Por G1 — Região dos Lagos


Novas denúncias de humilhação de professores em sala de aula surgem pelo país

Novas denúncias de humilhação de professores em sala de aula surgem pelo país

As atitudes de alunos em uma escola de Rio das Ostras, no interior do Rio, e de outra no município de Camanducaia, no Sul de Minas, reacenderam a discussão sobre a violência em sala de aula no Brasil. Os dois flagrantes de agressão registrados contra dois professores com o mesmo nome viralizaram durante a semana.

No estado do Rio, o professor de português Thiago dos Santos Conceição, de 31 anos, do Ciep Municipal Mestre Marçal, foi humilhado e ofendido por alunos, nesta terça-feira (18). Um dos adolescentes chega a arremessar um objeto na direção do professor quando ele escrevia no quadro. As imagens mostram ainda que um dos jovens chega a empurrar o professor exigindo que a porta ficasse aberta.

"Todos os dias nós estamos sendo violentados. A falta de respeito, o abuso. Eles não têm respeito pela autoridade", revelou Thiago, que está com medo de voltar a dar aulas.

Professor agredido RJ — Foto: Reprodução/TV Globo

A escola convocou os pais de alunos para uma reunião. A filha do Flávio não estava envolvida na confusão, mas ele compareceu.

"Eu acho que a educação em casa começa errada. Se você começou com uma boa educação, você vai ter uma boa educação lá na frente. Se você não tem a boa educação, você vai fazer o que você fez aí".

O aluno que comeu a prova e ainda jogou uma calça em direção ao professor foi suspenso. Ele gravou um vídeo pedindo desculpas. "Vacilei. Reconheço o meu erro".

O professor de matemática Tiago Assis Silva foi agredido por dois estudantes em Minas — Foto: Reprodução/TV Globo

Em Minas Gerais, o professor de matemática Tiago Assis Silva, de 25 anos, da Escola Estadual Doutor Moreira Brandão, foi agredido por dois estudantes também dentro da sala de aula. Na gravação é possível ver aluno e professor em uma luta corporal no chão, na frente de uma turma do 7º ano.

De acordo com ele, os alunos jogaram uma bola várias vezes na lousa, que acabou apagando a matéria e apesar dos pedidos não queriam parar. O caso aconteceu em agosto, mas as imagens só foram divulgadas agora.

"Eu caí, bati as costas na cadeira. Estou com dor nas costas até hoje. Me chutaram, pisaram no meu rosto. Pisou no meu rosto. Até mesmo falta de educação mesmo", disse Tiago, que registrou boletim de ocorrência na polícia.

Em ambos os casos, a violência contra os professores repercutiu e alertou para que ações socioeducativas sejam colocadas em práticas, como afirma a presidente-executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz.

"Essa é a falência de uma sociedade que não valoriza a educação, não valoriza o professor e naturalizou a violência. Naturalizou o fato de um aluno poder agredir o seu próprio professor. O que a gente precisa é o contrário. Precisamos de uma cultura de paz, de tolerância, de respeito à diversidade, de uma escola que promove uma série de aprendizagens e de competências para preparar essa criança, esse jovem para a vida. Precisamos de paz e não de mais violência", explica.

A reflexão sobre tais episódios demonstra que os educadores, cada vez mais desvalorizados, diz educadora — Foto: Reprodução/TV Globo

Ainda segundo Priscila, a reflexão sobre tais episódios demonstra que os educadores, cada vez mais desvalorizados, precisam de apoio, inclusive, da instituição em que trabalham.

"O professor tem que circunscrever a sua ação à escola. Não é papel do professor chamar a polícia. Então, o que ele tem que fazer é se apoiar na coletividade da própria escola, da direção, de uma ajuda de um psicopedagogo. Isso é muito importante para que, tanto o professor quanto o próprio aluno, tenham apoio para entender o que gera essa violência, porque se chegou a esse ponto, para que esses casos não se repitam no futuro", concluiu a presidente-executiva.

O Ministério Público e a polícia investigam os casos de agressão nas duas cidades.

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