cena do acidente, disse que se perguntou “por que tantos jornalistas estavam ao redor daquela Mercedes enquanto eu prestava os primeiros socorros”. A resposta só veio na manhã seguinte, quando ele assistia ao noticiário. Após o acidente, alguns fotógrafos chegaram a ser detidos e interrogados.

De acordo com o “Guardian”, o veículo trafegava a uma velocidade de 105 km/h, em uma região onde a velocidade máxima permitida é de 50 km/h. Além disso, segundo a imprensa britânica, nenhum dos ocupantes do carro usava cinto de segurança.

Peritos examinam carro onde a princesa Diana morreu em acidente, no dia 31 de agosto de 1997 — Foto: AP Photo/Jerome Delay, File

Além do luto, a morte de Diana foi marcada por mistério e muitas teorias da conspiração, alimentadas inclusive por Mohamed al-Fayed, pai do namorado de Diana e então dono das lojas departamento Harrods. Entre elas, a de que a morte do casal, Diana e Dodi, fora arquitetada pela família real, para evitar que a ex-integrante se casasse com um homem de origem egípcia. Até hoje, essas teorias não foram provadas.

Memórias

0 20º aniversário da morte da princesa foi marcado por uma série de documentários que expuseram – mais uma vez – informações pessoais de sua vida. O aspecto mais marcante, no entanto, foi o fato de seus filhos terem se pronunciado sobre a morte da mãe e o processo de luto pelo qual passaram na adolescência.

Em um deles, transmitido pela BBC, o filho mais novo de Diana, o príncipe Harry, defendeu as atitudes de seu pai, o príncipe Charles. “Ele nos apoiou. Uma das coisas mais difíceis para um pai fazer é contar para os seus filhos que sua mãe morreu”, contou durante sua participação no “Diana, 7 Days”, documentário que relembra os principais eventos após o acidente.

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"Eu faço isso sempre quando coloco os dois na cama. Falo sobre ela e tento lembrá-los que há duas avós, duas avós nas suas vidas, e é importante que eles saibam quem ela era e que ela existiu."

Possivelmente, é a primeira e última vez que os dois herdeiros falam tão abertamente sobre a morte da mãe. À BBC, William disse que participar dos documentários foi “assustador”, mas também parte de “um processo de cura”.

"Não vamos fazer isso de novo - não vamos falar mais tão abertamente ou publicamente sobre ela, porque esperamos que esses filmes mostrem o outro lado, da família e de amigos próximos, que as pessoas podem não conhecer. São pessoas que a conheciam bem, que querem proteger sua memória e lembrar às pessoas de quem ela era”, afirmou o herdeiro do trono à emissora britânica.

Em foto de 1987, princesa Diana posa com seus filhos, os príncipes William e Harry em frente ao palácio de Buckingham, em Londres — Foto: AP Photo/John Redman, File

Legado Filantrópico

Como vários integrantes da realeza europeia, Diana apoiava diversas causas filantrópicas, entre elas a luta contra o vírus HIV e o combate às minas terrestres. Durante sua vida, ela apoiou mais de cem instituições de caridade, segundo informações do Diana Princess of Wales Memorial Fund.

“A princesa se envolveu no seu trabalho de caridade de um jeito muito pessoal, dedicando incontáveis horas a ouvir histórias individuais e problemas de pessoas que ela visitava”, afirma a instituição.

De acordo com o professor de Direito Constitucional no King's College London, Robert Blackburn, Diana foi fundamental, por meio das suas atividades públicas, para enfatizar o papel filantrópico da monarquia no século 20. "Ela usou seu glamour e brilho para atrair publicidade e atenção midiática para esta função", comenta, em entrevista ao G1.

Funcionário do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Alfredo Martins se lembra bem da visita da princesa a Angola, no ano de 1997. Entre encontros com autoridades e viagens pelo país, a princesa assistiu a uma peça organizada pelo CICV, que tinha como intuito sensibilizar as crianças em idade escolar para o perigo de andar em campos minados.

Princesa Diana durante visita ao centro de reabilitação ortopédica do Comitê Internacional da Cruz Vermelha em Huambo, Angola — Foto: Alain Garachon/CICV

Naquela época, Diana começou a despertar a atenção internacional para as minas terrestres. “Angola estava minada, depois de tantos anos de guerra civil tinham minas para todo o lado. Pessoalmente posso dizer que era um momento muito histórico que o país vivia, e a questão das minas preocupava a todos na sociedade”, relembra Martins, que na época tinha 27 anos e trabalhava como oficial de comunicação da organização.

