Política

Ataque em Campinas ocorre em meio a debate para flexibilizar Estatuto do Desarmamento

Arma usada por atirador tinha numeração raspada
Atirador com arma em punho Foto: Reprodução
Atirador com arma em punho Foto: Reprodução

CAMPINAS — A pistola calibre 9 milímetros usada por Euler Fernandes Grandolpho, o atirador da Catedral Metropoiltana de Campinas, tinha numeração raspada, de acordo com o delegado José Henrique Ventura, responsável pela investigação.

— É um armamento de uso restrito das Forças Armadas e da polícia. Como a numeração estava raspada, não foi possível identificar a origem. Vamos investigar.

Grandolpho também portava um revólver calibre 38, que não chegou a ser usado.

O ataque ocorre a 20 dias da posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro, eleito com discurso de defesa da revisão do Estatuto do Desarmamento. Aliados do presidente eleito tratam como prioridade pautar a mudança no Congresso já no primeiro semestre do próximo ano.

Após o ataque, o senador eleito Major Olímpio (PSL-SP), um dos principais conselheiros de Bolsonaro no Parlamento, voltou a defender a revisão do estatuto , que, para ele, fortalece os criminosos.

— Nós lamentamos a tragédia, mas a arma dele era legal? Ele tinha porte de arma? As armas envolvidas em crimes quase que a sua totalidade são armas ilegais — disse Olímpio. — Decidiu-se que retirando a condição da legítima defesa do cidadão, iria proporcionar um equilíbrio da sociedade. De forma nenhuma. O que se fez foi o empoderamento dos criminosos. Flexibilizar o estatuto é estabelecer regras de controle. Não é descontrole de armas não.

Para Michelle Ramos, assessora especial do Instituto Igarapé, o caso revela a importância de se debater os limites ao armamento:

— É um brutal lembrete sobre a discussão do controle de armas. Uma das armas (que o atirador usou) é de uso restrito às Forças Armadas. A marcação da munição e estabelecer os critérios de acesso são fundamentais — disse à GloboNews.