Cultura

'Filtro' de Bolsonaro para o cinema tem repercussão internacional

Revista "Variety" e os jornais "New York Times" e "Washington Post" comentaram declarações da última sexta-feira (19)
O presidente Jair Bolsonaro assina o termo de osse do cargo no Congresso Nacional Foto: AFP
O presidente Jair Bolsonaro assina o termo de osse do cargo no Congresso Nacional Foto: AFP

O comentário feito por Jair Bolsonaro na última sexta-feira (19), de que a Agência Nacional do Cinema (Ancine) precisa de um “filtro”, repercutiu na mídia internacional. A revista americana "Variety", que cobre o setor audiovisual, destacou no título de um texto que o presidente do Brasil “ameaça fundo de investimento do cinema com censura ou fechamento”. A publicação também cita que Bolsonaro cogitou privatizar a Ancine e que defende o investimento em obras que "exaltem heróis brasileiros", além de ter transferido o Conselho Superior de Cinema para a Casa Civil.

Reprodução do texto sobre Jair Bolsonaro no site da Variety Foto: Reprodução
Reprodução do texto sobre Jair Bolsonaro no site da Variety Foto: Reprodução

Segundo a "Variety", o mercado do audiovisual recebeu a fala de Bolsonaro com “desdém e descrença”. A revista também destaca a “independência” do Congresso e do Supremo Tribunal Federal no texto, instituições que estariam freando algumas das decisões mais polêmicas do presidente.

Já o "New York Times" e o "Washington Post" repercutiram a nota da agência Associated Press informando da intenção de “implementar um filtro na Ancine". Eles apontam que críticos à transferência do Conselho Superior do Cinema para a Casa Civil dizem que isso"vai aumentar supervisão do governo sobre o setor”.

Financiamento questionado

No discurso da última sexta, Bolsonaro também afirmou que não pode permitir o uso de dinheiro público para financiar filmes como o que conta a história da prostituta Bruna Surfistinha, lançado em 2011. A obra contou com apoio da Lei do Audiovisual.

O presidente afirmou que discutiu com o ministro da Cidadania, Osmar Terra, cuja pasta englobou o antigo Ministério da Cultura, a transferência da Agência Nacional do Cinema (Ancine) do Rio de Janeiro para Brasília.

“Eu não posso admitir que, com dinheiro público, se façam filmes como o da Bruna Surfistinha. Não dá. Não somos contra essa ou aquela opção, mas o ativismo não podemos permitir, em respeito às famílias. Uma coisa que mudou com a chegada do governo”.

Bolsonaro assinou um decreto na cerimônia que transfere o Conselho Superior do Cinema do Ministério da Cidadania para a Casa Civil. A mudança, segundo o governo, visa “fortalecer a articulação e fomentar políticas públicas” na área.