Esportes Copa 2018

Brasileiro que assediou russa foi punido por dever pensão alimentícia

Ex-secretário municipal de Ipojuca (PE), que aparece nas imagens, ainda é réu em processo de mau uso do dinheiro público
Mulher é cercada por brasileiros e assediada com música sobre a cor de seu órgão sexual Foto: Reprodução / Redes Sociais
Mulher é cercada por brasileiros e assediada com música sobre a cor de seu órgão sexual Foto: Reprodução / Redes Sociais

Um dos brasileiros que aparecem no vídeo em que um grupo de homens vestidos com a camisa da seleção assedia uma jovem russa já foi identificado. É Diego Valença Jatobá, pernambucano do Recife que foi secretário de Turismo de Ipojuca (PE), o município onde está localizada a praia de Porto de Galinhas. Ele foi condenado por mau uso do dinheiro público, enquanto esteve à frente da pasta em 2012, e também por dever, segundo a Justiça,  R$ 37.561,83 de pensão alimentícia à ex-mulher, cujo processo foi iniciado em 2014. Neste caso, a juíza Ana Emília de Oliveira Melo, da 3.ª Vara de Família e Registro Civil de Pernambuco pediu o bloqueio de conta bancária. O processo está na primeira instância.

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Vídeos espalhados na internet mostram brasileiros assediando estrangeiras com brincadeiras de mau gosto de cunho sexual.
Vídeos espalhados na internet mostram brasileiros assediando estrangeiras com brincadeiras de mau gosto de cunho sexual.

Diego já foi condenado pelo Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) por irregularidades na prestação de contas do município de 2012 (o processo ainda não foi totalmente finalizado e cabe recurso). O advogado atuou na pasta durante a gestão do prefeito Pedro Serafim (PDT).

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Segundo o processo no TCE-PE, Jatobá infringiu o artigo 89 da Lei de Licitações, que fala sobre a dispensa de licitação de contratos fora das hipóteses previstas na lei. De acordo com o tribunal, foram gastos R$ 2.212.866 em 12 processos de inexigibilidade para a compra de carteiras escolares, livros paradidáticos, kits de alfabetização e contratação de artistas, todos sem licitação, e o último item de forma irregular, pela Prefeitura de Ipojuca, onde fica a praia de Porto de Galinhas.

Jatobá entrou com dois recursos para contestar a decisão, ambos já julgados. Um manteve a rejeição das contas do município, mas extinguiu o débito da multa. O outro recurso, de Embargos de Declaração, foi negado pelo TCE-PE por entender que não houve omissão, contradição ou obscuridade na decisão do tribunal. O processo ainda está em andamento e o último movimento foi em abril de 2018.

Alguns brasileiros, revoltados com o caso, escreveram nesta segunda-feira para a Embaixada do Brasil pedindo desculpas em nome do povo pelo comportamento de seus compatriotas. Houve até quem pedisse a deportação do grupo para o Brasil. Foram mais de 10 cartas recebidas até a tarde de hoje.

Pela lei, as autoridades russas não podem fazer nada diante do caso se a própria jovem não der queixa. Caso ela a faça, eles poderão ser presos e até deportados para o Brasil pela polícia do país da Copa.

Outros compartilham fotos de Diego com o filho, que estavam abertas nas redes sociais, com frases de caça às bruxas, criticando sua postura machista e desrespeitosa.

Na Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte, em Ipojuca, funcionários disseram não se espantar com o comportamento de Diego, apesar de lamentarem o ocorrido.

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Um grupo de ao menos quatro brasileiros gravou um vídeo cantando músicas sobre a cor do órgão sexual de uma mulher e gerou revolta nas redes sociais. Nas imagens, que começaram a repercutir na internet na tarde de sábado, os homens cercam uma mulher loira, que aparentemente não é brasileira e nem fala português, e cantam repetidamente: "Essa é bem rosinha!". A gravação foi feita na Rússia, onde acontece a Copa do Mundo da Fifa.

A reportagem do GLOBO tenta falar com Diego Valença Jatobá, ainda sem sucesso. Ele trancou seus perfis nas redes sociais e trocou foto no WhatApp.