Política

Ex-segurança diz que cumpria ordens de Dona Marisa no sítio de Atibaia

Militar prestou depoimento a Moro na ação em que o ex-presidente Lula é acusado de se beneficiar de reformas no imóvel

Operação Polícia Federal no sítio frequentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Atibaia no interior de São Paulo
Foto: Luis Moura / WPP
Operação Polícia Federal no sítio frequentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Atibaia no interior de São Paulo Foto: Luis Moura / WPP

SÃO PAULO — Ex-funcionário da equipe de seguranças do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o militar Itamar de Oliveira, contou ao juiz Sergio Moro, na tarde desta quarta-feira, que prestava serviços e cumpria ordens de Marisa Letícia – falecida no ano passado – no sítio de Atibaia. A defesa do ex-presidente nega que ele seja proprietário do imóvel, e diz que Lula frequentava o local a convite de Fernando Bittar, cujo nome consta como dono de parte do imóvel.

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Oliveira contou que trabalhou seis anos com Rogério Aurélio Pimentel, assessor de Lula, e que atendia "especialmente" aos pedidos da ex-primeira dama em serviços no sítio. Ele disse que, entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011, período em que foi feita a reforma no imóvel, levava Aurélio a Atibaia de três a quatro vezes por semana.

- Ele (Aurélio) era um office boy de luxo, mas não tinha poder nenhum. Quem mandava era Dona Marisa. Quando nós chegávamos lá na residência do senhor presidente, dona Marisa determinava o que era pra ser feito, e nós íamos fazendo o serviço - disse Oliveira, arrolado como testemunha de defesa de Aurélio em depoimento a Moro.

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Nesse processo, o ex-presidente é acusado de se beneficiar das reformas do sítio. Segundo a Força-Tarefa da Lava-Jato, cerca de R$ 870 mil foram lavados com reformas, construção de anexo e benfeitorias no sítio, como a compra de móveis para a cozinha, para adequá-lo à família Lula. Outros R$ 150 mil são atribuídos a propinas decorrentes de contratos do Grupo Schahin, com reformas conduzidas por intermédio do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente.

Outra testemunha de Bumlai também prestou depoimento na ação penal nesta tarde. Moisés Madalena, que é motorista do pecuarista, contou que levou Bumlai e Reinaldo Bertin ao sítio por pelo menos três vezes. Moisés disse que a razão das visitas ao sítio era a construção de cinco suítes no imóvel. Ele disse que Bumlai e Bertin trataram do assunto com o engenheiro responsável pela obra, mas negou a razão do envolvimento dos dois no empreendimento.