Saúde Coronavírus

Mortes por Covid-19 no Brasil devem chegar a quase 90 mil até agosto, diz estudo

Análise do Instituto de Métricas e Avaliação da Saúde, nos EUA, aponta déficit de leitos de UTI em diversas regiões do país
Profissionais de saúde do SAMU fazem a transferência de um paciente de uma unidade básica de saúde para um hospital em São Paulo Foto: RAHEL PATRASSO / REUTERS
Profissionais de saúde do SAMU fazem a transferência de um paciente de uma unidade básica de saúde para um hospital em São Paulo Foto: RAHEL PATRASSO / REUTERS

SEATTLE -- Um novo estudo prevê que o Brasil poderá ter, até a primeira semana de agosto, cerca de 90 mil mortes causadas pela Covid-19 . E dependento das medidas adotadas por gestores públicos no período, pode-se chegar até quase 194 mil óbitos. A análise é do Instituto de Métricas e Avaliação da Saúde (IHME, na sigla em inglês) da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e foi divulgado nesta quarta-feira.

A análise inclui previsões para oito dos 26 estados brasileiros que foram os primeiros a ultrapassar a marca de 50 mortes, incluindo São Paulo. Para o estado mais rico do país, a previsão é de até 37 mil mortes até agosto. Para o Rio, de até 21 mil mortes no mesmo período.

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O instituto de pesquisa concluiu que as mortes neste período podem chegar a 88.305 no Brasil, com variação entre 30.302 e 193.786, dependendo das medidas adotadas pelos gestores públicos. A estimativa é para até 4 de agosto. A medida em que novos dados forem incluídos e analisados, os números podem mudar. Além disso, as análises futuras contarão com mais estados brasileiros, anunciou a Universidade de Washington.

—  As projeções do IHME para mortes no Brasil indicam claramente que o sistema de saúde do país está enfrentando um desafio assustador — afirmou o diretor do IHME, Christopher Murray. — Nosso objetivo em anunciar esses resultados é informar aos gestores políticos a melhor forma de controlar e mobilizar para a Covid-19.

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Nesta terça-feira, o número de mortes em decorrência do novo coronavírus bateu mais um recorde no Brasil: 881 óbitos, segundo o Ministério da Saúde. Ainda de acordo com a pasta, 9.258 novos casos foram registrados — já são 177.589 em todo o país. Com isso, o Brasil chegou a 12.400 mortes.

As previsões por estados

São Paulo: 36.811 mortes previstas até 4 de agosto, com variação de 11.097 a 81.774

Rio de Janeiro: 21.073 mortes previstas até 4 de agosto, com variação de 5.966 a 51.901

Pernambuco: 9.401 mortes previstas até 4 de agosto, com faixa de 2.468 a 23.026

Ceará: 8.679 mortes previstas até 4 de agosto, com variação de 2.894 a 18.592

Amazonas: 5.039 mortes previstas até 4 de agosto, com variação de 1.859 a 9,383

Maranhão: 4.613 mortes previstas até 4 de agosto, com faixa de 868 a 12.661

Bahia: 2.443 mortes previstas até 4 de agosto, com variação de 529 a 8.429

Paraná: 245 mortes previstas até 4 de agosto, com faixa de 170 a 397

Déficit de leitos

As estimativas do IHME mostram ainda que o Brasil tem um déficit hoje de mais de 3 mil leitos de UTI, e prevê que o problema se agrave. Estima-se um déficit de mais de 3 mil leitos de enfermaria e mais de 1 mil de UTIs somente no estado do Amazonas a partir de 12 de maio, e em São Paulo, um déficit de mais de 1 mil de leitos de UTI.

— É importante que os países e as regiões analisem atentamente a capacidade hospitalar, as necessidades de recursos, e a trajetória contínua de casos de coronavírus — disse Jarbas Barbosa, diretor assistente da Organização Pan-Americana da Saúde. — A epidemia na América Latina está chegando mais tarde que na Europa. Este é um momento para se estar vigilante, observar os dados, e implementar medidas relevantes de saúde pública.