Política Brasília

'Escolha melhor seria o próprio Hamilton Mourão', diz Moro, sobre ser vice de Bolsonaro em 2022

Ministro nega pretensão de disputar a Presidência ou integrar a chapa presidencial na próxima eleição
Cotado para o STF, Moro disse achar inapropriado hoje o debate sobre a sucessão dos ministros Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo
Cotado para o STF, Moro disse achar inapropriado hoje o debate sobre a sucessão dos ministros Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo

BRASÍLIA – O ministro da Justiça, Sergio Moro, negou nesta quarta-feira que tenha a pretensão de disputar a eleição para a Presidência em 2022 ou o objetivo de concorrer como vice em uma eventual chapa do presidente Jair Bolsonaro à reeleição. Também evitou dizer se aceitaria um convite para ser ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Moro defendeu que o atual vice, Hamilton Mourão, é o nome mais indicado para permanecer na chapa. O ministro participou do seminário “E Agora, Brasil?”, organizado pelos jornais O GLOBO e Valor Econômico, com o patrocínio da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

— Três anos (até a eleição) é um período de tempo significativo. Tenho grande apreço pelo general (Hamilton) Mourão. Agora surgiu essa história (de ser vice), mas é coisa que não passa pela minha cabeça. Isso vai ser construído lá na frente e cabe ao presidente Jair Bolsonaro fazer a escolha. Escolha melhor seria o próprio Hamilton Mourão — afirmou Moro.

Apoio a Bolsonaro

Mourão já foi criticado publicamente por Bolsonaro por algumas de suas declarações, o que levou à especulação de que o presidente poderia escolher outro parceiro de chapa, se confirmar o desejo de disputar a reeleição. O ministro da Justiça é frequentemente lembrado como uma opção,e até mesmo como possível concorrente de Bolsonaro.

Moro acrescentou, contudo, que, na condição de ministro do governo, não vê outra possibilidade que não seja apoiar a campanha de Bolsonaro à reeleição:

— O presidente já se posicionou que vai concorrer à reeleição, então seria impossível fazer algo diferente de apoiar o presidente Jair Bolsonaro à reeleição.

O ministro também evitou comentar a possibilidade de ser indicado para uma das duas vagas que devem abrir no STF até o final do mandato de Bolsonaro. O presidente chegou a dizer que já havia acertado a indicação do seu ministro, mas depois voltou a trás e afirmou que indicará alguém “terrivelmente evangélico”, o que excluiria Moro.

O ministro afirmou achar uma indelicadeza discutir uma vaga antes dela existir. O ministro Celso de Mello se aposenta em novembro de 2020, enquanto Marco Aurélio Mello deixará a Corte em junho de 2021.

— Essa é uma pergunta mais especulativa. Eu sempre acho que não é muito apropriado discutir vaga no Supremo antes que ela exista — disse, acrescentando depois: — No passado haveria essa situação de um ministro se aposentar e começar dois antes, um ano antes (o debate sobre sucessor)? Acho surreal.

Ministro mais popular do governo, com índices de aprovação maiores do que os de Bolsonaro, Moro disse que não tem uma equipe voltada apenas para a sua imagem e que essa não é uma preocupação.

— Nunca fiz o meu trabalho pensando na popularidade — pontuou. — Se essas políticas são bem sucedidas, acho que a questão da popularidade vem naturalmente. Não é algo a ser perseguido. No fundo, talvez o mais relevante seja utilizar essa popularidade para poder construir essas políticas públicas relevantes.

Queda de homicídios

Em relação às atividades que vem desempenhando no ministério, Moro afirmou que está conseguindo “avançar significativamente em várias áreas”, principalmente no combate a crimes violentos.

— O que nós temos visto em dados concretos e estatísticos é uma redução importante dos principais indicadores criminais desse ano — disse, destacando a queda de homicídios: — Até setembro desse ano houve uma queda de 22%, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Significa 8.663 pessoas que não perderam sua vida, um número expressivo.

Outro mérito, de acordo com o ministro, é que o governo não tem tido “escândalos de corrupção significativos”.

— No campo da corrupção, acho que o governo federal tem tido grandes méritos. Não estão surgindo escândalos de corrupção significativos. Pelo menos não no mesmo grau ou no mesmo nível daqueles esquemas do passado, como o que por exemplo quase destruiu a Petrobras.