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Política Eleições 2018

Análise: Alckmin tem empurrão para passar dos 5% no Sul

Popularidade de Ana Amélia, que aceitou convite para ser vice do tucano, foi construída na televisão
O pré-candidato à Presidência, Geraldo Alckmin Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo
O pré-candidato à Presidência, Geraldo Alckmin Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo

RIO — A aliança selada entre PP e PSDB no fim da tarde desta quinta-feira deu novos contornos à disputa dos votos de centro-direita, sobretudo no Sul. O "sim" da senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) para compor a chapa do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) permitiu que o tucano se aproxime do eleitorado conservador daquela região de um jeito mais familiar. Na última pesquisa Datafolha, Bolsonaro soma 22% de intenções de voto no Sul, enquanto Alckmin tem apenas 5%, bem atrás de Alvaro Dias (Podemos), com 14%.

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Antes de decidir pela carreira política, Ana Amélia foi diretora da Sucursal de Brasília do Grupo RBS e por muito tempo o rosto conhecido pelos telespectadores de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul quando o assunto era a política nacional e seus bastidores. Em 2010, disputou seu primeiro mandato para o Senado e foi eleita com 3,4 milhões de votos. Em alta, resolveu concorrer ao governo do RS em 2014. Liderava as pesquisas quando acabou desgastada com a descoberta de ter sido funcionária fantasma de seu marido Octávio Omar Cardoso, quando ele foi senador entre 1986 e 1987. Terminou derrotada no primeiro turno.

A gaúcha, de 73 anos, é tida como independente no PP e, por isso, considerada cota pessoal de Alckmin. A expectativa é que ela, com perfil conservador e ligação com o setor ruralista, possa atrair um eleitorado que antes estava identificado com Bolsonaro. Justamente no Sul, o capitão da reserva do Exército ganhava terreno nas pesquisas. Em 2014, Aécio Neves (PSDB)  foi o mais votado no Sul no segundo turno, com 58,9%. A petista Dilma Rousseff teve 41,1%. Para os tucanos, agregar uma mulher à chapa também era crucial.

Ter a senadora como vice, porém, não foi tarefa fácil para Alckmin, que precisou enfrentar a cúpula do PP. O comando do partido relutava em ter o nome de Ana Amélia, já que ela sempre foi tida como independente, apesar de dizer ter uma "relação respeitosa" com o presidente do PP, Ciro Nogueira. Assim, independentemente das evasivas dos integrantes do PP, Alckmin fez o convite. Na quarta-feira, Ana Amélia conversou com Alckmin por cerca de 45 minutos.

Com o acerto, Bolsonaro já sente a primeira baixa. O PP passa a apoiar Alckmin no Rio Grande do Sul, onde antes o candidato do partido ao governo do estado apoiava o ex-capitão. Com o acordo, o deputado Luís Carlos Heinze desiste de ser candidato ao governo gaúcho pelo PP e concorre a senador, na vaga que era de Ana Amélia. Ele vai integrar a chapa do candidato do PSDB ao governo, Eduardo Leite. Para aparar as arestas, Ana Amélia passou a tarde em seu gabinete e fez até uma conferência viva voz com Eduardo Leite.

A ver como vão reagir os eleitores, em especial, os gaúchos que jamais reelegeram um governador.