Política Brasília

PSL rebate Bolsonaro sobre transparência e diz que vai apurar 'excessos' contra o partido

Nota afirma ainda que questões partidárias devem ser resolvidas com diálogo
O presidente Jair Bolsonaro ao lado do presidente do PSL, Luciano Bivar em encontro da bancada do partido Foto: Marcos Corrêa / Presidência / 20-02-2019
O presidente Jair Bolsonaro ao lado do presidente do PSL, Luciano Bivar em encontro da bancada do partido Foto: Marcos Corrêa / Presidência / 20-02-2019

BRASÍLIA - Quatro dias após o presidente Jair Bolsonaro pedir dados das contas do PSL para uma auditoria externa, a Executiva Nacional do partido elaborou uma nota informando que não vai responder ao pedido por ainda não ter recebido um documento oficial sobre o tema. A nota conclui afirmando que "os excessos cometidos contra o partido serão devidamente apurados para adoção das medidas cabíveis."

Leia: Dissidentes do PSL e advogados de Bolsonaro traçam estratégia contra Bivar

O documento que pede transparência na prestação de contas foi enviado por e-mail e sem assinaturas. Uma versão a que o GLOBO teve acesso tinha a assinatura de Bolsonaro e 20 parlamentares. A Executiva diz que só dará andamento ao pedido após receber o original e procuração para os advogados que forem representar os filiados.

Cronologia da crise : das denúncias de candidaturas laranjas à operação da PF que mirou Bivar

"Em relação à minuta da notificação que teria sido endereçada ao partido, cumpre-nos informar que apenas recebemos uma cópia não assinada e desacompanhada de procurações, com o anúncio de que o original seria encaminhado oficialmente. Aguardaremos para responder aos termos, se e quando a notificação devidamente assinada e acompanhada dos documentos pertinentes for recebida", diz a nota.

De saída do PSL? Bolsonaro conversa com cinco partidos como opção para sair do PSL, diz advogada

A Executiva do PSL afirma que as prestações de contas podem ser acompanhados no site do Tribunal Superior Eleitoral e que "eventuais dúvidas pontuais, se existirem, serão solucionadas a tempo e modo próprio, sem atropelos". A conclusão, porém, faz um ameaça velada aos que têm feito críticas à cúpula: "Por outro lado, os excessos cometidos contra o partido serão devidamente apurados para adoção das medidas cabíveis"

A nota afirma ainda que alguns pronunciamentos “caracterizam pueril tentativa de criar fatos artificiais que visam atender meros interesses pessoais em detrimento do interesse coletivo do partido”, diz parte do texto. Em seguida, a Executiva ressalta que os membros do diretórios  e a bancada de deputados não concordam com esse comportamento.

Ressalta-se também no texto, que “divergências intrapartidárias” são naturais ao “processo democrático” e devem ser sempre resolvidas pelo “diálogo honesto, sem insinuações e ameaças veladas, que se mostram frágeis, sem respaldo jurídico e que em nada contribuem para o crescimento das instituições democráticas.

Sem citar o nome do presidente Jair Bolsonaro, a nota diz ser “obrigação” resolver questões partidárias no diálogo “especialmente aos que exercem os mais altos cargos da República”.

Entenda : As suspeitas de candidaturas laranjas do PSL, investigadas pela PF

Na última sexta-feira, Jair Bolsonaro, seu filho Flávio, que é senador, e mais 20 deputados assinaram um documento pedindo ao presidente da sigla, deputado Luciano Bivar, que abra todas as contas partidárias dos últimos cinco anos. No documento dirigido a Bivar, os advogados Karina Kufa e Admar Gonzaga, ex-minisitro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmam que submeterão as contas do PSL a uma auditoria “externa” e “independente”. O texto chama de “precárias” as prestações de contas do partido e diz que “a contumaz conduta pode ser interpretada como expediente para dificultar a análise e camuflar irregularidades”.