Para o trabalhador humanitário, a visita da princesa serviu para chamar atenção do mundo para a situação conflituosa que Angola vivia.

“A vinda da princesa Diana reforçou e sensibilizou positivamente. Além dos esforços do governo, a partir da vinda dela havia também a sensibilização da comunidade internacional, e problema se tornou preocupação de todos. Isso ajudou muito para sensibilizar a acelerar coisas, pois o governo tomou isso como uma mensagem, a agilizou projetos que já estavam sendo executados”.

"Foi muito marcante, e nos ajudou também, pois utilizamos essa mensagem para convencer as autoridades de que tudo o que fazemos é para ajudar e sensibilizar as vítimas das minas terrestres de que a vida não para por ali”, conta ele, em entrevista ao G1.

Se a visita foi marcante e inesquecível para Martins, ele acredita que todos os angolanos partilham do seu sentimento. “A imagem da princesa Diana em Angola ainda é viva, mesmo 20 anos após a sua morte, e sua passagem pelo país jamais será esquecida. De uma maneira ou de outra, sua imagem está lá. Vinte anos depois, se você fala dela, as pessoas ainda irão se lembrar”, comenta ele, que atualmente é chefe da subdelegação do CICV em Nzérékoré, na República da Guiné.

Legado Humanitário: Quais foram as principais causas filantrópicas defendidas pela princesa Diana — Foto: Arte/G1

Foto de março de 1996 mostra a princesa Diana chegando ao Hospital Nacional de Neurologia e Neurocirurgia de Londres — Foto: Gerry PENNY / AFP

Em 29 de julho de 1981, Charles e Diana se casam na St. Paul's Cathedral, em Londres — Foto: AP Photo, File

Após o casamento, em 29 de julho de 1981, Diana e Charles se beijam na varanda do Palácio de Buckingham — Foto: AP Photo, File

Em foto de junho de 1997, Diana é vista em visita à sede da Cruz Vermelha em Washington, durante campanha contra minas terrestres — Foto: JAMAL A. WILSON / AFP

Em novembro de 1989, príncipe Charles e princesa Diana durante viagem à Indonésia — Foto: KAZUHIRO NOGI / AFP FILES / AFP

Diana durante visita à ilha caribenha de St. Kitts, em janeiro de 1993 — Foto: REUTERS/File Photo

Princesa Diana dança com o ator John Travolta em baile na Casa Branca, em Washington, em novembro de 1985 — Foto: U.S.A. REUTERS/File Photo

Princesa Diana durante visita à ilha caribenha de Nevis, em janeiro de 1993 — Foto: REUTERS/Mark Cardwell/File Photo

Em foto de agosto de 1987, princesa Diana é vista com a rainha Elizabeth II durante as comemorações pelo aniversário da rainha mãe — Foto: AP Photo/Martin Cleaver, File

Princesa Diana durante encontro com o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, em março de 1997 — Foto: AP Photo/Sasa Kralj, File

Diana encontra o papa João Paulo II durante audiência privada no Vaticano, em agosto de 1985 — Foto: AP Photo/Ron Bell, File

Diana e Charles deixam o St. Mary's Hospital, em Londres, após o nascimento do primogênito, William, em 22 de junho de 1982 — Foto: AP Photo/John Redman, File

Em 16 de setembro de 1984, princesa Diana deixa o St. Mary's Hospital, em Londres, após o nascimento do seu segundo filho, o príncipe Harry — Foto: AP Photo, File

Charles e Diana durante passeio de bicicleta com os filhos na ilha de Tresco, na Inglaterra — Foto: AP Photo, File

Princesa Diana, príncipe Harry, príncipe William e príncipe Charles durante solenidade em Londres, em agosto de 1995 — Foto: AP Photo/Alastair Grant, File

Durante visita ao Brasil, Diana visita abrigo para crianças carentes em São Paulo, em abril de 1991 — Foto: AP Photo/Dave Caulkin, File

Jornais de dezembro de 1995 noticiam divórcio de princesa Diana e príncipe Charles — Foto: AP Photo/Martin Cleaver, File

No dia 22 de agosto de 1997, pouco mais de uma semana antes de sua morte, Lady Di é fotografada junto com o namorado, Dodi Al Fayed, em St. Tropez, na França — Foto: AP Photo/Patrick Bar-Nice Matin, File

Príncipe Charles, Harry, Earl Charles Spencer, William e príncipe Phillip durante cortejo fúnebre da princesa Diana, em 6 de setembro de 1997 — Foto: AP Photo/John Gaps III, Pool, File

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